Brasil termina primeiro semestre com 4,4 milhões de famílias endividadas

Brasil termina primeiro semestre com 4,4 milhões de famílias endividadas
FecomercioSP orienta empresários com base nos dados da Radiografia do Crédito e do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras na Pandemia (Arte: TUTU)

Endividamento familiar e inadimplência crescem em junho deste ano, e empreendedor precisa analisar a situação para fazer a melhor gestão do negócio nos próximos meses

Um dos impactos diretos da pandemia de covid-19 está associado ao aumento no consumo de crédito por parte das famílias brasileiras no primeiro semestre deste ano. A diminuição da renda – em razão do aumento do desemprego, das reduções proporcionais de salário e jornada e da paralisação de diferentes atividades e setores por determinado tempo – levou à corrida por empréstimos para quitar as contas tradicionais.

Isso fez com que 11,2 milhões (67,4%) das 16,7 milhões de famílias residentes nas capitais brasileiras estivessem endividadas no fim de junho de 2020, 638 mil a mais do que no mesmo mês do ano anterior. Do total de famílias, 4,4 milhões (26,3%) tinham alguma dívida em atraso, o que significa aumento de 9,9% na taxa de inadimplência, na comparação anual entre os meses de junho.

Os dados, que fazem parte da Radiografia do Crédito e do Endividamento das Famílias nas Capitais Brasileiras na Pandemia –  elaborada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) –, mostram que, mesmo com as altas na renda média das famílias de 2% nas capitais, detectadas no fim do 1º semestre ante mesmo período do ano passado, as famílias tinham, em junho, um passivo mensal de R$ 24,1 bilhões em dívidas. Este montante comprometia em 30,3% a renda no mês.

Os moradores tiveram aumento na renda (especialmente a classe E) no período citado, exclusivamente em razão do forte incremento de recursos direcionados aos segmentos de menor poder aquisitivo, refletindo positivamente no comércio. Entretanto, o estudo deixa claro que a liberação do auxílio emergencial, a antecipação do décimo terceiro salário e a possibilidade de saque emergencial de parte do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foram insuficientes para impedir os impactos do crédito sobre o orçamento doméstico.

Destaques dos indicadores nas capitais
A capital de São Paulo teve o maior volume de dívidas, compatível com a reputação de cidade mais populosa do País. Ainda assim, os R$ 5,7 bilhões do total da dívida das famílias no fim do primeiro semestre de 2020 indicam que houve queda de 2,6% em comparação a junho de 2019. Apesar da redução, a cidade manteve, em junho deste ano, a mesma taxa de famílias endividadas (56%).

Natal (RN) foi, em junho de 2020, a capital com o maior porcentual de famílias endividadas (96%), ultrapassando o posto ocupado pela capital paranaense em anos anteriores. Curitiba (PR) registrou a segunda taxa de famílias endividadas em junho, com 90% delas nesta situação. São Luís (MA), Belo Horizonte (MG) e Manaus (AM), mostraram índices muito elevados de famílias endividadas em junho, todas acima do patamar de 80%.

Na análise por dívidas em atraso, Natal também registrou a maior taxa, ao passar de 29%, em junho de 2019, para 48% das famílias nessa condição, em junho de 2020; seguida por Fortaleza, que saltou de 27% para 46% da população com alguma dívida atrasada.

No sentido oposto, destacaram-se João Pessoa (PB) e Rio Branco (AC) como as capitais com menores taxas de lares com contas em atraso. São Paulo (SP) também sofreu retração, ao sair de 20% para 16%, ao passo que o Distrito Federal (DF) repetiu o resultado do ano anterior, ao manter o índice em 13%.

Planos para o comércio em 2021
É com base neste cenário que os empresários devem analisar as ações para o ano que vem: clientes endividados com a renda comprometida para o pagamento de compromissos já assumidos. Outro agravante está nas incertezas sobre o fim da restrição de circulação de pessoas e a liberação de uma vacina para o covid-19

Embora a radiografia faça referência ao fim de junho, dados mais recentes indicam que as famílias brasileiras iniciaram o mês de outubro no mesmo patamar dos índices apurados no estudo.

Como o comércio é essencialmente dependente do nível e da tendência da renda dos consumidores, e ainda não é possível afirmar se a recuperação econômica acontecerá de forma mais breve (em “V”) ou em ritmo mais gradual e lento (em “U”), os empresários devem, em primeiro lugar, buscar as informações mais atualizadas possíveis sobre o andamento do seu setor de atuação.

Procurar por análises técnicas e avaliações especializadas das tendências para o segmento, assim como informações relevantes sobre inflação, câmbio, juros e, em especial, desemprego e renda, merecem a atenção do empreendedor.

Outro ponto importante está nos comportamentos recentes distintos entre os segmentos econômicos e até mesmo intrassetoriais, como o varejo, no qual se constata crescimento do total geral – em razão das altas nas vendas dos supermercados e de materiais de construção – e quedas contínuas nas atividades de vestuário e de revenda de veículos.

Mesmo o empresário atuando em atividade que esteja, no momento, mostrando reação positiva, a FecomercioSP lista, a seguir, medidas que o comércio pode adotar antes de entrar 2021:
*Avaliar se o nível de estoque está adequado para atender à demanda e, caso não esteja, pensar de forma sensata e realista se vale a pena apostar no endividamento para aquisição de mercadorias.
*Usar de racionalidade para calibrar o volume das aquisições, levando em conta a possibilidade desta melhoria ser passageira (em virtude de consumo reprimido, levando a uma alta pontual) e haver um refluxo de demanda causada por qualquer piora no quadro econômico.
*Caso entenda ser necessário ajustar os estoques por meio de contratação de empréstimos, pesquisar e ir em busca de linhas especiais mais acessíveis sendo oferecidas, com juros menores e prazos mais dilatados. Neste caso, a FecomercioSP dispõe de uma plataforma com informações atualizadas sobre as taxas de juros médias no mercado para as principais modalidades de crédito. O Custo Certo é ferramenta valiosa para o empresário que pretende negociar as melhores condições com os bancos. Saiba mais.
*Observar com muita atenção o fluxo de caixa, objetivando o equilíbrio necessário para o controle diante da possibilidade de momentos mais negativos. Para isso, procure elencar prioridades no corte de despesa.
*Evite excesso de otimismo ou de pessimismo quanto à trajetória dos negócios em curto e médio prazos.

Fonte: FecomercioSP (https://www.fecomercio.com.br/noticia/brasil-termina-primeiro-semestre-com-4-4-milhoes-de-familias-com-dividas-em-atraso-entenda-os-numeros-e-veja-como-preparar-a-sua-empresa-para-2021)

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