“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Mulheres do Aftermarket Automotivo e seus automóveis

08/03/2024

Por Lucas Torres

Boneca para as meninas, carrinho para os meninos… Para quem nasceu em qualquer década do século XX, essa era uma dinâmica quase inevitável entre pais e filhos na hora da escolha dos primeiros brinquedos.

Hoje, no entanto, se tornou absolutamente natural meninas sendo expostas ao universo do automóvel. Afinal, o cenário de pujante democratização do mercado automotivo tem promovido mudanças significativas não apenas no mundo do consumo, mas também – e talvez sobretudo – na cultura.

No ano de 2021, a montadora japonesa Nissan anunciou uma política robusta de contratação de mulheres para posições administrativas e fabris. A motivação do movimento era simples: com 55% dos veículos comprados, as mulheres já haviam se tornado os principais clientes da marca. Longe de representar um quadro pontual, o movimento da Nissan foi acompanhado por diversas outras montadoras atuantes no Brasil.

A Stellantis, por exemplo, estabeleceu como meta uma proporção de 50% de mulheres para suas contratações ao longo do ano de 2023 e o compromisso de que 30% de seus cargos de liderança passem a ser ocupados pelo gênero a partir de 2025.

Quando observada a fotografia geral do avanço da presença feminina nas fabricantes de carros, os dados são mais modestos, mas mostram uma evolução consistente. De acordo com a Data OLX Autos, a força de trabalho das mulheres neste segmento passou de 16,8% para 19,4% entre 2011 e 2021.

Ainda mais significativo do que a relevância conquistada pelas mulheres no âmbito da compra veículos é, porém, o crescimento notável de suas participações no aftermarket automotivo. Isso porque, sabemos, não faz muito tempo que a cultura brasileira disseminava a ideia de que ‘manutenção veicular era coisa de homem’. A realidade hoje é bem diferente. Uma pesquisa realizada pela General Motors no Brasil revelou que o gênero feminino detém uma fatia de 46% de todos os atendimentos nas oficinas mecânicas do país.

Tal cenário tem motivado algumas gigantes do aftermarket brasileiro a investirem em funcionárias aptas a criar um ambiente de maior empatia e acolhimento para essas consumidoras.

Dona de 100 lojas no Brasil, a AutoZone tem nas mulheres uma fatia de cerca de 30% do seu quadro de 1290 pessoas, proporção que pretende aumentar por meio de programas de incentivo como o AZ WIN – AutoZone Women Initiative.

Março e o mês delas e, mais precisamente, o dia 8 é dedicado internacionalmente às mulheres. Para homenagear algumas das protagonistas que fazem o aftermarket automotivo nacional caminhar por uma estrada cada vez mais democrática, o Novo Varejo conversou com uma série de profissionais do setor para apreender detalhes deste ambiente de transformação.

Mas não com o tradicional foco em trabalho. Desta vez, buscamos saber das participantes como se relacionam com os automóveis, com a manutenção de seus carros e que perspectivas têm sobre a preparação do ecossistema de empresas que compõem o aftermarket no atendimento do público feminino. Veja nas próximas páginas o que elas disseram.

As mulheres desta reportagem

Bruna Meda (Arteb)
Camila Rocha (Phinia)
Daniella Carrer (Sabó)
Estela Pacheco (Corteco)
Gilssara Paz (NTN)
Indiara Valério (Grupo Bueno)
Luciana Tuma (Niterra)
Majô Gonçalves (Verso Comunicação)
Marília Oliveira (Bosch) 
Nathalia Amorim (Dayco)
Patrícia Micolaiciunas (Cobra Rolamentos)
Paula Skoretzky (PSC Comunicação)
Sabrina Carbone (Frasle)
Sandra Bressan (Josecar)
Sophia Ferreira (Universal Automotive)
Thuanney Castro (Wega)

Qual é a sua relação com os automóveis?

BRUNA MEDA (ARTEB) – Desde pequena, eu já gostava de carros e tinha os meus favoritos – que sonhava em ter um dia –, ficava buscando pelos nomes e modelos. O acaso me trouxe ao segmento automotivo, onde iniciei estagiando no marketing de uma indústria. Por estar inserida nesse mercado, em que atuo há mais de 10 anos, acabo acompanhando de perto as novas tendências e tecnologias no setor. É fascinante ver como a indústria automobilística está em constante evolução. Além disso, minha conexão com o mundo dos automóveis me permite vivenciar um pouco do universo dos clássicos também.

GILSSARA PAZ (NTN) Minha relação com automóveis vem desde a infância. Minha família sempre trabalhou em montadora de veículos e em casa todo tempo ouvia sobre montagem e novidades do setor. Com isso, sempre me despertou o interesse por design, inovação, tecnologia e desempenho de veículos.

INDIARA VALÉRIO (GRUPO BUENO) Minha relação com automóveis se iniciou quando comecei a ser demonstradora da Robert Bosch em Curitiba (PR). Uma das minhas atividades era visitar e cadastrar autopeças e reparadores automotivos para envio de informações de produtos. Foi quando tive o primeiro contato com o universo automotivo.

MARÍLIA OLIVEIRA (BOSCH) – Eu uso meu carro praticamente todos os dias. Para mim é uma solução de mobilidade tanto para o trabalho quanto para o lazer. Por trabalhar no segmento automotivo há alguns anos, me informo sobre esse mercado e acho interessante a relação do brasileiro com o automóvel, que por vezes é afetiva. E comigo não é diferente, eu gosto do meu carro, eu escolhi o modelo, a cor, me lembro do dia da compra e será assim com o próximo.

PAULA SKORETZKY (PSC COMUNICAÇÃO)Minha relação com os automóveis, posso afirmar que veio desde que me conheço por gente… nascida no ABC, como dizem, berço da indústria automotiva, meu pai sempre trabalhou em montadora e cresci ouvindo histórias, vendo ele e meus tios passando o final de semana mexendo, consertando carro. Quando cresci, comecei trabalhando em loja de automóveis, depois numa empresa de manuais técnicos e, desde então, não saí mais do setor. Em 2000, quando abri a minha empresa, ela já era focada em manuais e depois em assessoria de imprensa para o setor. É um “caminho sem volta” para quem, assim como eu, gosta de ronco de motor e cheiro de combustível.

SABRINA CARBONE (FRASLE) Cresci com um apaixonado por carros dentro de casa, meu pai, que atuou na área de manutenção fazendo a gestão de serviços em concessionárias. Ao longo da minha infância e adolescência, vi ele investir em seus sonhos relacionados a carros e isso sempre significava uma conquista. Minha mãe me buscava na escola com um Jeep Willis laranja de parar o trânsito e ela também gostava muito de carros. Me lembro do meu primeiro carro quando fiz 18 anos, totalmente restaurado pelo meu pai, um Escort, da Ford, de 8 anos de uso, que parecia zero quilômetro. Além disso, dentro da profissão que eu escolhi, marketing, acabei atuando em indústrias de autopeças, montadoras, importadoras de veículos e há bastante tempo na Frasle Mobility já, o que extrapola a minha relação com carros para a área profissional.

SANDRA BRESSAN (JOSECAR)Minha relação com automóveis vai além do prazer de dirigir; valorizo especialmente a eficiência, a individualidade e a segurança que eles proporcionam, permitindo um deslocamento que atende às minhas necessidades de saúde e praticidade.

THUANNEY CASTRO (WEGA)Minha relação vem desde o início da minha carreira. Comecei trabalhando em uma autoescola, fazendo a parte de despachante, então tinha todo esse conhecimento de aplicação e de produto também. Mas minha paixão por automóveis começou desde nova, até por influência dos meus pais e avós.

É você quem cuida das manutenções e reparações necessárias?

BRUNA MEDA (ARTEB) – Sim, estar inserida no mercado automotivo acaba viabilizando algumas questões de manutenção e reparação, onde tenho acesso a técnicos e oficinas, possibilitando uma investigação e pesquisa mais aprofundadas das reparações necessárias.

CAMILA ROCHA (PHINIA) – Na maioria das vezes sim, nas manutenções preventivas e revisões gosto de acompanhar para ter certeza de que o produto colocado é de qualidade. Afinal é a segurança da minha família que está em jogo, portanto pra mim é prioridade estar a par de tudo, até pra saber como agir em caso de mau funcionamento.

DANIELLA CARRER (SABÓ) – Sim, sempre faço as manutenções preventivas ou corretivas quando necessárias. Levo em oficinas especializadas e vejo isso como uma relação de troca: eu cuido bem dele e ele me leva onde eu preciso.

ESTELA PACHECO (CORTECO) – Eu mesma levo o meu carro para fazer revisão ou alguma reparação quando necessário. Não vou negar que peço opinião para pessoas nas quais confio sobre o serviço de alguma oficina mecânica antes e depois que o carro fica pronto. É interessante comentar também que as oficinas precisaram acompanhar toda essa movimentação da participação feminina no acompanhamento da manutenção do carro e que hoje estamos muito mais antenadas e preocupadas com as informações para evitar fazer algum serviço desnecessário ou desembolsar muito mais do que o previsto.

GILSSARA PAZ (NTN) – No caso do meu carro particular, eu geralmente levo-o à concessionária para manutenções dentro do prazo da garantia e após esse período sempre faço as preventivas com mecânico de minha confiança. Confio nos profissionais especializados e na qualidade dos serviços oferecidos, sempre busco produtos originais para reparação, o que me dá tranquilidade em relação à segurança.

INDIARA VALÉRIO (GRUPO BUENO) – Sim, eu quem lidava com o aftermarket para manutenções e reparações necessárias. Por estar no mercado automotivo, sempre levei meus veículos para serem reparados por profissionais especializados. O carro era meu instrumento de trabalho e sempre fui criteriosa com as manutenções.

LUCIANA TUMA (NITERRA) – Normalmente, nos momentos de manutenção do meu veículo particular, acompanho meu marido com o objetivo de me atualizar sobre o aftermarket. Como comentei anteriormente, o contato com reparadores profissionais me ajuda no meu trabalho, por isso a perspectiva do lado do cliente é importante pois me traz outra visão igualmente relevante para o meu trabalho.

MAJÔ GONÇALVES (VERSO COMUNICAÇÃO) – Sim, desde o primeiro carro, com 19 anos, até hoje eu cuido da manutenção do meu carro. Sempre fui muito preocupada com essa questão; antes mesmo de trabalhar no setor, já sabia da importância da manutenção preventiva para garantir a segurança do veículo. E como eu rodava muito à noite voltando da faculdade e também para passear, procurava manter tudo em boas condições. Estou falando de uma época em que não existia celular.

MARÍLIA OLIVEIRA (BOSCH) – Sim, eu cuido da manutenção do meu carro. Quando comprei meu primeiro carro pesquisei sobre as manutenções necessárias e também tive algumas dicas de familiares, mas eu que escolho a oficina, faço o agendamento, converso com o mecânico, enfim, faço todo o processo. 

NATHALIA AMORIM (DAYCO) – Sim! Sempre gostei de acompanhar e entender o que era necessário fazer a cada manutenção. E totalmente a favor da manutenção preventiva, respeitando prazos de verificação, trocas de peças, buscando por mecânicos de confiança etc.

PATRÍCIA MICOLAICIUNAS (COBRA ROLAMENTOS) – Essa tarefa, até pelo conhecimento técnico, sempre ficou mais por conta do meu pai ou do meu marido, mas já trabalhando na área comecei a me interessar mais e acompanhar também as manutenções do meu veículo.

PAULA SKORETZKY (PSC COMUNICAÇÃO) – Sim, desde o meu primeiro veículo (que foi um Chevette 1986) até o meu atual, sempre eu que levo para as manutenções, troca de óleo…

SABRINA CARBONE (FRASLE) – Com a educação de manutenção que sempre tive em casa, meus carros sempre foram bem cuidados por mim. Sei bem a fama que temos de deixar isso para os homens que nos rodeiam, mas, no meu caso, eu mesma faço. Eu acabo indicando a oficina de confiança, a loja de autopeças, a marca adequada para amigos e familiares também. Aliás, ter um mecânico confiável e próximo é algo que eu zelo e ajuda muito nesta questão.

SANDRA BRESSAN (JOSECAR) – Sim, eu mesma cuido das manutenções e reparos do meu carro. Isso garante não só a boa condição do veículo, mas também reflete meu cuidado para com ele. Essa responsabilidade pessoal me leva a acompanhar de perto o aftermarket automotivo, garantindo que todas as intervenções, seja manutenção preventiva ou reparos necessários, sejam realizadas em conformidade com as especificações recomendadas pela montadora.

SOPHIA FERREIRA (UNIVERSAL AUTOMOTIVE) – Geralmente é esperado que os homens sejam os responsáveis por levar o carro para oficinas e/ou autocentres. Na minha experiência pessoal acredito que mulheres têm, sim, a percepção e o conhecimento necessário, mas confesso que ainda há negociações desfavoráveis para nós. Hoje não levo o meu carro, mas participo das negociações ativamente caso seja necessária alguma intervenção no meu veículo.

THUANNEY CASTRO (WEGA) – Sobre meu carro particular, sim, sou eu mesma que faço a manutenção. Nunca espero os 10 mil km rodados porque, como ando com ele todos os dias, eu rodo muito e sempre faço com 9 mil km. Quando faço a manutenção é no meu mecânico de confiança, faço a troca dos quatro filtros no período correto, também, sempre que troco óleo eu troco todos os filtros. Além disso, faço alinhamento do veículo e sempre peço um checklist das coisas que precisam ter manutenção. Também tenho um aplicativo no celular para acompanhamento da manutenção.

Como você vê o atual estágio de preparação do aftermarket automotivo no que diz respeito ao atendimento às mulheres?

BRUNA MEDA (ARTEB) – Já faz algum tempo que as montadoras vêm desenvolvendo os modelos com design e detalhes direcionados ao público feminino. Com o crescente número de mulheres habilitadas, entendo que o segmento de reparação também deve acompanhar esse crescimento, oferecendo um atendimento especializado, uma vez que, por muito tempo, esse mercado foi predominantemente masculino. Hoje, consigo ver grandes oficinas e varejistas atuando com essa flexibilidade no atendimento, mas penso que ainda temos um caminho a percorrer para que essa preparação seja algo natural e essencial no aftermarket.

CAMILA ROCHA (PHINIA) – Acredito que melhorou muito; com mais mulheres motoristas e mais mulheres se envolvendo no dia a dia das oficinas o ambiente foi se tornando cada vez mais preparado para receber este público. Infelizmente, ainda existem lugares em que não me sinto confortável, porém agora com a facilidade de escolher outra autopeça ou oficina que me atenda de maneira adequada.

DANIELLA CARRER (SABÓ) – Acredito que as coisas estão mudando gradativamente. Poderiam estar um pouco mais avançadas, mas é preciso mudar toda uma cultura para que as coisas aconteçam mais rapidamente. Mas já não vemos mais, pelo menos nos grandes centros, oficinas como víamos há 10 ou 20 anos atrás. Já são lugares limpos, com recepção, algumas com espaço de café. Isso torna a ida à oficina um pouco mais acolhedora e os reparadores já estão entendendo que as mulheres têm interesse em cuidar do seu próprio carro. Não é mais uma tendência, já é uma realidade.

ESTELA PACHECO (CORTECO) – Hoje em dia, está bem melhor em relação à cordialidade, educação e prestação do serviço. Com um número grande de motoristas mulheres, as oficinas mecânicas têm se atualizado não só tecnicamente, mas também com equipes administrativas que prestam um atendimento claro, educado num ambiente profissional e receptivo a elas, por entenderem ser um público que cresceu consideravelmente nos últimos anos. Outro ponto interessante é que vemos hoje mulheres mecânicas atuando nas oficinas e isso é muito bacana. Isso gera uma identificação e proximidade com a cliente que busca um serviço para o seu carro, então, a oficina passa a ser um ambiente mais receptivo à mulher. O fato é que estamos cada uma na sua profissão procurando contribuir e agregar sempre. Temos evoluído muito, mas ainda há muito o que podemos conquistar no mundo do automóvel.

GILSSARA PAZ (NTN) – ‘Dando um Google’ rápido, podemos ver que 35% das habilitações são de mulheres e é importante que o mercado de aftermarket reconheça e atenda às suas necessidades específicas. Imagino que cada vez mais vemos um aumento da representatividade feminina nesse setor, onde temos um grande potencial de crescimento, nos serviços e espaços que possam refletir as preferências e interesses das mulheres, tornando o ambiente automotivo mais inclusivo e acolhedor para todas. Muitas vezes, elas são compradoras objetivas, que priorizam a praticidade e confiam na orientação dos profissionais. Acredito que essa abordagem objetiva e de um ambiente profissional especializado pode abrir mais espaço para a participação das mulheres no aftermarket automotivo.

INDIARA VALÉRIO (GRUPO BUENO) – Impressionante como tivemos uma grande evolução no aftermarket automotivo. Tem muitas empresas preparadas para fazer o atendimento para o público feminino. Ambientes onde as clientes se sentem confortáveis e bem atendidas.

LUCIANA TUMA (NITERRA) – Acredito que o atual estágio de preparação do aftermarket automotivo em relação ao atendimento às mulheres está progredindo, mas ainda há espaço para melhorias significativas. As mulheres estão desempenhando um papel cada vez mais influente no setor automotivo, e isso se deve em grande parte ao trabalho árduo das profissionais, que estão empenhadas em aprimorar a qualidade e a representação das mulheres nesse campo. Quanto mais inclusão promovermos, mais fácil será para nós expressarmos nossas necessidades durante o atendimento pós-venda. Em uma sociedade em que as mulheres estão se tornando cada vez mais independentes e assumindo a responsabilidade pelos cuidados com seus veículos, é crucial pensarmos em maneiras de melhorar sua presença e participação nesse espaço.

MAJÔ GONÇALVES (VERSO COMUNICAÇÃO) – Avançou muito, nada que se compare à década de 80. Hoje, temos mulheres em todas as frentes, na administração das oficinas, mecânicas, o que torna o ambiente agradável e receptivo. As oficinas ganharam espaços dedicados para os clientes. As mulheres representam uma grande parte do universo de motoristas. Além disso, são elas que decidem a compra do carro da família. Tudo foi evoluindo, temos também muito mais acesso às informações pela internet. Portanto, já chegamos à oficina com algum conhecimento sobre o que pode estar ocorrendo com veículo, quando o mesmo apresenta problema. No meu caso, aprendo muito todos os dias, acompanhando o trabalho das empresas que presto serviço, bem como escrevendo textos relacionados à manutenção, dicas de aplicação e novas tecnologias.

MARÍLIA OLIVEIRA (BOSCH) – Nos últimos anos percebemos uma grande evolução no aftermarket automotivo com relação ao atendimento às mulheres. Hoje, encontramos diversas oficinas mecânicas que se atualizaram e já oferecem ambientes mais acolhedores e pensados para as mulheres, além de procurarem por consultorias para entenderem melhor esse perfil de público e adequarem a comunicação, o formato do atendimento e, até mesmo, para promoverem promoções específicas para o público feminino. No varejo notamos o mesmo movimento e, cada vez mais, encontramos balconistas mulheres nas lojas de autopeças – o que é muito significativo, pois as consumidoras começam a se enxergar mais nesse ambiente que sempre foi majoritariamente masculino.

NATHALIA AMORIM (DAYCO) – É muito bom perceber que cada vez mais o público feminino tem recebido a sua devida atenção. Além de iniciativas fortes como as Oficinas Amiga da Mulher, muitos profissionais estão deixando de lado velhos “pré-conceitos”, como o famoso “mulher não entende nada de carro”. Claro que ainda temos muito a evoluir e essa não é a realidade de todo o país, mas é um começo que espero que avance com o pé no acelerador. O que posso dizer é que quem realmente “não entende nada de carro” é o profissional e as indústrias que insistirem em não investir no atendimento adequado às mulheres, que é um público cada vez mais preparado, que busca informações sobre serviços e peças e que com certeza estará ainda mais presente em toda a cadeia do aftermarket.

PATRÍCIA MICOLAICIUNAS (COBRA ROLAMENTOS) – Acredito na evolução constante do setor, mediante iniciativas notáveis como projetos desenvolvidos pelo SEBRAE em apoio às mulheres do segmento automotivo e de ações como o selo de responsabilidade social da Bárbara Brier, a Oficina Amiga da Mulher, que proporciona uma visibilidade e um acolhimento maior a mulheres atendidas nas oficinas. Ainda há um longo caminho, mas as primeiras pedras do caminho já estão sendo tiradas… o setor como um todo precisa se adaptar à presença feminina em todos os níveis, reconhecendo que a inclusão não é apenas um diferencial, mas uma necessidade para o progresso.

PAULA SKORETZKY (PSC COMUNICAÇÃO) – Essa ainda é uma questão a ser muito trabalhada. Iniciativas como a certificação da Oficina Amiga da Mulher, idealizada pela Bárbara Brier, já vêm mostrando um movimento de conscientização nas oficinas de que as mulheres são um público importante, cada vez maior, efetivamente presente e preocupado com a manutenção do seu veículo. É um processo gradativo e evolutivo de toda uma cultura, mas está caminhando. A mulherada está chegando para ficar!

SABRINA CARBONE (FRASLE) – Acho que a mudança do pensamento já ocorreu. Não vemos mais posters nas paredes de oficinas mecânicas que inibiriam a presença de mulheres clientes e a atuação de mulheres no setor não é apenas figurativa, de maneira geral. Muito pelo contrário, o que percebo: a crescente presença das mulheres no comando, no balcão automotivo, na gestão de oficinas e até na operação como reparadoras mesmo. E, por outro lado, elas também estão mais atuantes no papel de cuidar de seu próprio carro. A empresa que eu trabalho investe fortemente no imperativo de dobrar a liderança feminina até 2025 e já estamos no caminho, inclusive com investimentos pesados em mentoria e desenvolvimento da liderança feminina. As evoluções no aftermarket são nítidas e muito bem-vindas, por todos, é o que eu noto.

SANDRA BRESSAN (JOSECAR) – Houve progresso no atendimento às mulheres no aftermarket automotivo em termos de acolhimento ao público feminino, um reflexo da crescente presença de mulheres que buscam serviços de manutenção e reparo para seus veículos. No entanto, persiste um desafio crítico: a necessidade de superar estereótipos e preconceitos que ainda permeiam o atendimento, onde mulheres são frequentemente subestimadas em seus conhecimentos técnicos. Embora as mudanças estruturais sejam louváveis, é fundamental que haja um avanço igualmente significativo na capacitação dos profissionais do setor para que reconheçam e respeitem a competência e autonomia das mulheres, tratando-as com o mesmo nível de profissionalismo e expertise técnica.

SOPHIA FERREIRA (UNIVERSAL AUTOMOTIVE) – Nos últimos anos, o mercado de aftermarket automotivo tem demonstrado um interesse crescente em atender às necessidades das mulheres, reconhecendo a nossa importância como consumidoras no setor. Atualmente estão surgindo diversas iniciativas, serviços e oficinas especializadas em atendimento feminino. Muitas delas estão empenhadas em criar ambientes mais acolhedores e inclusivos para nós mulheres. Entretanto, ainda há espaço para melhorias, especialmente no que diz respeito ao conhecimento sobre questões automotivas entre as mulheres, e também em promover uma maior representação do sexo feminino na indústria automotiva como um todo.

THUANNEY CASTRO (WEGA) – Olha, eu vejo avanços significativos no atendimento às mulheres, com empresas reconhecendo a importância de criar um ambiente inclusivo. No entanto, ainda persistem estereótipos que podem dificultar a experiência das mulheres no setor. É essencial que as empresas invistam em treinamento para garantir um atendimento igualitário. Então, embora tenha havido progresso ao longo do tempo, ainda há espaço para melhorias na garantia de um aftermarket automotivo mais inclusivo para todos.

Fonte: Novo Varejo

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