Com novos negócios, ambiente virtual deve movimentar R$ 600 milhões em componentes para veículos (PEDRO KUTNEY, AB)
Os sócios Vinícius Dias e Fernando Cymrot podem dizer que acertaram o alvo na mosca. Desde que lançaram o Canal da Peça em 2012, o ambiente virtual de negociação de autopeças vem registrando crescimento anual de 240%, com giro financeiro de R$ 200 milhões, em média. Mas nada se compara ao salto esperado para este ano, que deve multiplicar por três o valor movimentado, graças ao fornecimento crescente de serviços de construção aplicativos de venda para alguns fabricantes e distribuidores de peças. “Esperamos movimentar R$ 600 milhões em negócios dentro de nossas plataformas este ano”, afirma Vinícius Dias, CEO da empresa.
O Canal da Peça é uma plataforma digital de compra e venda de peças que reúne mais de 500 varejistas de todas as regiões do País. Juntos eles oferecem no ambiente virtual um estoque de mais de 700 mil peças para veículos (carros, motos, caminhões e motos) hoje avaliado em torno de R$ 3 bilhões em valor.
“Nosso objetivo é no futuro ter na plataforma todo o estoque de componentes do aftermarket brasileiro”, destaca Dias.
O mercado de reposição de autopeças movimenta aproximadamente R$ 20 bilhões por ano, em escala sempre crescente, acompanhando a expansão da frota no País, que soma cerca de 43 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, segundo levantamento mais recente do Sindipeças. Por isso, mesmo com a redução na produção e venda de veículos observada nos últimos anos, o aftermarket segue avançando para abastecer os usados em circulação.
“É um mercado que apresenta crescimento inelástico e contínuo ao longo dos próximos anos”, observa Dias, para explicar porque ele e o sócio Fernando Cymrot escolheram o aftermarket de peças para investir quando deixaram o banco de investimentos no qual trabalhavam para fundar o negócio próprio. E desde então já captaram R$ 23 milhões de 60 investidores que também acreditam no potencial do segmento e decidiram aplicar recursos no Canal da Peça. Entre eles estão Romero Rodrigues, fundador do site Buscapé, e membros do alto escalão do banco Goldman Sachs.
DIVERSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS
Atualmente, as negociações de autopeças representam algo como 70% a 80% do faturamento do Canal da Peça, que mais recentemente também começou a negociar em sua plataforma componentes industriais, máquinas e ferramentas, óleos, baterias, pneus e até partes para aviões. “Adotamos o foco de colocar à venda qualquer peça móvel, every moving parts”, explica Dias.
Ele conta que os principais clientes do Canal da Peça são as oficinas mecânicas. A plataforma oferece a qualquer pessoa que acesse o portal um grande estoque de produtos por diferentes preços e prazos de entrega, mas também são vendidas assinaturas para grandes compradores, como frotistas de caminhões, por exemplo, que pagando cerca de R$ 150 por mês têm acesso a uma gama maior e mais detalhada de ofertas, com possibilidades ampliadas de negociação, frete grátis e descontos promocionais, entre outros benefícios.
Mais recentemente a empresa vem multiplicando seu faturamento ao fornecer serviços de construção de aplicativos de venda de peças para grandes clientes do setor, fabricantes como Bosch, SKF, Delphi, MTE-Thomson, Mahle e Schaeffler, ou mesmo distribuidores como a DS, entre outros, que usam a plataforma digital do Canal da Peça para rodar os seus próprios canais virtuais de aftermarket. “Nos transformamos em fornecedor de serviços de venda de peças na internet”, resume Dias.
Um novo cliente é a Ipiranga, que irá utilizar a plataforma do Canal da Peça para distribuir combustíveis, lubrificantes e peças, em uma espécie de programa de fidelidade: frotistas que comprarem combustível pelo canal poderão ganhar pontos para trocar por descontos no preço das peças.
O Canal da Peça já emprega cerca de 100 pessoas e com o crescimento acelerado está de mudança para um escritório mais amplo na esquina das avenidas Juscelino Kubitschek com Faria Lima, um dos endereços empresariais mais caros e cobiçados e São Paulo. O comando dos negócios é dividido entre os dois sócios: o economista Fernando Cymrot é o CFO, cuida das finanças e captação de recursos, enquanto o administrador de empresas Vinícius Dias, como CEO, lidera a área comercial.
Fonte: Automotive Business