Lideranças femininas inspiram empresárias no 3° Liberdade para Empreender

Evento promovido pelo CMEC reuniu empreendedoras de todo o país para uma troca de experiências em busca de oportunidades para o crescimento de seus negócios (Por Mariana Missiaggia)
Lideranças femininas inspiram empresárias no 3° Liberdade para Empreender
Ana Claudia Badra Cotait, presidente do CMEC

Histórias reais e bem sucedidas de mulheres empreendedoras pautaram o 3º Encontro Liberdade para Empreender, do Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).

Durante o encontro, que aconteceu na última terça-feira, 22/11, na sede da Fecomercio, em São Paulo, e reuniu mais de 800 empresárias, a presidente do CMEC, Ana Claudia Badra Cotait, mediou painéis com diversas personalidades e lideranças femininas que se destacam no mundo dos negócios.

Gestão e crédito sustentável; independência financeira; marketing digital; mulheres que inspiram; de startups a unicórnios; mulheres no agronegócio e inteligência emocional foram alguns dos assuntos discutidos em mais de dez horas de conteúdo.

“São histórias que nos movem e que precisamos conhecer, ao longo do nosso caminho, para nos inspirarmos. Para isso, o CMEC está estruturado em apoiar, capacitar e melhorar o ambiente de negócios para as empreendedoras”, disse Ana Claudia, que também faz parte do Comitê de Empreendedorismo Feminino do Ministério da Economia e do Conselho do Fórum Nacional da Mulher Empresária da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Com representantes de variados setores, a advogada Renata Abalém falou da importância da reconstrução, principalmente para mulheres que, assim como ela, passaram por um casamento conturbado, se divorciaram e precisaram recomeçar.

Representando o agronegócio, a presidente do Instituto Cultivar Progresso, Anna Sanders, falou de sua mudança do Sul do país para o Piauí, onde levou capacitação e conhecimento aos profissionais que vivem ali.

À medida que sua atuação com algodão, soja e milho ia se desenvolvendo, Anna contou que seus funcionários e outros moradores locais também tiveram a oportunidade de evoluir por meio do acesso à educação.

“É uma história de muita dedicação e empenho para agregar valor aos nossos produtos, mas também acolher nosso colaborador, com aulas de alfabetização, e transformar nossa mão de obra”.

Na ocasião, algumas convidadas também foram homenageadas, como a empresária e terapeuta corporal Renata França, que recebeu o prêmio Tarsila do Amaral na categoria Saúde e Beleza. O prêmio é um reconhecimento a mulheres que inspiram e influenciam com sua jornada no empreendedorismo.

HISTÓRIA E INSPIRAÇÃO

Em um dos momentos mais aguardados pelo público, a dentista e empresária Carla Sarni, CEO do Grupo Salus, compartilhou parte de sua história.

“Aprendi a vender ainda criança, na sala da minha casa. Minha mãe era cabeleireira e montou um salão de beleza ali mesmo. Todas que batiam à nossa porta saiam de lá atendidas, mesmo que fosse tarde da noite”, relembra.

Hoje, gestora de um ecossistema com 11 marcas, como a Sorridents, rede odontológica, e GIOlaser, rede de clínicas de depilação, Carla quer chegar a marca de 3 mil unidades de franquias até 2025.

Formada em odontologia pela Unifenas, em Alfenas (MG), Carla criou a primeira unidade da Sorridents em cima de uma padaria e, por anos, reinvestiu os ganhos que tinha na própria empresa – sempre trabalhando aos sábados e domingos e atendendo em horário estendido -, totalmente na contramão do mercado tradicional de dentistas.

“As pessoas me perguntavam se eu não ia comprar um carro e eu respondia que indo de lotação, eu conhecia mais clientes”.

COMO TUDO COMEÇOU

Após se formar, em 1995, a dentista se mudou para a casa de um tio em São Paulo e trabalhou durante 20 dias em uma clínica voltada para atender as classes C e D. Ali, entendeu que o tratamento de dentes para as classes de baixa renda no país precisava de maior profissionalização.

Contratada como dentista única de um consultório em cima de uma padaria, na Vila Cisper, Zona Leste de São Paulo, Carla percebeu que além de oferecer qualidade e segurança, atender em horários diferenciados fazia total sentido para sua clientela.

Após seis meses no local, agendar uma consulta com ela já ultrapassava a espera de um ano. Foi assim que decidiu comprar o consultório e criar a primeira unidade da Sorridents. Comprou o ponto por R$ 12 mil – com R$ 2 mil de entrada, parcelou o restante em dez vezes de R$ 1 mil.

Atendendo de segunda a segunda até 22h30, Carla quitou a dívida em três meses. Cinco anos depois, a expansão da Sorridents veio com o apoio do marido – R$ 500 mil em empréstimos para construir uma nova clínica de três andares, voltada para atendimento da classe C, por meio de um cartão de crédito próprio. Assim, os clientes parcelavam seus tratamentos em até 12 vezes sem juros.

Com 23 unidades próprias pela capital, a expansão ganhou força em 2005 ao se tornar uma rede de franquias. Pouco tempo depois, em 2009, a expansão saiu do controle com 98 unidades franqueadas. Afundada em uma dívida de R$ 23 milhões, Carla estava decidida a vender a marca para a concorrência, quando foi salva por uma ajuda de Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza e hoje amiga da dentista.

Elas se conheceram em 2010, quando Luiza fazia parte da mesa de jurados do prêmio Jovem Liderança, que naquele ano premiou Carla Sarni.

“Ela sentiu que eu não queria vender e ligou para um presidente de um banco que me emprestou os R$ 23 milhões, sem garantia, para pagar em até cinco anos”.

Desde então, a rede só cresceu, adquiriu novas marcas e ganhou novos braços de saúde e bem-estar, se tornando o Grupo Salus, que têm como franqueados, por exemplo, a ex-presidente da marca de vestuário Dudalina Sônia Hess.

Mais de 60% da rede são multifranqueados, com mais de três unidades cada. Hoje, Carla diz receber em média 800 pedidos para abertura de franquias por mês e estar focada em preservar a verticalização de seu negócio, ou seja, centralizada em toda a cadeia de produção desde a matéria-prima até a distribuição de equipamentos e produtos.

Fonte: Diário do Comércio – Imagem: ACSP/divulgação

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