Renault Duster tira nota zero na avaliação de segurança do Latin NCAP


Renault Duster tira nota zero na avaliação de segurança do Latin NCAP
Teste de colisão a 64 km/h: Renault Duster tira nota zero

Carro produzido no Brasil teve desempenho fraco para proteção de ocupantes em testes de impacto (PEDRO KUTNEY, AB)

As primeiras avaliações divulgadas este ano pelo Latin NCAP são decepcionantes e preocupantes. A entidade independente, que desde 2010 realiza testes regulares de segurança com veículos vendidos em mercados latino-americanos, desta vez avaliou o Renault Duster, SUV compacto produzido no Brasil, e o hatch Suzuki Swift feito na Índia, comercializado no Perú e Chile. Ambos tiraram nota zero na escala que vai até o máximo de cinco estrelas.

Desde o ano passado o Latin NCAP adotou novos e mais rigorosos padrões em seus ensaios (leia aqui), o que deve rebaixar a nota de muitos veículos que não evoluíram com o mesmo rigor ou não adotam tantos sistemas de segurança, que agora são quase obrigatórios para obter uma boa avaliação da entidade. É o caso do próprio Duster, que em outubro de 2019 ganhou quatro estrelas e nenhuma agora.

As unidades testadas do Renault Duster e Suzuki Swift são da versões básicas dos modelo, com apenas dois airbags frontais (obrigatórios por lei no Brasil), comprados anonimamente em concessionárias pelo Latin NCAP e enviados para Landsberg, na Alemanha, em instalações da ADAC onde são feitos testes de impacto frontal a 64 km/h, lateral e poste a 50 km/h, efeito chicote em colisão traseira e atropelamento de pedestres, além ensaios em pista para avaliar a efetividades dos sistemas de segurança ativa, como o controle eletrônico de estabilidade (ESC).

O Latin NCAP avalia que ambos os modelos precisam de melhorias urgentes e pede que os dois fabricantes aumentem os padrões de segurança. Alejandro Furas, secretário-geral do Latin NCAP, destacou que os dois carros têm configurações mais seguras na Europa e Japão, onde também são vendidos, e não há justificativa para que consumidores latino-americanos não tenham a mesma proteção.

“O fraco desempenho de segurança oferecido por Duster e Swift para os consumidores latino-americanos é decepcionante e perturbador. Os consumidores na América Latina são obrigados a pagar mais do que o preço básico para obter os mesmos equipamentos de segurança que a Renault/Dacia e a Suzuki oferecem como padrão em outros mercados, como a Europa. A segurança básica dos veículos é um direito que os consumidores da América Latina e do Caribe devem exigir sem ter que pagar a mais”, critica Alejandro Furas.

DUSTER APRESENTA VAZAMENTO DE COMBUSTÍVEL E ABRE PORTA APÓS COLISÃO

O SUV brasileiro obteve zero estrela porque teve notas baixas em todas as avaliações, medidas com porcentuais de 0% a 100%. O Duster alcançou 29,47% em proteção a ocupantes adultos, 22,93% para crianças, 50,79% em proteção de pedestres e 34,88% no funcionamento de sistemas de assistência de segurança.

Segundo o Latin NCAP, no ensaio de impacto frontal o Duster apresentou estrutura instável, perda de combustível e observou-se a abertura de uma das portas, o que representa risco de ejeção do passageiro em uma colisão. A entidade classifica como muito grave o vazamento de combustível, afirma que o problema “exige ações da Renault, não só resolvendo o problema na produção, mas também fazendo um recall das unidades vendidas”, diz o comunicado. No crash test lateral, o Duster deixa os ocupantes desprotegidos e foi mal na avaliação porque não oferece na América Latina airbags laterais de corpo nem de proteção lateral de cabeça, como é padrão no modelo vendido na Europa com a marca romena Dacia.

Como já é praxe dos fabricantes de carros que tiram notas baixas nos testes do Latin NCAP, os problemas não são reconhecidos, nem a necessidade de evoluir. Em nota distribuída logo após a divulgação dos resultados da avaliação, a Renault afirma que o modelo testado agora “é exatamente o mesmo em termos de conteúdos de segurança ativa e passiva em relação ao veículo que obteve quatro estrelas na proteção para adultos e três estrelas na proteção para crianças, em teste realizado pela mesma instituição em 2019”, e reconhece que o desempenho pior é devido à mudança em 2020 dos protocolos de testes do Latin NCAP, sem no entanto mencionar que esses padrões se tornaram mais exigentes e que o Duster, portanto, não acompanhou essa evolução.

“É importante reforçar que o Renault Duster cumpre rigorosamente as regulamentações nos países em que é comercializado, superando-as em alguns quesitos, com equipamentos que não são obrigatórios por lei”, continua a nota da montadora. Isso significa que, mesmo superando as exigências da legislação brasileira, o carro ainda fica abaixo dos padrões exigidos na Europa, por exemplo, onde o Euro NCAP aplica testes até mais rigorosos do que os do Latin NCAP atualmente. Ao menos, a montadora indica que vai evoluir aqui também: “A Renault considera que, assim como houve uma grande evolução na segurança veicular nos últimos anos, o tema seguirá evoluindo e a Renault continuará a oferecer produtos com alto nível de segurança”, diz o texto.

Stephan Brodziak, presidente do conselho do Latin NCAP, resume a questão: “É muito discriminador que, após mais de 10 anos avaliando o desempenho de segurança dos veículos comercializados na América Latina e no Caribe, continuemos a ver carros zero estrela. Em termos de segurança veicular, ainda somos tratados como cidadãos de segunda classe apenas para que alguns fabricantes possam economizar dinheiro na produção de veículos. O dinheiro que esses fabricantes economizam se traduz em mortes e ferimentos graves que afetam famílias e a economia de nossa região. A América Latina não merece mais carros zero estrela”.

Fonte: Automotive Business

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