Falta de motos ainda gera filas de espera de até 4 meses

Falta de motos ainda gera filas de espera de até 4 meses

Produção irregular até maio não conseguiu acabar com o problema, que se estenderá pelo segundo semestre (MÁRIO CURCIO, PARA AB)

Espera por uma Honda Biz pode levar até 120 dias, um mês a mais que para linha CG 160

Apesar do empenho das fábricas de motos em Manaus (AM) nos meses mais recentes, sobretudo em março e abril, a produção no acumulado do ano não foi suficiente para acabar com as filas de espera. Uma pesquisa com concessionárias da Grande São Paulo e do interior mostra que essa demora ainda pode chegar a 120 dias, dependendo do modelo e cor.

O problema começou em 2020 como consequência da paralisação da Honda por cerca de 60 dias e da Yamaha por 30 dias. A escassez de produtos atingiu consorciados e também aqueles que procuravam uma nova moto para os serviços de entrega, que cresceram com a pandemia de Covid-19.

Em janeiro de 2021 a Honda voltou a interromper a produção e em maio foi a vez da Yamaha. O problema vai se estender pelo segundo semestre por causa das férias coletivas das fábricas, programadas para julho (leia aqui).

A reportagem de Automotive Business realizou ligações telefônicas identificando-se como consumidor comum e descobriu que outros modelos além da Honda CG 160 (moto mais vendida do País) estão demorando a chegar. “A Biz tem fila de espera de quatro meses”, afirma o vendedor Renan, da concessionária Sperta de Birigui (SP).

Na revenda Nova Radar de Osasco (SP), o vendedor Cláudio afirma que nem mesmo tem previsão de chegada para o modelo. Na Remaza, da capital paulista, a vendedora Janaína afirma que tanto a linha Biz como a Pop estariam demorando de 90 a 120 dias para chegar.

Na Sport Motor de Rio Claro (SP), a vendedora Mirelli dá uma previsão um pouco mais otimista para a Biz, mas recorda que cores mais procuradas como branca e prata levam até 90 dias para chegar.

FILA VARIA CONFORME A COR DA MOTO
No caso da linha CG 160, a moto preferida pelos entregadores, a pesquisa revelou espera mínima de 40 e máxima de 90 dias. Esse tempo oscila conforme a revenda, versão ou cor e com alguma sorte e muita pesquisa é possível encontrar algumas unidades com menor espera: “Tenho uma CG 160 Cargo chegando no dia 20”, garante Fernando, da Japauto.

Normalmente, o que se ouve dos vendedores é a expressão “Tenho aqui na minha tela uma moto tal da cor tal.” Em regra, essa moto “na tela” não é um produto em estoque no fundo da loja, mas sim a caminho de Manaus (AM) para São Paulo, um frete que leva cerca de 15 dias. Automotive Business procurou a Associação dos revendedores, a Assohonda, para entender melhor a extensão do problema, mas não houve resposta.

Em abril a Honda havia produzido 95 mil motos e este número recuou em maio para 83,1 mil (-12,5%), apesar de suas revendas ainda estarem desabastecidas. A fabricante deu uma explicação vaga para o problema, alegando que não houve falta de peças ou dias parados e que a variação de produção pode ocorrer em razão de fatores como mix de produtos ou “alocação de recursos produtivos”.

Esse descompasso entre a demanda e a oferta nas revendas aparece em números. De abril para maio os emplacamentos totais saltaram de 94,7 mil para 110,4 mil unidades. Já as vendas no atacado (das fábricas para as concessionárias) caíram neste mesmo período de 108,8 mil para 99,7 mil.

A falta de produtos também atinge a rede Yamaha, sobretudo os scooters NMax 160 e XMax 250. “A maior demora ocorre mesmo para esses modelos, especialmente pela falta de componentes vindos da Ásia”, afirma Odair Donatti Júnior”, diretor da Abracy, associação que reúne os concessionários da vice-líder de mercado.

Segundo o vendedor Agnaldo, da Feltrin Motos, são cerca de 60 dias até a chegada de um NMax. E de acordo com Marcos, da Nacar, a espera pelas motos urbanas Fazer 150 e Factor 150 (concorrentes das Honda CG) é de 30 a 40 dias. Também na rede Yamaha, a pesquisa e o fator sorte podem ajudar a encontrar algumas unidades com menor espera, em regra mediante um sinal de R$ 1 mil.

Fonte: Automotive Business

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