Aceleração dos emplacamentos no último dia do mês reduz retração e eleva média diária (PEDRO KUTNEY, AB / COM DADOS DA AUTOINFORME)
Junho fechou com total de 169,5 mil veículos leves vendidos, em pequena queda de 3,3% sobre maio, segundo números apurados pela Autoinforme. O mercado segue assim andando de lado este ano, mas houve expressiva aceleração dos emplacamentos no último dia do mês, pouco mais de 11,6 mil só na quarta-feira, 30, o que reduziu a retração projetada com os volumes apurados até a terça-feira, 29, de 157.918 unidades.
O desempenho do último dia de junho fez a média diária de licenciamentos subir de 7.896 para 8.073, ainda assim menor do que os 8.349 observados em maio, que também teve 21 dias úteis.
Com pouco mais de 1 milhão de automóveis e utilitários emplacados no primeiro semestre do ano, o mercado mostra recuperação de quase 32% sobre o mesmo período de 2020, o mais afetado pela pandemia, quando as vendas somaram apenas 763 mil unidades com concessionárias e Detrans fechados para conter o avanço das infecções pela Covid-19, consumidores acuados e ferramentas de vendas e licenciamentos on-line ainda em processo de implantação.
PROJEÇÕES AMEAÇADAS
A média de 167 mil emplacamentos por mês este ano ainda segue muito abaixo de 2019, que registrava mais de 200 mil veículos leves vendidos a cada mês. O ritmo atual deixa distantes da realidade as projeções mais otimistas calculadas por algumas consultorias no início de 2021, que apontavam para mercado total em torno de 2,5 milhões de unidades.
As associações dos fabricantes e revendedores, Anfavea e Fenabrave, apresentaram em janeiro estimativas parecidas, de 2,3 milhões de automóveis e utilitários vendidos em 2021, já levando em consideração fatores como alta dos preços, persistência da pandemia em nível crítico e economia fragilizada pelo avanço do desemprego e queda geral da renda dos consumidores. Esses três fatores continuam reduzindo as expectativas. Se não houver aceleração das vendas nos próximos meses, talvez nem este número seja atingido.
Para além da economia enfraquecida e da pandemia que seguiu matando mais de 2 mil pessoas por dia nos últimos meses, a indústria enfrenta dificuldades com suprimentos de insumos, principalmente semicondutores, fábricas são obrigadas a paralisar atividades por semanas e meses, assim sequer conseguem atender totalmente a demanda atual. Com isso, mesmo com o esperado avanço da vacinação e possível queda nos contágios e nas motes por Covid-19, os efeitos da pandemia seguem limitando e encarecendo a produção, levando ao inevitável cenário de redução do ritmo de recuperação das vendas de veículos este ano.
A Fenabrave já revisou suas previsões e deverá apresenta-las nesta sexta-feira, 2, quando divulga os números consolidados de vendas de junho e do primeiro semestre. Já a Anfavea prefere esperar mais antes de fazer qualquer revisão, nem sequer estipulou uma data de quando pretende recalcular suas projeções.