VWCO desenvolve bateria de nióbio de recarga ultrarrápida no Brasil

VWCO desenvolve bateria de nióbio de recarga ultrarrápida no Brasil

Projeto em parceria com a brasileira CBMM vai permitir 80% da carga em 10 minutos (Zeca Chaves, AB)

Depois de largar na frente na corrida pelo primeiro caminhão elétrico desenvolvido no Brasil, a Volkswagen Caminhões e Ônibus dá agora mais um passo em direção à eletromobilidade dos veículos pesados no País. A VWCO anunciou na quinta-feira, 16, uma parceria para o desenvolvimento de uma bateria veicular de nióbio de recarga ultrarrápida em conjunto com a brasileira CBMM, líder mundial na produção e comercialização desse metal.

O acordo prevê desenvolver uma tecnologia nacional que vai permitir que o tempo para recarregar 80% de uma bateria caia de 3 a 4 horas para apenas 10 minutos, sem comprometer a segurança e ainda aumentando o tempo de vida útil, segundo a VWCO. Outra vantagem seria a possibilidade de reduzir tamanho e peso da bateria entre 30% e 50%.

Tudo isso só é possível devido justamente à aplicação do nióbio. As baterias de lítio tradicionais têm um polo negativo (ânodo) que utiliza carbono (grafite) para fazer a transferência da energia. Na bateria que será desenvolvida pela VWCO e CBMM, troca-se o carbono por óxido de nióbio, o que aumenta a taxa de transferência de eletricidade e, por consequência, reduz o tempo de recarga.

“Cerca de 95% das baterias têm o ânodo de carbono, que tem limitações para aceitar recargas rápidas. Ao substituir o carbono pelo nióbio, retiramos essa limitação e ainda aumentamos a durabilidade da bateria em três ou quatro vezes”, explica Rogério Ribas, gerente executivo de baterias da CBMM.

Tecnologia pioneira no mundo

É a primeira vez no mundo que o nióbio será utilizado com essa finalidade em veículos, de acordo com a VWCO. “É um marco na história da indústria automotiva. Trata-se de uma nova tecnologia sendo desenvolvida no Brasil por brasileiros, por empresas que têm o propósito de desenvolver a mobilidade sustentável e encontrar alternativas para acelerar a eletromobilidade no País”, comemora Rodrigo Chaves, vice-presidente de engenharia da VWCO.

Chaves explica que essa tecnologia é a solução perfeita para aplicações em que os veículos não podem parar por muito tempo, que têm poucos pontos de recarga pelo caminho e não percorrem grandes distâncias. Por isso, a montadora pretende iniciar seus testes com modelos que fazem o transporte de passageiros, que é o caso dos ônibus. Como seguem sempre a mesma rota, eles podem parar nos pontos finais por 6 a 8 minutos e já estariam aptos a receber uma carga para rodar entre 50 e 70 km.

Ônibus elétrico pode ficar mais barato

Nessa situação, existe o benefício de poder trabalhar com baterias menores e mais leves, o que ajuda a reduzir o custo de aquisição do veículo, que em um ônibus elétrico pode ser entre três a quatro vezes maior do que um convencional, como no caso do modelo apresentado pela Mercedes-Benz em agosto. A desvantagem, porém, é que o sistema vai exigir a instalação de uma infraestrutura de recarga ultrarrápida, que é bem mais cara que a tradicional.

Outro tipo de aplicação indicado para as baterias de nióbio seria em veículos que idealmente deveriam funcionar 24 horas por dia. “Nesse tipo de operação, o custo total vai ser extremamente atrativo porque, se o turno é de 24 horas, é preciso de um segundo veículo para dar conta do trabalho enquanto o primeiro estiver parado por 7 ou 8 horas para fazer a recarga”, afirma Ribas.

Investimento de US$ 15 milhões

O investimento total desse projeto não foi divulgado pelas duas partes, mas a CBMM comentou que já gastou cerca de US$ 15 milhões (R$ 79 milhões) em três anos de pesquisa e testes de laboratório com o nióbio nesse tipo de aplicação. Além disso, ela estima que sua parceira japonesa Toshiba, que será a futura fabricante das baterias para a VWCO, já deve ter ultrapassado esse valor.

A previsão é que os testes de campo com a nova bateria veicular de nióbio comecem em 2022 e, até o último trimestre do ano, já tenha o protótipo funcional para começar a operar experimentalmente em Araxá (MG), onde fica a sede da CBMM. A venda do veículo da VWCO equipado com a nova bateria só ocorrerá a partir de 2023.

A CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração) domina 80% do mercado mundial de nióbio, um material que hoje é usado principalmente para conferir resistência ao aço, sendo muito requisitado em estruturas de edifícios e veículos, tubulações de gás e até turbinas de avião.

Fonte: Automotive Business

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