Negócios em dezembro superam 2019 e queda acumulada no ano foi de metade do tombo de emplacamentos de zero-quilômetro (PEDRO KUTNEY, AB)
Dois fatores combinados garantiram ao mercado de veículos usados reação bem mais acelerada do que os negócios de zero-quilômetro em 2020. Se a pandemia de coronavírus impactou negativamente o setor entre março e maio, com o fechamento de lojas e natural retração dos consumidores, também acabou favorecendo as vendas de automóveis de segunda-mão nos meses seguintes, por causa da mudança de comportamento das pessoas que procuraram trocar o risco de contágio no transporte público pela mobilidade individual mais segura. Outro fator não menos importante que canalizou demanda às revendas de usados foi o encarecimento e a falta de vários modelos novos de motos, carros e caminhões para entregar.
Segundo a Fenauto, associação que reúne as revendas independentes de usados, o setor superou a crise de 2020, apesar de não ter conseguido compensar totalmente o buraco deixado pelos meses de fechamento das lojas e incertezas do consumidor.
“Fazendo um balanço geral, considerando todas as dificuldades causadas pela pandemia, como o isolamento social, fechamento do comércio e paralisação dos Detrans, nosso setor reagiu rápido. Embora o resultado anual não tenha ficado dentro das expectativas do começo de 2020, o desempenho do segmento foi muito satisfatório. Esperamos continuar com esses dados positivos nos próximos meses, em função dos novos hábitos e comportamentos dos consumidores”, afirma Ilídio dos Santos, presidente da Fenauto.
De acordo com dados divulgados na quinta-feira, 7, pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), as vendas de veículos leves (automóveis e comerciais leves) usados somou 9,45 milhões de unidades em 2020, número 13,8% menor do que o verificado em 2019 – e cerca de metade do porcentual de contração do mercado de zero-quilômetro (-26,6%) no ano passado, mostrando recuperação mais rápida do setor.
Com isso, houve crescimento do índice que mede a relação entre os dois segmentos: no ano foram transferidos 4,9 veículos leves usados para cada novo emplacado, enquanto em 2019 esse índice foi de 4,1 e em anos passados de economia aquecida chegou a ser de apenas três para um.
Em dezembro isoladamente, foram negociados 1,2 milhão de automóveis e utilitários leves, em alta de 15,3% sobre novembro e forte expansão de 21,3% na comparação com o mesmo mês de 2019.
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“Houve aumento de demanda em função da própria pandemia, que acabou por estimular transporte individual e, com a falta de carros novos no mercado, muitos buscaram adquirir veículos seminovos ou usados. Assim os negócios superaram a movimentação do mercado de novos no último mês de 2020 e a demanda deve continuar aquecida em 2021”, avalia Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave.
MOTOS USADAS TÊM ALTA DEMANDA EM 2020
A maior busca por transporte individual e a expansão dos motofretes em 2020, combinada com a falta de produtos novos para entregar (existem consorciados contemplados há mais de quatro meses na fila de espera), também aqueceu rapidamente as vendas de motos usadas em 2020, com 2,72 milhões de unidades negociadas, em queda de 6% sobre 2019 – também a metade do índice de queda (-15%) dos emplacamentos de motocicletas zero no ano.
Com isso, a relação entre motos usadas transferidas e novas emplacadas subiu de 2,8 em 2019 para 3 2020.
Em dezembro o mercado de motos usadas também superou o movimento registrado um ano antes, com 328,3 mil transferências, em crescimento de 11% sobre novembro e de impressionantes 29% em relação ao último mês de 2019.
CAMINHÕES USADOS TÊM FORTE PROCURA EM DEZEMBRO
A falta de caminhões novos no mercado também canalizou a demanda para os usados em 2020, que terminou com 33,6 mil unidades negociadas, em queda de 8,4% sobre 2019 (contra retração de 12,3% nos emplacamentos de novos). A relação foi de 3,7 caminhões transferidos para cada zero emplacado, quase igual ao índice de 3,7 para um registrado um ano antes.
Em dezembro, com o aumento da procura por veículos de carga e limitação das fábricas em atender toda a demanda, os negócios de usados somaram 37,2 mil caminhões e superaram em impressionantes 33% os volumes negociado no mês de 2019, também em alta de 4,3% sobre novembro.
ÔNIBUS USADOS TAMBÉM PREJUDICADOS PELA CRISE
No segmento de ônibus a crise da pandemia foi severa e praticamente igual tanto para veículos zero-quilômetro como para usados. Ambos os mercados registraram quase o mesmo índice anual de queda entre 2019 e 2020: 33% menos no caso de novos (18,2 mil unidades) e retração um pouco maior, de 33,7%, nos negócios com produtos de segunda-mão (total de 33,6 mil transferências).
O número de ônibus usados transferidos para cada zero emplacado permaneceu estacionado em 1,8 para um, se mudança em relação a 2019.
Em dezembro houve leve recuperação, com a negociação de 3,9 mil ônibus usados, o que equivale a expressiva alta de 26% ante novembro e pequeno crescimento de 4,2% na comparação com o último mês de 2019.