Por Pedro Kutney
A regulamentação de incentivos à reciclagem de veículos no País, previstos no Mover, Programa Mobilidade Verde e Inovação, esbarra em uma questão elementar: nada parecido já foi feito antes na prática. Isto porque o Brasil será o primeiro país do mundo a padronizar a medição de emissões de CO2 equivalente do berço ao túmulo, ou desde a produção, passando pelo uso até o sucateamento do veículo.
A demora na regulamentação decorre da complexidade envolvida na medição das emissões da produção de todas as peças, do processo de manufatura até os procedimentos de desmontagem e reciclagem ou reaproveitamento de peças, conforme justifica Carlos Sakuramoto, gerente de manufatura da General Motors South America e diretor de manufatura e materiais da AEA, Associação Brasileira de Engenharia Automotiva.
“A medição de emissões do berço ao portão [da produção do veículo e sua expedição ao cliente] existe só em teoria, nunca fizemos na prática”, esclarece Sakuramoto. “Hoje [10 de dezembro] devemos ter o primeiro rascunho da portaria, mas ainda temos muito trabalho pela frente para definir diversas questões envolvidas nesse processo.”
Muitas definições a equacionar
Uma das dificuldades, aponta o engenheiro, é definir o número de peças que devem ter as emissões medidas: “Um carro tem, em média, 5 mil part numbers. Precisamos estipular se é necessário medir as emissões na produção de todas elas ou se, por exemplo, só 1 mil já bastariam para ter uma média confiável”.
Outra questão reside no fato de definir a equação de quantos carros precisam ser reciclados para render incentivos para os novos. “Esta definição passa por saber se cada carro inservível reciclado vale o desconto de 1 ponto de IPI para cinco ou dez carros novos. Por exemplo: um Celta sucateado vale incentivos a quantos SUVs novos? São perguntas que temos de responder para chegarmos a uma regulamentação justa”, aponta Sakuramoto.
Fonte: AutoData
































