Termômetro do varejo: lojas enfrentam falta de peças e redução do pessoal

Varejistas fazem balanço do primeiro mês do ano. Para alguns foi muito bom, mas para outros nem tanto (Por Karin Fuchs)
Termômetro do varejo: lojas enfrentam falta de peças e redução do pessoal

Nas cinco regiões do País, os varejistas fazem um balanço do primeiro mês do ano. Para alguns foi muito bom e com crescimento de dois dígitos. Para outros nem tanto, principalmente pela variante Ômicron ter deixado muitos funcionários afastados, como foi o caso da Peçauto Autopeças, no Paraná.

Peçauto Autopeças, no Paraná

“Na nossa região teve muito contágio com a variante Ômicron e muitas oficinas pararam. Chegamos a ter 22 funcionários afastados, o que comprometeu o nosso atendimento. Janeiro não foi um mês bom para nós, mas fevereiro começou melhor, estávamos meio apreensivos pelo que iria acontecer, mas como os fatores que nos prejudicaram em janeiro estão sendo sanados, a expectativa é boa”, afirma César Kuroshi.

Sobre a falta de peças, Kuroshi conta que o problema diminuiu, mas continua. “Para minimizá-lo buscamos novos fornecedores”, diz. A respeito das expectativas, ele prefere não fazê-las. “Tem tudo para melhorar, se os políticos não estragarem, ainda mais por ser um ano eleitoral. Eu prefiro não ficar pensando nisso, pois se no Brasil ficarmos pensando o que vai acontecer daqui a dois ou três meses, a gente acaba não fazendo nada. Tem que viver o dia a dia sem pensar muito no que vai acontecer adiante para a engrenagem andar”.

Novas oportunidades

Na Total Peças e Acessórios, em Campo Grande (MS), André Figueiredo destaca que os resultados foram ótimos em janeiro, graças à estratégia que eles adotaram. “Uma grande oportunidade foi o benefício da dúvida, quando isso acontece, tem o lado negativo em que o cliente fica receoso em gastar, mas também pode ter o positivo, e nós usamos as nossas estratégias para este lado, oferecemos produtos com preços mais competitivos e o cliente se sentiu à vontade para gastar e investir no seu veículo. Nós geramos oportunidades”.

André Figueiredo, da Total Peças e Acessórios

Para isso, eles também abriram um leque para novos fornecedores. “Com a falta de peças em 2020 e em 2021, houve grandes oportunidades para novas indústrias e empresas, e começamos a oferecer novas marcas e produtos para os clientes, que eram tão bons quanto as mais famosas e com preços extremamente competitivos, e novas promoções. Isso trouxe qualidade para o consumidor e benefício para o lojista, que tem um portfólio maior para oferecer. Eu minimizei a quase nada a falta de peças”.

Como resultado, Figueiredo informa que eles conquistaram novos clientes. “Nós fidelizamos novos clientes em janeiro, algo que não vinha acontecendo no começo do ano, mas sempre no mês de dezembro. Mas isso aconteceu também em janeiro e eu estou muito feliz. Já estamos colhendo resultados neste mês e acredito que vamos arrebentar a boca do balão neste ano”.

Marcas alternativas

Mário Vito Domingues Cainé, gerente Geral da Koga-Koga Autopeças

Na Koga-Koga Autopeças, assim como na Total, a alternativa também foi buscar novas marcas para reverter a falta de peças. “O principal desafio em janeiro foi lidar com a falta de peças e com a queda de poder aquisitivo dos clientes. Por outro lado, a oportunidade foi ofertar marcas alternativas aos clientes. Em janeiro, nós tivemos um crescimento satisfatório de 11%”, conta o gerente Geral, Mário Vito Domingues Cainé.

Ainda sobre falta de peças, Cainé conta que a falta persiste. “Acreditamos que perdemos 21% de vendas por problemas de faltas. O problema está sendo amenizado através do aumento dos estoques de segurança”. Para este mês de janeiro, ele diz que a expectativa é de um crescimento na média diária de vendas em relação a janeiro/21.

Atendimento

Kleybson Lucena, da Lucena Auto Service, em Recife (PE), comenta que apesar do crescimento de dois dígitos em janeiro, ele ainda está abaixo do resultado de 2020. “Nós tivemos um crescimento de 10% comparado com 2021, entretanto, se compararmos com 2020, ele ficou abaixo em 5%. Mas, temos que comemorar, mediante o cenário epidêmico que estamos vivendo, consideramos que os resultados foram mais que o esperado”.

Kleybson Lucena, da Lucena Auto Service, em Recife (PE)

Assim como na Peçauto, ele também enfrentou a questão da redução da equipe. “Esse foi o principal desafio em janeiro, ter que conviver diariamente com os altos índices de falta dos colaboradores. Em apenas um dia, ficamos com cinco pessoas a menos na equipe”. Para ele, a grande oportunidade está na qualidade do atendimento ao cliente. “Não perdê-lo, fidelizá-lo, fazer uma boa negociação, oferecer benefícios, facilitar no pagamento e criar um excelente relacionamento comercial com cliente”.

Eles também enfrentam problemas de abastecimento. “A solução tem sido trazer de outros estados pra atender a demanda local. Três em dez peças cotadas estão em falta”. Mesmo com os percalços, Lucena está otimista. “As perspectivas são boas para este mês e com crescimento, pois como não vamos ter Carnaval, isso proporciona ao cliente economizar e investir na manutenção do seu veículo”.

Fornecedores locais

Em Manaus (AM), Edmilson Begatti, da Norte Auto Peças, também conta que o grande desafio em janeiro foi a Covid. “Foram vários funcionários doentes e o medo de voltar a fechar o comércio como aconteceu em 2020 e em 2021. Janeiro não foi tão bom em termos de vendas e tivemos queda”.

Edmilson Begatti, da Norte Auto Peças

Begatti informa que a falta de peças ainda persiste. “Temos pedidos nas fábricas em fila de espera, desde agosto do ano passado. A opção pra minimizar é que estamos recorrendo alguns distribuidores locais. A principal oportunidade é para as autopeças que têm seu estoque alto e não perderam vendas por falta de peças”.

Para finalizar, ele prevê que os negócios melhorarão a partir de março. “Neste mês de fevereiro não temos muita coisa a melhorar, ainda chove muito e é um mês mais curto. Acredito que a partir de março em diante será melhor”.

Fonte: Balcão Automotivo

Programa EMPRESA AMIGO DO VAREJO