“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Renave deve reduzir custos no mercado de veículos usados

07/10/2024

Sistema que passou a ser obrigatório em São Paulo também promete agilizar negócios e combater a informalidade no setor

Por Fernando Miragaya

Registro Nacional de Veículos em Estoque (Renave) deve otimizar os negócios do segmento de veículos seminovos e usados. O sistema passou a ser obrigatório em São Paulo desde o dia 1 de outubro.

Trata-se de uma plataforma digital com uma espécie de cadastro nacional de veículos, que serve para comunicação, registro, controle e acompanhamento das transações comerciais dos automóveis. A base de dados está integrada a outros órgãos, como Denatran, Detrans estaduais e Receita Federal.


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Para especialistas e lojistas, a exigência do Renave trará vários benefícios, em especial para o segmento de veículos usados. A implementação do sistema promete, por exemplo, reduzir custos e diminuir a burocracia nas transações de carros. 

O sistema 100% digital já é usado nas transações de veículos 0 km desde o começo do ano. Ele permite a visualização e manutenção do estoque praticamente em tempo real. 

“O Renave reduz o tempo da operação e diminui os custos diretos e indiretos de transferência do veículo”, acredita Evandro Schueda, consultor empresarial e com larga experiência em gestão de concessionárias. 

“Bem como possibilita a transferência de veículos entre estoques de matriz e filiais e também entre lojistas, garantindo a sua rastreabilidade”, completa.

Renave promete segurança na vendas de veículos usados

Com o sistema, compradores e vendedores, por exemplo, poderão concluir a transação já dentro da loja, com a operação de compra e venda finalizada e com o documento emitido em nome do comprador. Isso não obrigatoriamente em um dia útil, mas também em um sábado ou domingo.

“A chegada do Renave para o mercado de veículos usados vem como uma inovação, nos balizando com a formalidade das próprias concessionárias que já atuam com renave zero quilômetro há muito mais tempo”, ressalta Marcelo Cruz, presidente da Associação dos Lojistas de Veículos do Estado de São Paulo (Alvesp).

Por ter comunicação direta com o Detran e integração com outros órgãos, o sistema também acena com mais segurança para as operações. O registro on line pode minimizar fraudes e impedir transações de automóveis que estejam em situação irregular.

“A medida visa modernizar, dar mais celeridade aos processos e assegurar o controle sobre o mercado automotivo, prevenindo fraudes e garantindo maior transparência para compradores e vendedores”, acredita Cruz.

Entre os serviços do Renave estão a visualização de possíveis irregularidades com o veículo e até impedimentos do proprietário anterior que possam ter relação com o carro. Além disso, o registro faz uma “varredura” do automóvel: desde históricos de transferências e sinistros até débitos existentes e restrições de transferências.

“Como o sistema bloqueia automaticamente a inclusão de veículos com problemas, faz com que os veículos nele inscritos já estejam aptos e serem vendidos e transferidos de imediato. Isso garante a total lisura do automóvel, protegendo o lojista e o consumidor”, observa Schueda.

Combate à informalidade no setor de veículos usados

Uma questão que também tira o sono do segmento de veículos usados pode ser, ao menos em parte, resolvida pelo Renave: a informalidade. Segundo dados da Alvesp e da Fenauto (entidade nacional que reúne lojistas), apenas 12% das transações de automóveis emitem nota fiscal no estado de São Paulo.

“O Renave será o responsável por uma mudança disruptiva no setor, que sairá muito mais fortalecido deste processo de transição”, diz Marcelo Cruz.

Já um levantamento da B3, empresa de serviços e consultoria do mercado financeiro, no mercado nacional de veículos usados, só 2% das vendas são registradas no Renave. E na análise dos dados de financiamento de veículos, apenas 18% dos créditos realizados pelos bancos são liberados na conta do proprietário/vendedor.

Com isso, segundo estimativa da própria empresa, os estados brasileiros deixam de arrecadar, por ano, mais de R$ 8 bilhões com as vendas de veículos usados que não estão no Renave. 

“Com a chegada do Renave caminharemos para um ambiente muito mais saudável para os negócios, reduzindo de forma considerável a informalidade do setor e também as fraudes que os bancos sofrem por conta desse cenário”, afirma Rodrigo Amancio de Oliveira, diretor de produtos de infraestrutura para financiamentos da B3.

Nove estados do país já aderiram ao Renave: Pernambuco, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Sergipe, Paraná e São Paulo. Porém, apenas o estado paulista decretou a obrigatoriedade do registro até o momento.

Fonte: Automotive Business

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