Outubro registra bons números de licenciamentos e produção de pesados tenta se aproximar, devagar, do período pré-Proconve P8
Por Fernando Miragaya
O mercado de caminhões se aproxima, bem aos poucos, dos números de antes da obrigatoriedade de motores Proconve P8 (Euro 6) para o setor. A produção de pesados mantém o ritmo forte de crescimento e as vendas passaram da barreira dos 100 mil no ano.
Segundo dados revelados nesta quarta, 6, pela Anfavea, associação que reúne as montadoras, as vendas de caminhões somam 103,3 mil no janeiro a outubro de 2024. O número é 16,8% superior ao mesmo período de 2023.
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O desempenho comercial teve um ápice em outubro, o melhor mês do ano e o melhor outubro desde 2014. As 12,2 mil unidades comercializadas representaram alta de 29% sobre o mesmo período do ano passado e de 6,7% em relação a setembro.
Isso puxou também bons números de produção. De janeiro a outubro foram fabricados no Brasil 117,4 mil caminhões, 42% a mais que a soma de 10 meses do ano passado.
Só em outubro, saíram das linhas de montagem 14,8 mil caminhões, 41% a mais do que em outubro de 2023. Já em relação a setembro, a produção foi 12% maior.
PIB e pesados puxam mercado de caminhões
Segundo o vice-presidente da Anfavea, Eduardo Freitas, o mercado tem sido puxado especialmente pelos segmentos de semipesados e pesados. O crescimento do PIB, na casa dos 3%, e a base de comparação de 2023 também explicam os bons números.
“Caminhão está muito ligado a PIB, que puxa a economia. E também tivemos um 2023 muito desafiador devido à introdução do Proconve P8, então existe uma acomodação para essas demandas que não aconteceram no ano passado”, explica o executivo.
Taxa de juros ainda preocupa
A Anfavea acredita que o setor tem potencial para alcançar os números de 2022, aqueles de antes da entrada em vigor do P8. Porém, a entidade diz que a taxa de juros pode dificultar essa retomada plena.
A soma de caminhões no janeiro a outubro (117 mil) ainda está aquém dos 132 mil registrados no mesmo período, tanto em 2021 como em 2022.
“Existe potencial de crescimento que o setor ainda não capturou. A preocupação é em relação ao aumento da taxa de juros. A retomada é clara, porém a perspectiva de uma melhora depende do mercado de financiamento”. acredita Eduardo Freitas.
Exportações em alta gradual
Em relação às exportações, o ritmo de embarques segue uma curva de crescimento, mas o balanço do acumulado do ano ainda é negativo. Ao todo, o país exportou 13,9 mil unidades nestes 10 meses, queda de 3,1% em relação ao mesmo recorte de 2023.
As vendas externas de caminhões em outubro, contudo, foram maiores. Os 2.100 veículos embarcados representam evolução de 16,8% em relação ao mesmo mês de 2023 e de 25,7% ante setembro.
Fonte: Automotive Business