Os sucessivos aumentos nos preços dos carros novos estão impactando diretamente no número de emplacamentos. É o que aponta um levantamento da Jato Dynamics feito com exclusividade para AB. O estudo mostra que o volume de licenciamentos cai de forma quase proporcional ao reajuste na tabela dos carros, mostrando que, ainda que que a Anfavea, associação que representa as montadoras, negue, há uma redução da demanda por causa dos preços salgados.
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O exemplo mais evidente aconteceu em setembro de 2021, quando o preço médio dos carros atingiu o segundo valor mais alto naquele ano: R$ 124.623,85. Enquanto isso, houve apenas 109.114 emplacamentos no mês, o pior resultado de 2021.
Fenômeno semelhante aconteceu em janeiro deste ano, quando o preço médio de R$ 130.591,09 representou alta de expressivos 4,7% em relação ao valor de dezembro de 2021. Assim,naquele mês, o número de emplacamentos foi de apenas 92.234 – até agora o pior resultado em 2022.
É importante lembrar que a escassez de matéria-prima e de semicondutores começou a impactar o setor em dezembro de 2020. e, portanto, também é um fator que integra esse cenário.
Preços no limite
Para Milad Kalume Neto, diretor de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics, o levantamento mostra que o mercado brasileiro chegou ao topo dos preços no começo desse ano. Depois, entre abril e maio, os valores começaram a cair, com redução nas médias.
Ainda nessa linha de raciocínio, ele acredita que as fabricantes podem “descer um degrau” e começar a produzir mais unidades das versões menos caras.
“Minha percepção é que, nos carros de volume, a produção não está mais acontecendo nas versões topo de gama. Estaria descendo um nível, então acredito que existe uma pequena abertura para as configurações logo abaixo”.
De toda maneira, Milad diz que os valores dos carros 0 km continuarão subindo, mesmo em um hipotético cenário de melhora na indústria.
“Infelizmente os preços continuarão crescendo. O que pode acontecer é um aumento de incentivos para aquecer a compra, mas isso só pode ocorrer quando houver estabilidade no mercado”, concluiu.
Fonte: Automotive Business