Carros autônomos: 6 revoluções da tecnologia para os próximos 10 anos

Carros autônomos: 6 revoluções da tecnologia para os próximos 10 anos

Custo baixo e alta conveniência devem fortalecer o conceito de mobilidade como serviço (VICTOR BIANCHIN, AB)

Se você tem acompanhado o Mobility Now, sabe que os veículos autônomos estão cada vez mais presentes no noticiário. A todo momento há empresas fechando novos acordos de produção ou realizando testes bem-sucedidos com seus protótipos. Empresas do mundo inteiro estão investindo nisso e é muito provável que, dentro de 10 anos, você faça sua primeira viagem sem motorista em alguma cinrcunstância no Brasil.

Confira seis mudanças que os autônomos prometem:

1- VOCÊ VAI RECEBER AS SUAS ENCOMENDAS SEM NENHUM ENTREGADOR

Van de entregas da Nuro em ação

De longe, um dos maiores esforços para automatizar o transporte tem o objetivo de utilizá-los na área de logística. A ideia é contar com caminhões e vans sem motorista para transportar produtos entre centros de distribuição, lojas e o cliente final. Segundo a consultoria Emergen Research, o mercado global de veículos autônomos irá valer US$ 24,73 bilhões até 2027.

A Nuro vai colocar seus hatches autônomos para fazer entregas na Califórnia já neste ano. A Udelv quer produzir 35 mil de suas vans autônomas até 2028. A TuSimple quer colocar sua frota de caminhões na estrada até 2024. A Arrival planeja colocar sua frota de ônibus e vans de entrega nas ruas também em 2024. A Starship, que criou robozinhos de meio metro de altura para delivery em ruas controladas (de campus de universidades, por exemplo), anunciou em fevereiro que já realizou 1 milhão de entregas com seus aparelhos e que isso é só o começo. No Brasil, caminhões da Volvo e da Mercedes-Benz já rodam em operações de colheita de cana-de-açúcar.

Assista ao vídeo no link https://youtu.be/13jqscTESNM

É o início de uma tendência que, por causa da pandemia, só se fortificou. Afinal, sem motorista, também não há contato humano e as chances de transmissão de um agente viral diminuem.

2- VAMOS ANDAR POR AÍ DE ROBOTÁXI

O robotáxi da AutoX na China

Elon Musk prometeu que, até o final de 2020, a gente teria um milhão de robotáxis da Tesla operando nos EUA. Onde estão eles

Com a pandemia, o foco da inovação tecnológica passou a ser a mobilidade de bens em vez da mobilidade de pessoas. É por isso que estamos ouvindo falar mais de veículos de entrega do que de veículos para pessoas. Mas isso não significa que eles tenham saído dos planos.

O Waymo, da Alphabet, começou a oferecer viagens autônomas ao público em outubro na cidade de Phoenix (EUA). O Cruise, divisão de carros autônomos da General Motors, vai começar a operar seus robotáxis em Dubai em 2023. É o mesmo ano em que o Motional, da Hyundai, pretende começar a operar nos EUA.

Em junho, a Amazon comprou a Zoox, startup de carros autônomos que está criando um robotáxi que abriga quatro pessoas. Quando for lançado, ainda sem data anunciada, o modelo irá operar no sistema de ride-hailing.
Assista ao vídeo no link https://youtu.be/7GVL9Na1_9Q

Na China, a startup AutoX já colocou nas ruas de Shenzhen seus robotáxis totalmente autônomos, enquanto o Baidu (sim, aquele Baidu, o Google da China) está operando uma frota de 40 robotáxis em Beijing, mas com motoristas humanos de segurança no carro.

O caso da Uber é curioso: a empresa de ride-hailing já planejou autonomizar toda sua frota, dispensando a parte mais cara da operação (os motoristas). Só que a morte da americana Elaine Herzberg em 2018, vítima de um carro autônomo descontrolado da empresa, mudou os planos. Com a imagem arranhada e os negócios em banho-maria por causa da pandemia, a Uber vendeu, no ano passado, sua divisão de carros autônomos para a startup Aurora Innovations.

A expectativa agora é que a Aurora cuide de toda a parte tecnológica e a Uber ganhe os carros quando eles ficarem prontos. Fiat e Hyundai também estão negociando com a Aurora.

Como dá pra ver, o futuro será cheio de opções para quem quiser viajar de carro autônomo.

3- MENOS ACIDENTES E MORTES

Carros autônomos usam câmeras para entender luzes e semáforos, radares para detectar os tamanhos e velocidades de objetos e radares laser para criar modelos topográficos do ambiente

Entre 90% e 95% dos acidentes de trânsito são causados por erro humano, dependendo do estudo consultado. Isso inclui motivos como distração, direção agressiva, sono, embriaguez, excesso de velocidade, desrespeito às leis de trânsito e outros.

Em 2020, o Insurance Institute for Highway Safety, uma organização sem fins lucrativos dos EUA, fez uma pesquisa com mais de 5 mil acidentes de veículos e analisou quantos deles poderiam ser evitados com as tecnologias. Conclusão: um terço dos acidentes seria evitado, o que daria pelo menos 2 milhões desses acontecimentos só nos EUA. E isso é só com a tecnologia atual.

O plano das empresas que investem em condução robótica é chegar a uma realidade de zero acidente em carros equipados com a tecnologia. Assim, com redução drástica dos acidentes, diminuem também as mortes no trânsito e, portanto, aumenta a qualidade de vida e, de quebra, a sociedade ganha com a redução dos gastos com saúde pública.

4- MENOS TRÂNSITO

Caminhão autônomo da TuSimple para a área de logística

Pesquisa da Universidade de Cambridge mostra que os carros autônomos poderiam diminuir os congestionamentos em 35% se operassem juntos. Há vários outros estudos com projeções positivas para essa redução (e pelo menos um com projeção negativa).

Os especialistas concordam que não basta os carros existirem para que essa redução aconteça. Ela depende de uma comunicação eficiente entre cada unidade da frota circulante, de recursos inteligentes na cidade (como semáforos, radares, faixas de pedestre e faixas exclusivas que se comuniquem com os sistemas dos veículos) e também de políticas públicas que facilitem a adoção dos autônomos, como faixas exclusivas para pegar ou deixar passageiros.

O cenário da redução dos congestionamentos, portanto, deve acontecer mais para a frente, quando a tecnologia estiver mais popular e os poderes públicos estiverem mais pressionados a ajustar as cidades. É possível que o período de transição seja tortuoso. Mas, no longo prazo, podemos vislumbrar viagens mais rápidas e menos estressantes.

5- MENOS POLUIÇÃO (TALVEZ)

Ônibus elétrico da Arrival, que iniciou os testes no Reino Unido neste ano

A discussão sobre o impacto ambientel dos carros elétricos e autônomos ainda é polêmica. A eletrificação é uma tecnologia essencial para viabilizar níveis mais elevados de condução autônoma nos carros. Há pesquisas que dizem que sim (como esta e esta), mas, como o número de variáveis é muito grande e a implementação das frotas ainda está começando, não existe no momento um estudo decisivo que leve em conta todos os fatores.

Embora a eliminação dos combustíveis fósseis implique em menos emissão de gases poluentes, o fato de os carros autônomos exigirem grande poder de processamento para lidar com seus sensores, câmeras e radares também implica em alto consumo de energia elétrica. Em muitos países, a eletricidade ainda é gerada principalmente a partir de fontes não renováveis, como a queima de carvão em termoelétricas. Uma poluição vai substituir a outra, resultando em manutenção das emissões? Não se sabe ainda.

Mas é fato que o uso de energia elétrica cria um cenário mais favorável, pois ela pode ser produzida a partir de fontes renováveis, como painéis solares. A queima de gasolina vai sempre emitir CO2 e outros gases de efeito estufa.

6- MENOS POSSE, MAIS RIDE-HAILING

Frota de carros Waymo, da Alphabet, em fábrica nos EUA

Em inglês, já existe uma sigla para o conceito de mobilidade como serviço: “MaaS” ou “mobility as a service”. Ela encapsula a seguinte ideia: se você pode pedir um carro no seu celular para fazer qualquer viagem, seja curta ou longa, e arcar apenas com o valor barato dessa demanda específica, qual o sentido de possuir um carro? O veículo traz com ele muitos custos (IPVA, combustível, seguro, estacionamento, manutenção, etc.) e esse preço está cada vez mais difícil de pagar.

Os carros autônomos interferem ainda mais com esse sentimento por trazerem novos benefícios às viagens: mais segurança, mais conforto, menos poluição e menos congestionamentos. Acima disso tudo, eles trarão melhores preços, já que a não existência do motorista irá baratear a operação.

Muitos especialistas apontam que, nesse cenário, o produto deixará de ser o carro e se tornará a viagem. O desejo por possuir determinada marca ou modelo será substituído pelo desejo pela conveniência maior e pelo custo menor. Em vez de lojas de carros, teremos empresas de gerenciamento de frotas.

Essa mudança irá abrir caminho para a expansão dos serviços de ride-hailing (viagens por aplicativo) e car-sharing (compartilhamento de carros), que já são populares hoje. “Isso [tem o potencial] de reduzir dramaticamente o número de carros na rua, 80% dos quais possuem pessoas viajando sozinhas dentro deles, e também de diminuir o custo de transporte de um domicílio, que é de 18% da renda de uma família para um recurso que ela só usa em 5% do tempo”, afirmou Robin Chase, CEO da Buzzcar, empresa de car-sharing, ao site Investopedia.

E aí, já se preparou para a revolução dos carros autônomos?

Fonte: Automotive Business

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