Como bicicletas adaptadas podem ser opção de mobilidade para pessoas com deficiência


Projeto Bike Sem Barreiras já atendeu 5 mil pessoas e acontece aos finais de semana em mais de 10 cidades (Por Natália Scarabotto, AB)
Como bicicletas adaptadas podem ser opção de mobilidade para pessoas com deficiência
Aos domingos, o aposentado Emídio Fernando Costa de Oliveira, 59 anos, passeia por Pernambuco com uma handbike

“Tenho maior liberdade e mais segurança”. É como o pernambucano Emidio Fernando Costa de Oliveira, 59 anos, descreve a sensação ao “pedalar” com as mãos uma handbike, bicicleta adaptada para Pessoas com Deficiência (PCD). Assim como ele, cerca de 5 mil pessoas em diversas capitais são beneficiadas com o projeto social Bike Sem Barreiras, que busca levar inclusão por meio da micromobilidade urbana.

Todos os domingos, Oliveira acorda cedo, toma um ônibus e vai para o ponto de encontro do Bike Sem Barreiras, no Marco Zero de Recife. Ali, passa o dia circulando pelo centro. “É o meu programa de domingo. Tive paralisia infantil e isso afetou os movimentos da minha perna esquerda. Hoje eu faço fisioterapia, poderia andar com uma bicicleta comum, mas com prefiro o modelo adaptado porque traz maior liberdade e mais segurança”, contou. “Gosto de praticar esportes, pedalar, atletismo, basquete, vôlei. Aprendi muita coisa desde que conheci o projeto em 2016, tanto pedalar, quanto nadar… tudo adaptado.”

No bicicletário inclusivo do Bike Sem Barreiras estão disponíveis três modelos: a handbike, um triciclo adaptado para ser pedalado com as mãos; a bicicleta dupla, que pode ser conduzida por uma pessoa com deficiência visual e pelo acompanhante; e o modelo The Duet, uma bike adaptada com cadeira de rodas voltada para usuários com tetraplegia ou deficiência múltipla.

Opção de lazer

O uso é gratuito e conta com a presença de monitores – alunos de fisioterapia de faculdades do grupo Ser Educacional, organização mantenedora do projeto – que auxiliam os participantes na pedalada.

Desde que começou em 2016 o projeto já atendeu cerca de 5 mil pessoas em ao menos 10 cidades, como Recife, João Pessoa, Salvador, Rio de Janeiro, Natal, Guarulhos, Fortaleza, São Luiz, Manaus, Maceió e Aracajú. Por conta da pandemia, as atividades ainda não retornaram em alguns locais.

“O Bike Sem Barreiras permite que as pessoas com deficiência possam sair de casa, ter um lazer no fim de semana. Esse grupo também quer aproveitar a cidade, mas falta acessibilidade nos locais, nas ruas e no transporte público”, afirma o Diretor Adjunto de governança ambiental e social do grupo Ser Educacional, Sérgio Murilo.

Iniciativa social enfrenta desafios

Mesmo com o crescimento do projeto nos últimos anos, Murilo apontou ainda que existem desafios, principalmente em relação ao custo e a disponibilidade das bikes no mercado. “Quando lançamos o projeto, em parceria com a Prefeitura de Pernambuco, importamos a The Duet por um preço elevado, de US$ 5 mil porque não existe esse modelo no Brasil. Hoje, conseguimos um fornecedor que criou uma adaptação capaz de transformar uma bicicleta comum no modelo.”

Agora, para tornar as bikes menos custosas, os alunos de engenharia do grupo Ser Educacional, em Guarulhos, pretendem desenvolver bicicletas adaptadas e cadeiras de rodas anfíbias – adaptadas para entrar no mar, usadas em outro projeto da instituição – em um laboratório de inovação social.

Apesar de estar presente em mais de 10 cidades, o projeto precisa de mais apoio das prefeituras. “Precisamos do suporte do poder público, como para conseguir autorizações para poder implantar o projeto nas cidades, criar rotas acessíveis, com ruas de fácil acesso e com ciclofaixas para que os participantes também possam chegar de suas casas até o Bike Sem Barreiras”, disse Murilo.

Fonte: Automotive Business

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