O futuro da indústria brasileira não será dedicado ao carro elétrico


No #ABX21, Pablo Di Si (VW), Luis Pogetti (Copersucar) e Letícia Costa (Prada Assessoria) dizem que rota da mobilidade no País passa pelo etanol e por soluções combinadas (Zeca Chaves, AB)
O futuro da indústria brasileira não será dedicado ao carro elétrico
Letícia Costa, Luis Pogetti e Pablo Di SI (VW) no #ABX21

Embora os veículos elétricos dominem cada vez mais o cenário da indústria automotiva mundial, o caminho para as montadoras no Brasil na próxima década não precisa e não deverá ser dedicado à implantação do veículo movido a bateria, que será apenas um dos elementos dessa cadeia produtiva. 

Apesar de controversa, essa certeza é compartilhada com o mesmo grau de intensidade por figuras que representam setores tão diferentes, como foi o caso de Pablo Di Si, CEO da Volkswagen América Latina, Luis Roberto Pogetti, presidente do conselho da Copersucar, e Letícia Costa, sócia da Prada Assessoria, durante o segundo dia do #ABX21, evento realizado por meio online na quarta-feira (24) por Automotive Business.

Para os três convidados que participaram do painel “Como pavimentar o caminho da indústria automotiva brasileira do futuro”, que também teve a participação de Pedro Kutney, editor especial de AB, o País precisará saber aproveitar o potencial do etanol para buscar a neutralidade de carbono, mantendo o veículo elétrico apenas como uma das opções viáveis para o nosso mercado. 

“Não acredito que só exista uma só solução para a mobilidade. Porque o esforço é tão grande para a sociedade que não podemos desperdiçar nenhuma iniciativa que tenha sucesso. E também precisamos aproveitar as peculiaridades regionais do mundo”, explica Luis Pogetti.

Entre os esforços exigidos, Pogetti ressalta que o custo necessário para criar uma rede para recarregar todos os carros se fossem movidos a eletricidade seria da ordem de R$ 1 trilhão, além de lembrar que a produção de eletricidade para excedentes de consumo virá inevitavelmente das usinas termelétricas, que são poluentes.

“Por outro lado, o carro etanol no Brasil tem emissões equivalente às do carro a bateria ou a 20% do carro a gasolina. Então o País tem o papel de transferir essa tecnologia de sucesso do etanol, caminhando para o híbrido, para a célula de combustível, e ser parte da solução desse desafio global”, diz o presidente da Copersucar

Para Leticia Costa, o País tem uma chance única nesse momento da indústria, de transição do combustível fóssil para algo que não seja o combustível fóssil. “Pode ser o carro elétrico, desde que seja alimentado por energia limpa, por biocombustível, pode ser o etanol. Eu acredito que o futuro mais lá na frente será uma combinação de biocombustível com energia gerada dentro do carro com fuel cell [célula de combustível], que pode ser perfeitamente alimentada por etanol. O Brasil tem uma capacidade para biocombustível indescritível”, garante a consultora.     

Costa alerta ainda que o veículo elétrico provavelmente vai levar a uma dualidade no mundo. “Vamos ver altas taxas de penetração na China, Europa e um pouco menor nos Estados Unidos, mas os países emergentes vão ter muita dificuldade de estabelecer a infraestrutura que precisaria para os veículos elétricos”, explicou a sócia da Prada.

“O Brasil tem o papel importante de ser esse elo de ligação entre o momento atual e o momento futuro, com tecnologias que sejam acessíveis via biocombustível nesse momento de transição, participando do desenvolvimento a longo prazo do fuel cell.” 

Embora o CEO da VW tenha sido o mediador principal do painel com a função de distribuir as perguntas a Pogetti e Costa, ele não escapou de fazer seus comentários e responder ao questionamento do público que participava da transmissão on-line. 

Di Si reforçou que a comunicação com o público brasileiro também é essencial nesse momento de transição, para que ele possa compreender a importância da descarbonização para o País e conhecer melhor o uso das novas tecnologias nos automóveis.

Por isso, ele comentou que a Volkswagen já vem fazendo várias iniciativas nesse sentido, como o recurso “Abasteça Consciente” no aplicativo da marca. “Ele compara não só o preço por quilômetro rodado, mas quanto de CO2 é gerado por etanol e por gasolina no conceito do poço à roda”, disse o executivo.

Sobre a polêmica do fim do motor a combustão, Di Si acredita que a discussão não deveria estar focada na sua proibição ou em estímulos para que seja aperfeiçoado, mas pensar um passo adiante.

“Nós precisamos colocar a energia renovável no centro da discussão, e o motor flex a etanol tem muito a contribuir não só no Brasil, mas no mundo”, afirma o CEO da Volkswagen.

Ele contou que tanto o presidente mundial do Grupo VW, Herbert Diess, como o presidente da marca, Ralf Brandstaetter, dão o apoio absoluto a essa estratégia de biocombustíveis capitaneada pelo Brasil. “Eles constantemente falam do carro elétrico, mas também dizem que cada região tem de se adaptar aos seus recursos renováveis. E falam especificamente do Brasil.”

Fonte: Automotive Business

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