Termômetro do varejo: o mês de abril refletiu nos resultados dos lojistas

Os mesmos empresários que ainda sofrem com a falta de peças no mercado
Termômetro do varejo: o mês de abril refletiu nos resultados dos lojistas
Decreto contempla Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos (CNAE 4530-7/03)

No quarto mês do ano, muitos varejistas sentiram uma retração nas vendas, o que pode ser atribuída ao número menor de dias úteis, quando comparado a março. Por outro lado, em relação ao mesmo período do ano passado e até comparando os quadrimestres, 2022 tem se mostrado melhor. O que persiste ainda é a falta de peças, em alguns casos de itens mais pontuais do que generalizados, fora os aumentos de preços.

Carlos Gomes, da Carbwel Auto Peças

Carlos Gomes, da Carbwel Auto Peças, de São Paulo (SP), conta que o movimento em abril foi de um mês normal e um pouco melhor do que no mesmo período do ano passado. “Acho que as pessoas estão arrumando os seus carros, pois o 0Km não tem para entrega e os usados e seminovos estão muito caros. Além disso, as pessoas estão sem dinheiro, preferindo consertar ao invés de trocá-lo”, afirma.

Gomes informa que a falta de peças continua, “nós acabamos por buscar outras marcas”, diz, e que o caminho é trabalhar e dar o melhor de si. “Sempre haverá uma desculpa, ora é o dólar, ora são as eleições, sempre terá uma crise. Acho que o importante é o trabalho do dia a dia e não se apegar a desculpas”.

Eduardo Villarim, da Rediesel

O mesmo pensamento tem Eduardo Villarim, da Rediesel, em Jaboatão dos Guararapes (PE). “Eu não procuro mais buscar razões, cada hora tem um imprevisto, é o dólar, a guerra, a China. A gente para de ser vidente e passa a se preocupar com o que eu tenho controle, que são as minhas vendas. Não vou atrás de causa e motivo, estou simplesmente fazendo o que eu tenho que fazer”.

Em abril, as vendas se mantiveram na Rediesel, mas não bateram março, por ter sido um mês com menos dias úteis. Quando ele compara os quadrimestres, o resultado é outro. “Teve crescimento em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, como teve muito aumento de preço de peças, eu não posso dizer se o crescimento foi real. Talvez, a dificuldade em comprar caminhões leve o pessoal a fazer a manutenção de seus usados”.

Ao contrário de antes, Villarim comenta que a falta de peças está mais pontual. “Ainda faltam peças de algumas marcas, principalmente dos itens que não são de alto giro, mas isso é pontual e não generalizado como era antes”, diz.

O peso dos aumentos

Roberto Rocha, da Rocha Auto Peças

Na Rocha Auto Peças, de Campinas (SP) e região, Roberto Rocha, informa que para driblar a falta de peças eles têm recorrido a fornecedores de outros estados. “Não estamos conseguindo cumprir a cota de vendas dos nossos fornecedores porque não tem a peça. Todos que têm esse tipo de participação dizem que se continuar assim, não conseguirão fechar a cota no final do ano. Acho que, em geral, o mercado está assim. Calculam que os meses de maio e junho serão piores, por causa dos navios que não saíram da China”.

Sobre a performance de abril, Rocha diz que as vendas se mantiveram um pouco, quando comparadas à média diária de vendas de março, e que os feriados atrapalharam um pouco. “Em março, as vendas cresceram mais do que a média para o mês e abril ficou abaixo das expectativas. Pelos preços terem subido, o faturamento está um pouco acima do ano passado, mas estamos vendendo menos. Estamos defasados em uns 10% ou 15% no faturamento”.

Silvano Ramalho, da Edson Autopeças

Em Cuiabá (MT), Silvano Ramalho, da Edson Autopeças, que também faz parte da Rede Ancora, informa que eles aceleraram as compras no ano passado. “A gente veio se preparando muito para isso, aceleramos as compras e no CD de Mato Grosso da Rede Ancora, nós estocamos bastante. Procuramos alternativas, outras marcas, para podermos atender. Mas nesse ano está faltando peças. Acho que é um pouco de especulação, o preço está subindo bastante, principalmente do aço e quase tudo em autopeças tem aço”.

Ramalho diz que em abril eles só não bateram recorde de vendas por causa dos feriados. “O mês foi muito bom, igual a março, que já tinha sido bem melhor do que o mês anterior. O ano começou bem, a pandemia não afetou autopeças, ao contrário, parece que acelerou o crescimento de todo o mundo, e eu digo isso porque é o que eu escuto de todos na Rede Ancora. Acredito que depois da pandemia, muita gente tirou o carro da garagem e usando-o no dia a dia, isso gera manutenção. Falta carro no mercado e o preço está alto”.

Movimento aquém

Thiago Secchi, da Secchi Auto Peças

Em Chopinzinho (PR), Thiago Secchi, da Secchi Auto Peças, afirma que com menos dias úteis, o resultado de abril foi inferior ao de março, mas melhor do que em abril de 2021. “E no primeiro quadrimestre, nós tivemos um leve crescimento em relação ao mesmo período do ano passado. Temos observado a manutenção mais corretiva. O combustível está muito caro e as pessoas têm outras prioridades, como abastecer o carro ao invés de consertá-lo”.

Questionado sobre a falta de peças, ele compara que em relação aos dois últimos anos, a situação está melhor. “Eu diria que está linear. As indústrias não estavam conseguindo entregar, agora já estão conseguindo. Penso que vai melhorar ainda mais”.

Na Autopeças Belém Diesel, em Belém (PA), Abdias Rodrigues do Nascimento, também conta que abril foi mais fraco do que março. “Março começou um pouco melhor, mais depois foi caindo mais para o final do mês. A questão é o estoque, se você repõe um pouco mais, você vende, mas de forma geral deu uma queda em março”.

Para ele, a falta de peças persiste. “Faltam ainda muitas coisas, a indústria não consegue atender, a nossa matéria prima está indo embora para o exterior e o Brasil vai ficando muito dependente da China. Vende barato e compra caro. Estamos nos virando em um canto e em outro na venda casada. Além disso, não tem dinheiro para capital de giro e a gente sofre muito para aproveitar as oportunidades e provações. A gente vive no movimento do dia a dia”, finaliza.

Fonte: Balcão Automotivo

Programa EMPRESA AMIGO DO VAREJO