Stellantis terá centro de economia circular para reciclar veículos e peças

Companhia aposta na lucratividade do novo negócio para acelerar descarbonização e gerar € 2 bilhões em receitas
Stellantis terá centro de economia circular para reciclar veículos e peças

Por Giovanna Riato

A Stellantis confirmou na quinta-feira, 23, que vai construir um centro de economia circular no Brasil como parte da frente de negócios Sustainera. A estrutura será dedicada a recondicionar carros e peças, além de desmanchar e reciclar os componentes e automóveis que precisam sair de circulação, reaproveitando materiais. 

Carlos Tavares, CEO global da companhia, falou a respeito durante coletiva de imprensa para a inauguração do primeiro empreendimento do gênero da companhia no mundo, em Turim, na Itália. O projeto recebeu € 40 milhões em investimentos.

“Ainda é cedo definir quando nem em qual região do Brasil vamos instalar o centro de economia circular. Queremos usar o que vamos aprender com a operação italiana e replicar em outras regiões do mundo”, disse o executivo. Segundo ele, depois da Europa, a América do Norte deve ser o segundo continente a receber um hub do gênero. O Brasil deve abrigar o terceiro centro, seguido de um quarto empreendimento de economia circular na região da África e Oriente Médio.

Economia circular deve receber parte de novo investimento

O empreendimento deve receber parte do grande investimento que a Stellantis promete para o Brasil nos próximos anos. Em setembro do ano passado, durante o #ABX22 – Automotive Business Experience, o então líder local da companhia, Antonio Filosa, apontou que o grupo deve aportar um montante no país que vai superar o aporte, somado, de todas as montadoras concorrentes. A empresa está próxima de encerrar um ciclo de R$ 16,2 bilhões que começou em 2018.


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Ainda em outubro do ano passado, a Stellantis foi a primeira fabricante de veículos leves a anunciar os primeiros passos no Brasil de uma operação de economia circular, com remanufatura de peças e distribuição para mil concessionárias.

Tavares diz estar ciente que, apesar da necessidade de aprender com a experiência do hub italiano, a Sustainera trará desafios particulares em cada região, dependendo da maneira como o consumidor usa o veículo, faz manutenção e, claro, das condições logísticas de cada país, já que a economia circular tem esse como um aspecto ainda mais estratégico.

Stellantis vai recondicionar e certificar seus carros usados

Segundo o executivo, o novo empreendimento abarca 15 modelos de negócio diferentes. Isso porque reciclar uma bateria é muito diferente de fazer o mesmo com um motor, por exemplo. Entre as atividades que o centro inaugurado na Itália fará está o recondicionamento de veículos usados, que depois poderão ser vendidos com a certificação da própria fabricante.

No país europeu, esses veículos poderão ser vendidos de forma direta pela montadora. Ainda assim, Tavares enfatiza que a rede de concessionárias da marca segue relevante no negócio de economia circular. Em primeiro lugar, é por meio das revendas que a companhia fará a logística reversa de carros e componentes que precisam ser reciclados, destaca.

Além disso, as lojas passarão a contar com as peças remanufaturadas para oferecer aos clientes, garantindo preço mais acessível. “Nós ganhamos com o negócio, reduzimos o nosso impacto ambiental e as concessionárias se beneficiam da possibilidade de oferecer aos consumidores uma nova opção”, diz.

Economia circular vai contribuir para que carros elétricos que sejam lucrativos

O CEO da Stellantis apontou que o negócio de economia circular é passo fundamental para que a companhia cumpra a meta de alcançar neutralidade de carbono em 2038 (o prazo mais ambicioso entre as montadoras). Mas o potencial do novo negócio não para por aí: há oportunidade de gerar lucro e, ainda, de tornar os carros elétricos viáveis, com preços menores.

“Hoje, sem incentivos governamentais, a demanda por veículos elétricos cai porque a tecnologia é cara. Ao reciclar, reduzimos os custos com novos materiais para esses automóveis e tornamos os preços mais acessíveis”, diz.

Segundo Tavares, na dinâmica atual, a tabela dos carros eletrificados acaba indexada aos preços das commodities necessárias à sua construção. A reciclagem de veículos e peças permitirá reduzir essa volatilidade, aponta.

“Pelo nosso DNA, não entramos em novos negócios que não sejam lucrativos. É assim que garantimos a sustentabilidade da companhia e também das comunidades em que atuamos”, aponta. Nessa toada, o plano da empresa é que a nova frente engorde o faturamento do grupo ao acrescentar € 2 bilhões em receitas até 2030.

Fonte: Automotive Business

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