Mercado terá de definir uma bandeira

Com nova configuração de oferta e demanda, o mercado mudou, saiu da zona de conforto e foi convidado a atualizar o mindset (Por Claudio Milan claudio@novomeio.com.br)
Mercado terá de definir uma bandeira

O que não falta ao mercado independente de manutenção veicular é um cardápio de causas legítimas a serem defendidas. Direto à reparação, revisão da substituição tributária, combate ao comércio ilegal nas plataformas eletrônicas e implantação da inspeção técnica veicular são apenas algumas destas causas que surgem quase que por inércia nos debates. Mas há muitas outras. Hoje, com uma nova configuração de oferta e demanda no setor, o mercado mudou, saiu da zona de conforto e foi convidado a atualizar o mindset. As reclamações, recorrentes em todos os elos do trade, não trarão as respostas que o momento cobra e mercado precisa. Cientes de que é impossível ocupar todas as frentes de batalha que configuram as demandas do aftermarket automotivo, as entidades que elaboram a política setorial da reposição terão de eleger uma causa – uma “bandeira” – para defender no primeiro momento.

Esta definição provavelmente ocorrerá em agosto, em reunião que precederá a abertura da Autop 2022, em Fortaleza (CE), quando as lideranças das entidades que representam todos os elos da reposição independente pretendem bater o martelo e anunciar o novo momento de união do setor. Em sua apresentação no Sincopeças-SP, Luiz Sergio Alvarenga, da Alvarenga Projetos Automotivos. citou como exemplo a bandeira adotada pela entidade europeia CLEPA – European Association of Automotive Suppliers (Associação Europeia de Fornecedores Automotivos). “Lá eles estão questionando a deliberação do Parlamento Europeu sobre a proibição da venda de veículos com motores de combustão a partir de 2035. A entidade produz documentos com informações concretas para respaldar suas argumentações – como os empregos envolvidos – e têm representatividade nos círculos do poder. Coisa que não existe no Brasil”.

A nova fase que as lideranças do mercado pretendem anunciar em agosto buscará garantir que as demandas do mercado sejam ouvidas em Brasília. “Temos que ter um caminho com parlamentares no Congresso, como ocorre lá fora. É revoltante o que o Estado brasileiro faz com um setor como esse. Pode ser, em parte, falha nossa? Pode. Mas há uma coisa estranha lá de desacreditação e menosprezo com um setor de tanta importância e tanto investimento no cenário nacional. Isso ocorreu com as políticas automotivas, como o InovarAuto e o Rota 2030, que tratam basicamente de produção e não de pós-venda. O mercado de reposição não está no Rota 2030. O poder público não conhece a reposição, não sabe como funciona”. Mostrar às autoridades o valor e a importância do mercado independente será um dos desafios que a união que está sendo formatada terá de enfrentar. “A gente tem que se organizar, documentar, criar um bom anteparo oratório por escrito, eleger os parlamentares adequados e entrar no jogo. Uma das diferenças entre nós e o canal original é que ele é técnico e cerca por ali, não tem a questão comercial. Nós somos 90% comerciais na reposição. Nós temos que mudar o drive do pensamento, estamos reclamando muito das dores do passado, mas precisamos plantar garantias para minimizar os riscos do futuro, porque o que vem pela frente tira a gente do jogo. O jogo da conectividade é alucinante. Você não tem mais uma tomada de OBD no carro, vamos morrer na mão de alguém que vai dar a diretriz do negócio. Essas questões têm de sensibilizar um parlamentar, mas para chegar nisso é preciso ter essência, fundamentos, se não ele vai achar que o setor é uma bagunça”.

Fonte: Novo Varejo

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