Por Fátima Fernandes
Levantamento preliminar da CNC (Confederação Nacional do Comércio) indica que os setores de comércio, serviços e outros devem abrir cerca de 80,5 mil vagas para trabalhos temporários neste final de ano, o maior número de contratações pós-pandemia no Estado de São Paulo.
O comércio lidera com a abertura de 48,3 mil vagas, e os serviços, com 26,28 mil. Para outros setores está prevista a abertura de 5,9 mil postos.
As contratações para reforço no atendimento das lojas e dos serviços no final do ano, geralmente, são feitas entre setembro e novembro de cada ano.
Neste momento, portanto, estão a pleno vapor. As vagas abertas no comércio paulista representam cerca de 31% das oferecidas em todo o Brasil (262 mil).
No ano passado, o número de temporários contratados em SP foi de 76,8 mil, em 2021, de 74,9 mil e, em 2020, de 56,89 mil. Neste ano, o número deve ser 41,5% maior do que o de 2020.
De acordo com a CNC, o salário médio pago aos temporários neste final de ano deverá ser da ordem de R$ 1.670, ou entre 4% e 5% maior do que o pago em 2022.
Se o número de pessoas para dar apoio ao comércio e aos serviços cresce, significa que os empresários estão esperando um fim de ano melhor do que os dos últimos três anos.
“O que está por trás do aumento das contratações de temporários são quedas de preços e de juros e melhora do mercado formal de trabalho”, afirma Fábio Bentes, economista da CNC.
De agosto a dezembro deste ano, de acordo com ele, o volume de vendas do comércio de São Paulo deve crescer 2% em relação a igual período de 2022.
Desde maio, quando o volume de vendas no comércio paulista caiu 3,2% sobre igual mês do ano passado, há aumento de vendas todos os meses em relação a igual período de 2022.
Neste mês, de acordo com projeções da CNC, o volume de vendas no comércio paulista deve crescer 1,8%, em novembro, 2% e, em dezembro, 3,1% sobre iguais meses do ano passado.
“Não há dúvida que, com esses números, o comércio de São Paulo está ganhando força”, afirma. Um dos principais motivos, de acordo com ele, é o comportamento dos preços.
O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial do país, em 12 meses terminados em setembro deste ano, foi de 3,88% no Estado de São Paulo.
Nos mesmos meses encerrados em setembro do ano passado foi de 8,68%. “A inflação murchou em São Paulo, e a tendência é que o crédito fique mais barato.”
O desemprego também está diminuindo. A taxa de desemprego no Estado de São Paulo no segundo trimestre deste ano foi de 7,8%, menor do que a de igual período de 2022 (9,2%).
“Tudo isso joga a favor do consumo. A contratação de temporários está ancorada na melhora do mercado de trabalho, na redução da inflação e na tendência de crédito mais barato”, diz.
Paulo Matos, diretor-geral da Tommy Hilfiger, com 25 lojas no país, diz que vai contratar entre 80 e 100 pessoas para reforço nas vendas neste ano, números parecidos com os de 2022.
“Alguns serão contratados por 60 dias e, outros, por 90 dias, para repor, em janeiro, período de férias de parte dos funcionários fixos”, afirma.
Os temporários, diz, são para dar apoio para os vendedores. “Não quero tirar parte da comissão do pessoal que está comigo o ano todo.”
Considerando as mesmas lojas, Matos acredita que as vendas devem crescer cerca de 15% neste ano, na comparação com igual período do ano passado.
“Deve ser um final de ano melhor porque a comparação é com um período fraco de vendas. No ano passado, tivemos eleições e Copa do Mundo, que atrapalharam o comércio”, diz.
Para ele, inflação mais comportada e taxa básica de juros (Selic) menor não terão efeito neste ano. “Isso vale mais para investimento estrutural. Novos franqueados olham isso”, diz.
Um ambiente econômico mais favorável contribui para tranquilizar os empresários, os consumidores. “Se não há susto na economia, as pessoas consomem”.
Com cerca de 280 funcionários, a Tommy Hilfiger deve fechar este ano com 15 novas lojas, mais duas próprias e 13 franquias, o que demanda novas contratações.
O plano da marca é continuar crescendo no país também no ano que vem.
PERFIL
As mulheres vão levar vantagem na contratação de temporários neste ano. Das 80,5 mil vagas, 44 mil deverão ser preenchidas pelo sexo feminino e 36,5 mil, pelo masculino.
A maior parte dos temporários contratados, de acordo com a CNC, deverá ter entre 30 e 39 anos e nível médio completo de escolaridade.
O que os temporários geralmente querem saber é se há alguma chance de serem efetivados passadas as festas de fim de ano.
“A expectativa é que a taxa de efetivação dessas contratações não seja muito diferente da do ano passado, em torno de 12%”, afirma Bentes.
Algumas das taxas mais altas de efetivação de temporários foram registradas no país em 2013 e em 2014, diz, quando chegaram perto de 20%.
SETORES
No ano passado, os setores do varejo que mais contrataram temporários foram supermercados, lojas de vestuário, utilidades domésticas, brinquedos e de eletroeletrônicos.
É bem provável, de acordo com Bentes, que esses setores do varejo também liderem as contratações neste ano.
Nos serviços, diz, o destaque pode ser o setor de bares e restaurantes, assim como o de hotéis, pousadas, tudo o que está relacionado com turismo.
Fonte: Diário do Comércio – Imagem: Thiago Bernardes/DC