Ao apresentar o Concept Recharge, marca mostra sua estratégia em design, segurança à prova de colisões, computação em nuvem e baterias menores e 50% melhores
Concept Recharge: futuro sem grade dianteira, capô mais baixo e entre-eixos maior
O evento virtual que a Volvo Cars exibiu nesta quarta-feira, 30, é mais do que a revelação de um carro-conceito e tecnologias que ela adotará nos próximos anos. Essa apresentação teve um significado maior para a marca: foi um resumo de como ela pretende redefinir o futuro do automóvel nas próximas décadas. A montadora sueca abordou quatro pilares principais dentro desse movimento de transformação na nova maneira de projetar um veículo: design, segurança, sistema operacional e baterias elétricas.
Nas baterias, os objetivos são ousados: aumentar sua eficiência em 50% e torná-las mais compactas, de modo que os próximos Volvo elétricos possam atingir uma capacidade de 1.000 km de autonomia real.
Em parceria com a fornecedora sueca Northvolt, a montadora quer que as novas baterias sejam integradas à plataforma do automóvel, e não um elemento extra que apenas é colocado sobre o assoalho do carro. Por isso, ela teria função estrutural, ajudando a dar rigidez ao veículo.
Além disso, as futuras baterias serão bidirecionais, ou seja, serão recarregadas normalmente e também poderão fornecer sua energia para outros sistemas, como ajudar a iluminar uma residência ou devolver a energia para a rede elétrica, sendo o proprietário remunerado por isso.
Como vão fazer parte da estrutura do veículo, as novas baterias serão menores
Quanto à segurança, a Volvo adiantou que planeja um futuro sem colisões com a sua próxima geração de automóveis, que será baseada em hardware e software de ponta, auxiliados pela análise de dados em tempo real.
Os próprios motoristas poderão autorizar o uso das informações de seus carros para criar uma rede de informação instantânea, que vai alimentar os sistemas dentro do veículo, complementado pelos dados dos sensores externos, a fim de criar um poderoso sistema anticolisão. Com esse enorme volume de informação, parte dele disponível também na nuvem, o veículo pode assumir o controle sozinho para evitar um acidente caso o motorista não consiga responder aos alertas.
“Como a coleta em tempo real gera muito mais dados, podemos criar conjuntos de dados melhores e de alta qualidade que nos permitem tomar decisões melhores e mais rápidas sobre os próximos avanços em segurança”, disse Ödgärd Andersson, CEO da Zenseact, braço de software de direção autônoma da Volvo Cars.
Para implementar essa tecnologia, é preciso um novo sistema operacional para o veículo. Por isso a Volvo se uniu ao Google e à Nvidia, que produz processadores, para lançar na futura família de carros o sistema VolvoCars.OS. Projetado especificamente para as necessidades de um veículo elétrico, ele vai incorporar vários sistemas operacionais da empresa que estão tanto no carro quanto na nuvem. Isso vai permitir até que desenvolvedores externos criem serviços e aplicativos para modelos da Volvo.
Na traseira, aerofólios vão surgir em altas velocidades para melhor a aerodinâmica
“Ao desenvolver softwares internamente, podemos aumentar a velocidade de desenvolvimento e melhorar o seu Volvo mais rápido do que podemos hoje”, afirma Henrik Green, diretor de tecnologia da Volvo. “Assim como em seu smartphone ou computador, novos softwares e recursos podem ser implementados rapidamente por meio de atualizações pelo ar.”
Por fim e não menos importante, temos o novo conceito de design da Volvo, que se traduz no protótipo Concept Recharge, que dá uma dica de como será o visual dos próximos automóveis da marca, dentro da linha “menos é mais”.
Como não há um volumoso motor a combustão na dianteira e nem enormes baterias, a carroceria foi desenhada de modo a aumentar o espaço interno sem prejudicar a eficiência aerodinâmica.
Isso não é possível hoje porque “a primeira geração de carros elétricos da Volvo compartilha um piso com os carros movidos a motor de combustão, o que requer um equilíbrio em proporções e espaço para poder acomodar uma bateria e um motor de combustão interna”, nas palavras da Volvo.
Como agora a bateria faz parte do próprio piso, os designers puderam aumentar a distância entre-eixos e o tamanho das rodas do carro, que foram deslocadas para as extremidades da carroceria, além de reduzir a altura do capô.
Interior minimalista terá comandos concentrados na grande tela no painel
A grade dianteira desapareceu, os faróis seguem uma releitura do Martelo de Thor (formato das luzes em T), pequenos aerofólios surgem na traseira em altas velocidade para melhorar a aerodinâmica e o interior se tornou o mais minimalista possível, com quase todas as funções e sistemas de entretenimento concentradas na tela sensível ao toque de 15 polegadas.
“Dentro do Concept Recharge, criamos uma sensação de sala de estar verdadeiramente escandinava”, explicou Robin Page, chefe de design da Volvo. “O interior integra nossa mais recente tecnologia de experiência do usuário com materiais bonitos, sustentáveis e naturais. Cada parte do interior é como uma obra de arte e pode ser considerada como um móvel individual em uma sala.”
Fonte: Automotive Business