Estudo da FecomercioSP aponta, porém, que setor ainda lida com dificuldades para conseguir profissionais capacitados
Em 2023, o setor atacadista de São Paulo destacou-se com mais profissionais qualificados que a média nacional, de acordo com estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo [tabela 1]. De um total de aproximadamente 740 mil empregos celetistas criados no período, cerca de um quarto (24,8%) foi formado por trabalhadores com escolaridade acima ou igual ao superior incompleto, superando os índices registrados no cenário privado nacional (19,5%) e no total desse mercado de trabalho paulista (23,3%). A participação no Estado de São Paulo, inclusive, foi superior às taxas do Comércio como um todo (14,6%), na indústria de transformação (18,1%) e na construção (9,2%).
Considerando que 14% do saldo (admissões menos desligamentos) de empregos entre janeiro e setembro de 2024, no atacado paulista, foi de colaboradores mais escolarizados, o setor continua apresentando porcentual de absorção desses profissionais acima da média de todos os setores da economia do Estado no mesmo período (cerca de 11,5%).
Segundo a Entidade, a diferença entre a qualificação no estoque de vínculos (24,8%) e na geração de novos empregos (14%) no atacado paulista reflete o impacto do mercado de trabalho aquecido. “Quando a taxa de desemprego está baixa, os trabalhadores qualificados, que não são muitos no Brasil, já estão empregados, tornando mais grave o problema da falta desse tipo de mão de obra no preenchimento de novas vagas”, explica Jaime Vasconcellos, assessor da Federação.
TABELA 1
Número de empregos no atacado paulista, por escolaridade (números absolutos)
Estado de São Paulo (2023)
Fonte: Rais 2023 e FecomercioSP
Segundo o estudo, dentre os mais de 183 mil vínculos formais com escolaridade mínima de superior incompleto no atacado paulista, em 2023, as principais ocupações referem-se às atividades de vendas e administrativa, como gerente comercial, supervisores e assistentes administrativos [tabela 2].
TABELA 2
Principais ocupações com maior escolaridade no atacado paulista (números absolutos)
Estado de São Paulo (2023)
Fonte: Rais 2023 e FecomercioSP
Principal entrave
Seis em cada dez empresas no Brasil já relatam dificuldades para contratar ou reter trabalhadores — e, dentre essas, 77,2% indicam a contratação como o principal desafio na gestão de Recursos Humanos (RH), segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), divulgada em novembro deste ano.
A pesquisa mostra também que conseguir mão de obra qualificada é a principal dificuldade dos setores econômicos (64,9%). Em segundo lugar está a procura por trabalhadores não qualificados (18,5%). Outro obstáculo é pagar salários mais altos (9,4%). A escassez de mão de obra qualificada no Brasil, na opinião da FecomercioSP, evidencia um problema estrutural do País e tem origem nas falhas do sistema educacional. Segundo a Entidade, essa realidade prejudica os resultados dos negócios e afeta o nível de produtividade da economia brasileira, além de frear um crescimento sustentável e o próprio desenvolvimento social nacional.
Como amenizar o problema?
Na visão da FecomercioSP, para evitar que a empresa sofra com a falta de mão de obra qualificada, é necessário adotar algumas práticas na gestão de RH. Uma delas é realizar processos seletivos assertivos e claros. “É caro admitir, treinar e desligar. Não errar na gestão de pessoas ajuda a reduzir os custos com a alta rotatividade de colaboradores”, afirma Vasconcellos.
Investir em um bom treinamento assim que o funcionário for contratado e oferecer a ele uma remuneração justa, de acordo com a função e com o mercado, além de proporcionar um ambiente de trabalho saudável, são outras recomendações importantes. A Federação indica também a criação de planos de evolução de carreira para dar oportunidade de crescimento ao novo colaborador. Além disso, é fundamental que o negócio absorva inovação e tecnologia, um dos fatores que atrai os profissionais qualificados e contribui para retê-los na empresa.
Fonte: FecomercioSP