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Tendência por carros automáticos evidencia importância do fluído de transmissão

Por Marcelo Martini

Os carros automáticos têm se tornado um desejo de consumo para muitos brasileiros. De acordo com levantamento realizado pela S&P Global, nos últimos dez anos, o volume de veículos vendidos com algum tipo de câmbio automático no Brasil saltou de cerca de 15%, em 2012, para mais de 60%, em 2022.

O fator principal que leva o consumidor a adquirir carros com câmbio automáticos é a busca pelo seu conforto ao dirigir. Com o avanço constante da indústria automobilística, futuramente haverá uma provável redução nos preços dos veículos automáticos e na tecnologia das transmissões, trazendo além do conforto, economia no consumo de combustível.

Além disso, segundo previsões da Bright Consulting, em 2030, o câmbio manual estará presente em apenas 5% dos carros vendidos no Brasil, aumentando ainda mais a tendência pelos veículos automáticos. Indo de encontro a esta ideia, já é possível afirmar que, em breve, o câmbio manual será voltado apenas a alguns nichos de mercado, como carros esportivos, ou ainda, serão comercializados em concessionárias apenas sob demanda.

Nese sentido, o carro automático, cada vez mais comum nas ruas, exige cuidados específicos para que seu funcionamento ocorra perfeitamente, como uma atenção especial à saúde do câmbio, fator crucial para evitar percalços de manutenção.

Como toda peça mecânica, o câmbio automático também sofre desgaste dos seus componentes e se não tiver sua manutenção preventiva em dia e de forma correta, a qual pode ser realizada com a troca de fluídos e filtros da transmissão, poderá sofrer avarias, trazendo um gasto maior ao seu proprietário.

A importância do fluído de transmissão automática

O lubrificante para transmissão possui diversas finalidades além de lubrificar o conjunto do câmbio, como resfriar a transmissão, realizar a limpeza das peças, garantir a pressão correta do sistema, evitar que se formem depósitos de impurezas e borras, bem como proteger as peças contra a oxidação.

Neste contexto, e alinhado ao fato de cada câmbio apresentar uma forma diferente de funcionamento, com temperaturas e componentes internos distintos, os fabricantes desenvolveram lubrificantes específicos destinados para cada tipo de câmbio, com propriedades que cumprem as demandas destas variações de forma eficiente.

Devido a estes detalhes, o desenvolvimento e a validação do fluído de transmissão automática é um processo complexo, com testes específicos que devem ser realizados para validar a performance do lubrificante antes dos testes finais de durabilidade a longo prazo. Todas essas particularidades refletem a importância de um fluído de qualidade para garantir a vida útil e a saúde das transmissões.

Desta forma, a utilização de lubrificantes incorretos ou não aprovados para determinado veículo, pode ocasionar, além de falhas nas trocas automáticas de marcha, o travamento do sistema de transmissão como um todo, resultando em um prejuízo muito maior ao proprietário do que investir na manutenção preventiva e no uso do fluído correto para aquele determinado modelo de câmbio.

Além disso, os lubrificantes para transmissões automáticas possuem uma formulação específica, uma vez que a transmissão conta com exigências maiores, como o controle de temperatura.

As diferenças entre os tipos de transmissão automática

Atualmente, de acordo com um levantamento realizado pela Jato, entre todos os veículos automáticos no Brasil, 39,7% contam com câmbio automático, 20,5% são do tipo Câmbio de Transmissão Continuamente Variável (CVT) e 1,9% automatizado.

O tipo de câmbio automático, portanto, varia bastante de país a país, e de montadora a montadora, não havendo um modelo ideal, visto que cada transmissão conta com uma característica diferente que pode ou não agradar ao consumidor.

O câmbio automático convencional, por exemplo, funciona com um conjunto de discos que, alinhado a um conversor de torque, acoplam-se para realizar a passagem das marchas, permitindo trocas suaves de marcha, com a ausência dos “trancos”, além de apresentar uma maior durabilidade em comparação aos outros tipos de transmissão.

Já para aqueles que buscam uma dirigibilidade com apelo esportivo, o sistema de Câmbio Automatizado de dupla embreagem (DCTF ou DSG) é uma boa opção, pois utiliza duas embreagens que substituem o conversor de torque, realizando as trocas de marchas mais rapidamente, mantendo o conforto.

O Câmbio de Transmissão Continuamente Variável (CVT), por sua vez, diferente dos outros modelos, não conta com engrenagem ou discos. Seu funcionamento é realizado por meio de uma ligação direta entre o motor e os eixos do automóvel e seu principal diferencial é proporcionar maior conforto e melhor autonomia com menor consumo de combustível.

Neste sentido, independentemente do tipo de câmbio, o processo de troca do fluído de transmissão automática deve ser realizado de forma zelosa. O procedimento é simples e pode ser feito de forma manual ou com o uso de uma máquina específica para a troca de fluídos, a qual auxilia o reparador especialmente em relação ao tempo e à qualidade da troca.

Ademais, é preciso atentar-se ao período de troca do fluído de transmissão automática, o qual geralmente está especificado no manual do veículo. Em raros casos em que não há a recomendação, o adequado é realizar a troca a cada 40.000 ou 50.000 quilômetros rodados. Já se houver usos mais severos, como em engarrafamentos diários e frequentes, o período de troca deve ser menor, a cada 30.000km. De qualquer modo, é sempre importante contar com a avaliação de um especialista.

Adaptação do mercado para altas demandas

Além de um consumidor bem preparado, com o aumento da frota de veículos automáticos, os profissionais da reparação automotiva também devem evoluir e buscar conhecimento para atender a esta demanda.

Com a alta presença de carros automáticos em oficinas, muitos reparadores acabam por fazer a manutenção de forma tradicional, como avaliação do óleo de motor, troca do fluído de freio e verificação da suspensão, enquanto alguns enviam o veículo para outra oficina para fazer a manutenção preventiva do câmbio, que se traduz na troca de fluído de transmissão automática e até pequenos reparos, deixando de receber um faturamento importante para o seu negócio por falta de conhecimento.

Dessa forma, é imprescindível que o reparador e o consumidor conheçam e utilizem o que há de melhor em fluído de transmissão automática no mercado, com homologações adequadas para cada tipo de câmbio e as mais corretas tecnologias de aditivos para que haja um maior desempenho e vida útil da transmissão, e consequentemente, do veículo por completo.

Marcelo Martini é Gerente de Vendas do Aftermarket da FUCHS, maior fabricante independente de lubrificantes e produtos relacionados do mundo.

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