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Credit Crunch: Como estão os varejos de autopeças?

10/03/2023

Por Lucas Torres jornalismo@novomeio.com.br

Nas últimas semanas, a expressão “credit crunch” tem sido usada por agentes do mercado brasileiro para se referir a uma situação mais difícil para o crédito a empresas.

O ambiente de juros altos, com a consequente desaceleração da atividade econômica, e a multiplicação de casos de empresas em dificuldades financeiras tornam bancos e investidores do mercado de renda fixa mais arredios, levando à percepção de que há um “credit crunch”.

A edição 388 do jornal Novo Varejo Automotivo traz uma matéria completa sobre a situção do varejo brasileiro em meio a esse cenário tão turbulento.

Ao analisar o setor, muitos institutos de pesquisa e entidades deixam de lado as características específicas do setor de autopeças. Tal cenário nos levou a levantar o questionamento: como estão algumas das principais empresas do comércio de peças automotivas em meio ao atual momento econômico do país?

Para alcançar este enquadramento aproximado, nada melhor do que conversar com os empresários que convivem com o cotidiano do setor. Sendo assim, convidamos Flávio Ramos, CEO da gaúcha Ramos & Copini, e Roberto Rocha, fundador da campineira Rocha Autopeças para comentar a relação das suas empresas no âmbito do crédito. Veja o que eles disseram.

Novo Varejo Automotivo – Sua empresa buscou crédito nos últimos meses? Você tem visto maior dificuldade na hora de conseguir empréstimos com boas condições junto às instituições financeiras?

Flávio Ramos – Buscamos crédito no início do ano passado e conseguimos as condições necessárias.

Roberto Rocha – Nós da Rocha Autopeças temos o princípio de fazer investimentos com o capital próprio, desta forma não temos dívidas com bancos. No final do semestre passado surgiu uma oportunidade de aquisição de uma área com edificação para montar um novo Centro de Distribuição, pois o nosso atual está muito apertado. Então, consultei o banco sobre a possibilidade de fazer um empréstimo para pagamento a médio prazo, fui de pronto atendido com o valor e condição de pagamento favoráveis, mas creio que isso ocorreu por eles terem o nosso histórico de movimentação e o valor não comprometer o faturamento da empresa. Acabamos nem usando o valor, pois optamos por parar o acabamento da nova sede da empresa e usar o dinheiro para a aquisição.

Novo Varejo Automotivo – Agora falando sobre a relação da sua empresa com os consumidores: o crédito mais caro (juros altos) tem diminuído o ímpeto de consumo?

Flávio Ramos – Sim, os juros altos inibem o consumo, dificultam a concessão de prazo mais longo, aumentam o custo e, consequentemente diminuem a venda. Para a distribuição e varejo isso é negativo em todos os sentidos.

Roberto Rocha – Os consumidores estão meio avessos a fazer dívidas, quando aparece alguém que opta pelo pagamento a prazo e não se preocupa com juros sobre a dívida eu fico preocupado que ele pode acabar não pagando. Nós temos planos de pagamento que vão até 10 vezes com juros baixos ainda, porém não incentivo muito esta forma pois ficamos com o nosso capital de giro preso por maior tempo, mas acudimos o nosso cliente que está em dificuldade naquele momento. Isto ajuda a manter as vendas. O que tem assustado o consumidor é o aumento dos preços das peças, o fabricante tem realizado aumentos muito acima da inflação sem muita lógica. Depois que um aumenta, os outros vão atrás.

Novo Varejo Automotivo – Com este crédito mais caro, o varejista está tendo de fazer mais esforços para oferecer melhores condições para o consumidor final na hora de parcelar suas vendas? Como fazer isto sem se expor ao risco da inadimplência?

Flávio Ramos – Não tem mágica, pois é necessário ser responsável com a concessão de crédito e, principalmente, com o caixa da empresa. Com o cenário atual, a redução do prazo e o aumento no rigor quando da concessão no crédito são uma necessidade para a empresa. Roberto Rocha – Todo o parcelamento feito com mais de 3 parcelas (10/30/60) só é feito através de operação com cartão de crédito, o que reduz muito o risco da inadimplência.

Novo Varejo Automotivo – Em percentual, qual a parcela das vendas da sua loja realizadas a prazo na comparação com aquelas feitas a vista?

Flávio Ramos – 80% a prazo e 20% a vista.

Roberto Rocha – A média está em torno de 50/50%, dentro do total do grupo; em algumas regiões ainda se cultua o pagamento a longo prazo, o reparador insiste que a loja de autopeças tem de financiar a operação dele, ele não põe o dinheiro dele no negócio. Em outras regiões onde os clientes já aprenderam a ser empresários no ramo, eles optam pelo pagamento a vista para ficar com eles o rendimento do dinheiro envolvido.

Fonte: Novo Varejo

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