Como as pistas de corrida viram laboratório para tecnologias que estarão no seu carro

Schaeffler aproveita condições extremas do automobilismo para desenvolver componentes e avaliar novas soluções – inclusive em eletrificação (Vitor Matsubara)
Como as pistas de corrida viram laboratório para tecnologias que estarão no seu carro
Schaeffler é parceira tecnológica da DTM na eletrificação da categoria

Faz tempo que as corridas de carro não existem apenas para entreter as pessoas. O automobilismo é um laboratório perfeito para o desenvolvimento de tecnologias que logo estarão na sua garagem.

Vários sistemas foram projetados e aprimorados nas pistas antes de chegarem às ruas. Alguns bons exemplos são o controle de tração, os paddle shifts (aletas atrás do volante para realizar trocas de marcha sequenciais) e até o volante multifuncional.

A Schaeffler é uma das empresas que mais aproveitam o know-how das pistas para testar novos produtos de diversos tipos e aplicações.

“Nós sabemos que os veículos são submetidos a condições de uso extremo nas pistas, então usamos as competições para desenvolver e aprimorar componentes”, afirma Claudio Castro, diretor executivo de pesquisa e desenvolvimento da Schaeffler América do Sul. 

De rolamentos ao sistema de direção

Entre as peças que já passaram por testes intensos nas pistas estão o comando de válvulas, componentes do sistema de direção e rolamentos.

No caso dos rolamentos, por exemplo, Claudio diz que a intenção é “trabalhar na redução de atrito, uma vez que, feito isso, o carro com menor atrito gera menos calor, acarretando em uma maior eficiência energética”.

Outro “caso de sucesso” da transição das pistas para as ruas está no desenvolvimento de tecnologias para o sistema de direção.

Em vez de adotar a tradicional barra metálica que liga a direção às rodas, os engenheiros da Schaeffler desenvolveram uma solução eletrônica que elimina processos e facilita a vida do motorista. Tudo funciona por meio de sensores instalados no volante e nas rodas, que interpretam os comandos do motorista e repassam os movimentos para o eixo. 

“O condutor pode sentir diferença nas respostas mais rápidas em relação a um veículo com barra de direção convencional. E até a montadora sai ganhando com isso, já que não precisa desenvolver um novo sistema de direção caso queira lançar um novo produto baseado na plataforma de um modelo anterior. Basta reprogramar os sensores para utilização em um modelo diferente de carro”, conta Claudio.

A novidade já está pronta para a produção em série.

Eletrificação nas pistas

Parceria com Audi é a mais bem sucedida da história da Fórmula E

A Schaeffler também está de olho na eletrificação que tomará conta da indústria automotiva (e do automobilismo) nos próximos anos. A empresa é parceira de duas das categorias mais importantes do esporte: Fórmula E e DTM.

Presente desde a etapa inaugural da Fórmula E, a Schaeffler marcou seu nome na história da primeira categoria do mundo de monopostos movidos a eletricidade.

A partir da segunda temporada, a empresa firmou uma parceria para o desenvolvimento do carro da equipe ABT, que conquistaria o título da categoria com o brasileiro Lucas di Grassi. Apesar da chegada da Audi na temporada 2017/18, a Schaeffler seguiu fornecendo os motores elétricos para o time, que foi rebatizado como Audi Sport ABT Schaeffler. Mesmo depois de seis temporadas, a equipe segue sendo a maior vencedora da Fórmula E.

Na DTM, a Schaeffler foi nomeada como parceira de inovação no desenvolvimento de um novo carro elétrico.

Schaeffler fornecerá projeto para a inédita DTM Electric a partir de 2023

De acordo com Claudio, a categoria de turismo (que é uma das mais importantes da Alemanha e da Europa) pretende realizar uma transição gradual dos motores a combustão para os movidos a eletricidade.

“Desenvolvemos um carro-conceito elétrico com muita eletrônica embarcada e realizamos testes em todas as etapas do calendário da DTM. Antes de cada prova, um piloto percorre todo o circuito em alta velocidade para realizar os testes com o veículo”, revela Claudio.

A partir de 2023, a intenção é abrir inscrições para uma nova categoria de carros de turismo elétricos chamada DTM Electric. Com isso, as equipes que quiserem participar da novidade vão usar o projeto da Schaeffler como base para desenvolverem seus carros. Ao menos em um primeiro momento, apenas alguns componentes poderão ser modificados. 

BMW tem tecnologia Schaeffler Space Drive, que comanda o carro por um joystick

A categoria, aliás, foi palco de um episódio emocionante em agosto deste ano. Janis McDavid liderou as corridas de sábado e domingo realizadas no circuito de Zolder, na Bélgica. Nascido sem os membros inferiores e superiores, o piloto fez uma pilotagem brilhante em um BMW M3 que trazia a tecnologia Schaeffler Space Drive, comandando o bólido por meio de um joystick (veja o vídeo abaixo).

Além de incentivar a inclusão no automobilismo, a ação também mostrou que a Schaeffler oferece soluções ideais para permitir que pessoas com deficiência (PcD) possam dirigir normalmente.

“Nossa intenção não é criar produtos voltados para a adaptação dos veículos para pessoas com deficiência, e sim mostrar como as tecnologias desenvolvidas pela Schaeffler facilitam esse processo de adaptação. Hoje os carros de rua são modificados de uma maneira muito artesanal, e conseguimos mostrar que, com alterações simples e fáceis de serem realizadas, a gente pode incentivar e facilitar a inclusão no automobilismo”, conclui Claudio.

Fonte: Automotive Business

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