Julho tem 2° maior número de lojas fechadas no ABC desde o início da pandemia

Segundo a Junta Comercial 4.227 comércios encerraram as atividades desde o início da pandemia, mas no período novas empresas foram abertas (Foto: Banco de dados)
Julho tem 2° maior número de lojas fechadas no ABC desde o início da pandemia

Julho foi o segundo pior mês em número de estabelecimentos comerciais fechados no ABC, desde o início da pandemia da covid-19, em março de 2020. Segundo a Junta Comercial de São Paulo (Jucesp), nas sete cidades 159 varejistas e mais 34 atacadistas encerraram as atividades no mês passado. Somente em agosto de 2020 a região tinha registrado um número tão ruim, com 160 varejos e 34 atacadistas fechados. O número oficial é, no entanto, menor do que o real, pois muitas empresas não conseguiram encerrar o CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) por problema financeiro.

Muitos salões comerciais também fecharam as portas, porque os empresários passaram a trabalhar com vendas online. É o caso de Michele Aquino de Castro, do Espaço da Imaginação MDF, que fechou a loja física em Ribeirão Pires após 13 anos. Diante da queda nas vendas, Michele aproveitou as redes sociais e a carteira de clientes e passou a vender pela internet. Em casa, apenas recebe os clientes na retirada das mercadorias. “Comecei em 2019 e investi em uma área que não tinha aqui em Ribeirão Pires, que são os produtos de MDF, procurei oferecer preço justo, qualidade e passei a ser reconhecida na cidade”, explica a empreendedora sobre o início da loja virtual.

Fonte: Junta Comercial

Michele disse, porém que não foi 2020, o primeiro ano da pandemia, que a crise chegou à loja. Diz que em 2020, com as pessoas em casa e muitos estabelecimentos fechados, foi a opção para muita gente, vendeu muito bem, foi o melhor ano, fechou positivo. “Mas aí em 2021 tudo começou a ir por água abaixo; as vendas caíram a minha reserva se foi e tudo ficou muito caro. Na verdade era para ter fechado as portas em agosto de 2021, mas a gente sempre acredita que vai melhorar então eu insisti e aí chegou 2022, passaram janeiro, fevereiro, maio e no Dia das Mães foi tão fraco que naquele mês eu decidi fechar e trouxe todo o estoque para a minha casa. Hoje trabalho com um estoque menor, as pessoas entram em contato comigo, reservam o produto e vêm buscar aqui em casa. Não fecho o mesmo número de vendas que eu gostaria, mas tenho cerca de R$ 5 mil a menos de gasto, que é o que eu gastava para manter a loja aberta”, relata.

Michele fechou loja física e passou a vender pela internet (Foto: Rede Social)

A comerciante também mudou o plano de vida. Antes de ter a loja trabalhava como técnica de enfermagem e o comércio era seu sonho para sair da vida de longos plantões e da pressão do trabalho no setor de saúde, além de ter uma renda melhor. Agora, com o fechamento da loja física, Michele pretende retomar a profissão e ter o negócio com MDF uma segunda renda. “Me dediquei tanto e de repente puff, estou procurando emprego”, lamenta.

De março de 2020 a julho deste ano 4.227 lojas encerraram as atividades, sendo 731 do comércio atacadista e 3.496 varejista, de acordo com a Junta Comercial. Mas apesar do fechamento de lojas em julho, por muito pouco não ser o mais alto da pandemia, no geral, a região teve no saldo positivo considerado todo o período pandêmico, ou seja, mais empresas abertas do que fechadas. No saldo líquido (subtração dos números de constituições pelos de baixa), o ABC apresentou resultado positivo no comércio atacadista, com 1.014 empresas abertas, e 3.747 no comércio varejista.

Segundo Pedro Cia, presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), os números que as prefeituras e a Junta Comercial dispõem sobre o fechamento do comércio não batem. “As prefeituras têm um número, a Junta tem outro, temos feito pesquisas para diagnosticar os gargalos, assim, sem um número para nos apoiar fica difícil. Notamos que muitos comerciantes mudaram de atividade, passaram a atuar com delivery e fecharam a loja física. Tem muitas empresas que fecharam as portas, mas ainda estão ativas na Junta Comercial porque não conseguem encerrar”, analisa.

Segundo o presidente da Aciam (Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Mauá), José Eduardo Zago, o panorama é de recuperação entre os comerciantes associados. “Perdemos uma parte dos nossos associados e ganhamos outros. Perdemos cerca de 20%, mas que foi compensada pela entrada de outros inclusive suplantando isso”, avalia.

Prefeituras

Os números das prefeituras são muito superiores aos apresentados pela Junta Comercial. Ribeirão Pires teve 158 estabelecimentos comerciais fechados durante a pandemia. Em nota, o município informa que tem lei de incentivo fiscal para as empresas e comércio e que participa da elaboração da carta compromisso para a criação do fórum da indústria do ABC, através do Consórcio Intermunicipal. “O município tem o objetivo de manutenção de emprego e renda, o fortalecimento da economia criativa, estímulo e atividade produtiva para quem vive da cultura. A expectativa é gerar mais empregos em diferentes seguimentos e funções.

Diadema se apega aos dados positivos do saldo entre empresas abertas e fechadas na pandemia, informados pela Jucesp. De janeiro de 2020 até junho 2022 foram constituídas 2.503 empresas e 899 encerradas, saldo positivo de 1.604. Foram perdidos cerca de 1.250 postos logo no início da pandemia, mas hoje tem um saldo positivo de 1.000 postos a mais do que no início da pandemia. A cidade investe em qualificação de mão de obra através do Sebrae (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa) e Fundação Florestan Fernandes, além da articulação regional pelo Consórcio Intermunicipal com lançamento dos cursos na modalidade Travessia, nos momentos mais críticos da pandemia.

São Bernardo comentou apenas sobre os dados de janeiro a junho de 2022. Foram abertas 12.754 empresas no município e fechadas 5.211. “A administração incentiva o desenvolvimento de empreendedores, por meio da oferta de mais de 500 vagas de qualificação e de gestão dos negócios em parceria com e Sebrae, através da Sala do Empreendedor, além da oferta de crédito através do Banco do Povo Municipal. São Bernardo também mantém há cinco anos o programa Qualifica Mais SBC que oferece esse ano mais de 1.200 vagas de qualificação. Em parceria com o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), já foram ofertadas quase 4 mil vagas de formação. São Bernardo ficou no topo da lista de criação de postos de trabalho no ABC no primeiro semestre de 2022, de acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O município acumula o saldo de 7.019 vagas formais de emprego com carteira assinada entre janeiro e junho.

Em Santo André, uma das principais iniciativas de apoio aos empreendedores é o Circuito Andreense de Empreendedorismo. O projeto leva as consultorias do Sebrae, atendimento de questões fiscais e de formalização da Sala do Empreendedor, microcrédito produtivo do Banco do Povo, oportunidade de qualificação empreendedora da Escola de Ouro, palestras de gestão e empreendedorismo e apoio para contratação. O circuito já realizou, somente no primeiro semestre deste ano 10 ações com mais de 600 beneficiados. Também oferece os Serviços da Sala do Empreendedor, que dão apoio na formalização e operação das atividades do pequeno empresário, com mais de 7.200 atendimentos, o que gerou mais de 1.700 empresas formalizadas. Além disso, por meio do Banco do Povo já foram liberados mais de R$ 800 mil em microcrédito produtivo para os micro e pequenos empreendedores.

Em São Caetano, segundo o Caged no primeiro ano de pandemia, a geração de empregos no setor do comércio ficou perto de zero, mas ainda assim foi o melhor número dentre as atividades econômicas com saldo positivo de 85 contratações. No ano passado, o comércio também foi bem e o segundo em contratações, com saldo de 1.403 vagas, atrás apenas da construção civil. Já neste ano, até junho o saldo de contratações no comércio ficou negativo em 177 vagas. Para qualificar os munícipes, tem parcerias com a Fundação das Artes, Geração Crescer e USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), que oferecem cursos para qualificação profissional, além de parceria com o Sebrae de cursos para empreendedores MEI. Além dos cursos de capacitação, a cidade tem 573 vagas de emprego no Portal Do Emprego.

Fonte: Repórter Diário

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