Como a Stellantis posicionará tantos SUVs de Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot

Com a chegada do aguardado Fastback, serão 13 modelos diferentes. Descubra onde cada um se encaixará na hierarquia social da montadora (Por Leonardo Felix)
Como a Stellantis posicionará tantos SUVs de Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot

Quem poderia imaginar, lá em 2015, que a então FCA teria tantos SUVs convivendo no mercado brasileiro ao mesmo tempo. Primeiro, porque o grupo era composto só pelas marcas Fiat e subsidiárias da Chrysler (Dodge, Jeep, Ram etc.). As francesas Citroën e Peugeot, braços da PSA, entraram recentemente na jogada.

Segundo, e mais importante, porque a fabricante tinha uma estratégia totalmente distinta em relação ao segmento. Na visão do então chefão global do grupo, o saudoso Sergio Marchionne com seu jeitão italiano, quase sempre indumentado com o não menos inesquecível suéter preto, a produção e venda de SUVs no Brasil deveria ser atribuição da Jeep e apenas dela.


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Quando se falava em um possível utilitário esportivo da Fiat no país, os ânimos se exaltavam e as respostas quase sempre eram determinantes: “SUV é só Jeep. A Fiat vai seguir dedicada a produzir carros populares, hatches, sedãs e picapes”. Como se vê, o mundo gira mesmo na velocidade 5 do créu.

Depois de muita pressão de concessionários Fiat, que nem sempre tinham uma revenda Jeep dividindo o terreno e sentiam falta de SUVs no portfólio da marca italiana, a estratégia virou totalmente. Eis aí o Pulse para não me deixar mentir. Além dele, no ano que vem teremos a chegada do Fastback, um SUV cupê compacto-médio.

O Citroën C3 vai deixar de ser um hatch típico

Além disso, a própria Jeep vem incrementando seu portfólio já com três produtos nacionais (Renegade, Compass e Commander) e dois importados (Wrangler e novo Grand Cherokee, previsto para 2022). E, claro, teremos novos produtos da ala francesa do grupo, quase todos orbitando também o planeta dos utilitários esportivos.

Mas, afinal, como a Stellantis posicionará tantos SUVs juntos no mercado sem canibalizá-los? Este é o exercício que este colunista fará agora, para tentar encaixar as peças do quebra-cabeças. Vamos lá:

Novo Citroën C3

Vendido como um “hatch com atributos de SUV”, será posicionado no segmento de modelos de entrada, para brigar com o Renault Kwid reestilizado, na faixa de R$ 60 mil a R$ 80 mil. Por isso mesmo, trará o motor 1.0 Firefly aspirado 6V de origem Fiat. Talvez, apenas talvez, conte com o 1.3 Firefly (câmbio manual ou CVT) nas opções de topo. Esqueça versões turbo.

Fiat Pulse

Será o segundo degrau da escada. Seu objetivo, nas versões 1.3, será pescar clientes de Caoa Chery Tiggo 2 ou Tiggo 3X, que querem um carro mais altinho, mas não têm bala na agulha para um SUV de maior porte. Nas versões 1.0 turbo, seu alvo será o VW Nivus.

Novo Citroën C3 ou C4 Aircross 

A Citroën prepara para 2024 um sucessor do C4 Cactus. Trata-se de um SUV compacto-médio com porte similar ao do Hyundai Creta, que pode incluir uma derivação alongada, de sete lugares, para brigar com o Chevrolet Spin.

Peugeot 1008

Este é um projeto ainda em fase incipiente de desenvolvimento e que só deve ganhar nossas ruas em 2025, se é que será aprovado para nossa região. Todavia, terá porte similar ao do Fiat Pulse, mas usará a matriz CMP de origem PSA e deve ficar um pouco acima em faixa de preço. É candidato a receber o motor híbrido flex que a Stellantis vem desenvolvendo, e até a ter uma versão elétrica pouco abaixo de R$ 200 mil.

Fiat Fastback

Com lançamento previsto para meados de 2022, terá traseira inspirada no conceito homônimo do Salão do Automóvel de São Paulo de 2018, mas não espere dele um porte de Fiat Toro. Será construído sobre a plataforma MLA, do Pulse, porém um pouco mais largo e robusto, e bem mais comprido. Seu segmento é o C, compacto-médio.

Com motores 1.0 e 13 turbo da família GSE, terá como missão ser um rival direto do VW T-Cross. Assim, a marca Fiat fará marcação cerrada reversa contra a concorrente alemã: um SUV pequeno e mais convencional contra um SUV cupê (Pulse vs Nivus); um SUV cupê esticado contra um SUV convencional (Fastback vs T-Cross).

Jeep Renegade

Em 2022, aposentará o cansado motor 1.8 E.torQ e passará a ser equipado apenas com o propulsor 1.3 GSE de 185 cv, em opções com tração dianteira e câmbio automático de seis marchas ou 4×4 com nove marchas. 

Perceba que nem o 1.0 de 130 cv do Pulse estará na gama. Isso porque o Renegade terá seu status elevado para ficar acima e custar mais caro que os Fiat. Por isso mesmo, suas etiquetas devem ser elevadas para a faixa de R$ 130 mil a R$ 180 mil.

Jeep Compass

Terá seu status elevado aos poucos para a faixa de R$ R$ 180 mil a R$ 250 mil, reforçando o apelo premium da marca Jeep.

Peugeot e-2008

O Peugeot 2008 produzido atualmente em Porto Real (RJ) está com os dias contados. Como não há previsão de uma nova geração dele feita na América do Sul, sua chance de sobrevida será através de uma versão 100% elétrica, que não seria vendida no Brasil por menos de R$ 200 mil.

Jeep Commander

Deve, gradativamente, se estabelecer na faixa acima de R$ 250 mil a R$ 350 mil.

Peugeot 3008 

Se continuar em linha, o que talvez já não faça mais sentido em termos de demanda e vendas, será com status de SUVs premium, quase de luxo. Pode ser que sobreviva apenas em versão 100% elétrica em um futuro não muito distante. Por isso, já é vendido entre R$ 240 mil e R$ 270 mil, mais caro do que as versões turboflex do Commander.

Peugeot 5008

Está previsto para voltar ao mercado brasileiro em 2022 com o mesmo visual dianteiro do 3008, sete lugares e proposta tão premium quanto o irmão. Por isso mesmo, ficará mais caro do que o Commander turbodiesel, custando mais de R$ 300 mil.

Jeep Wrangler

Único “jipe raiz” da marca Jeep no país, já se aproxima de R$ 400mil e ocupa praticamente o topo da cadeia.

Novo Jeep Grand Cherokee

A nova geração do Grand Cherokee será comercializada no Brasil acima de R$ 500 mil, já flertando com o mercado de luxo.

Leonardo Felix é jornalista especializado na área automobilística há 10 anos. Com passagens por UOL Carros, Quatro Rodas e, agora, como editor-chefe da Mobiauto, adora analisar e apurar os movimentos das fabricantes instaladas no país para antecipar tendências e futuros lançamentos.

*Este texto traz a opinião do autor e não reflete, necessariamente, o posicionamento editorial de Automotive Business

Fonte: Automotive Business

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