Quando tudo parecia caminhar para um bom e esperado desfecho, começamos a andar para trás. Então, me pergunto: em que momento e por que chegamos à conclusão de que já era hora de relaxar com os cuidados? Mesmo nos priores momentos do início da pandemia, jamais poderia imaginar comerciantes pedindo para reduzir horário de funcionamento por falta de pessoal.
O varejo foi e ainda é um dos mais afetados por essa crise sanitária. Talvez, de tão cansados, a baixa letalidade da nova variante Ômicron do coronavírus tenha ecoado como um canto de sereia. No entanto, esquecemos do seu exponencial poder contaminante. De acordo com o Our World In Data, banco de dados associado à Universidade de Oxford, foram registrados no mundo 3,2 milhões de casos de covid-19 nas 24 horas do dia 10 de janeiro. No Brasil, ainda temos mais uma agravante: o surto de influenza, cuja transmissão se dá pelos mesmos meios do coronavírus.
Estamos todos esgotados com tudo o que se relaciona à pandemia. Por outro lado, temos um imenso aprendizado que não podemos esquecer ou desperdiçar. Por isso, o setor varejista pode e deve ser o educador e o disseminador das boas práticas sanitárias já utilizadas nesses dois últimos anos. Por respeito aos clientes e colaboradores e para a manutenção do negócio.
A essência do comércio é o relacionamento, especialmente quando presencial. O consumidor também tem seus medos e, especialmente nesse momento, precisa se sentir seguro ao entrar em um estabelecimento comercial. Ou seja, perceber a higiene do local, visualizar com facilidade os dispensadores de álcool em gel, ser atendido por profissionais com correto uso de máscaras, ver que higienizam as mãos a cada atendimento, entre outros. Isso é o básico do básico!
No entanto, para que uma mudança de hábito seja eficaz é preciso entender o porquê. Nos bastidores, é fundamental compartilhar com equipes próprias e terceiras informações sobre a pandemia, seus meios de contágio, importância da vacinação, modos de prevenção… O funcionário precisa entender que não está cumprindo as regras apenas porque a empresa determinou. Ele precisa ter a consciência de que estamos vivendo algo novo e desconhecido, que não são aprendizados só para o ambiente de trabalho. Isto é, são atitudes que também levam segurança para sua casa, familiares e amigos. Salvam vidas!
Neste contexto, o papel do gestor é de extrema importância. Mais do que um fiscal de normas e regras, ele deve ser um educador nessas boas práticas. Ter um olhar amplo e criterioso. As áreas de uso comum como refeitórios e sanitários, bem como escritórios, precisam do mesmo cuidado. Equipes de limpeza bem treinadas para desinfecção de ambientes, uso de máscaras e distanciamento. Prover os ambientes com material didático, sinalizadores, insumos desinfetantes, entre outros. Outra medida é priorizar o trabalho remoto para as funções em que isso é possível. Não dá para parecer ser seguro apenas para cliente ver.
Outro fator que pode propiciar contaminação de equipes é o medo! O medo de faltar ao trabalho, do chefe achar ruim e perder o dia. Porém, contaminações coletivas devem ser evitadas. O gestor consciente deve orientar seus colaboradores para que não compareçam ao trabalho com febre e sintomas respiratórios. Em caso de positivação, devem cumprir as determinações médicas e apresentar comprovação quando do retorno às atividades. Para equipes muito enxutas isso pode ser um transtorno, mas é mais fácil organizar o trabalho com um afastamento do que sem ninguém.
A conscientização é o principal aliado do varejista. É com ela que garantirá ambientes mais seguros para clientes e colaboradores e minimizará riscos para o negócio. E esta deve ser uma prática cotidiana. Estamos lutando com seres diminutos e com alto poder de adaptação. Me apropriando do pensamento do naturalista inglês Charles Darwin, o vencedor será aquele que melhor se adaptar.
Conscientize, eduque, quebre paradigmas, inove, adapte-se e permaneça!
Fonte: Diário do Comércio – IMAGEM: Pixabay