Por Pedro Kutney
Goiana, PE – A Stellantis confirmou o que já era esperado: a família brasileira da Jeep crescerá para quatro modelos em 2026. O Avenger ocupará a posição de entrada da gama, ao lado de Renegade, Compass e Commander, nesta ordem crescente de preços. Mas o novo SUV compacto urbano não deverá dividir a mesma linha de montagem em Pernambuco e deverá ser produzido em Porto Real, RJ, informação ainda não oficializada pela empresa.

A divulgação da produção nacional do Avenger foi feita na quarta-feira, 14, mesma data em que a Jeep faz o lançamento oficial do modelo no Chile e em outros mercados sul-americanos.
A produção em Porto Real – e não em Goiana, PE, como acontece com os demais Jeep no Brasil – é devida à plataforma do Avenger, a CMP, sobre a qual já são montados na planta do Sul-fluminense os Citroën C3, Aircross e Basalt, marca que passou a integrar a constelação da Stellantis após a fusão da PSA com a FCA, em 2021.
Apesar de parecer uma solução óbvia produzir o Avenger na linha de Porto Real, que já fabrica carros sobre a plataforma CMP, uma vez que já foi anunciado no ano passado que a fábrica receberá investimento de R$ 3 bilhões para fazer um “modelo inédito”, a Stellantis ainda não confirma esta decisão e nem as características técnicas do novo Jeep nacional. Segundo Emanuele Cappellano, presidente do grupo na América do Sul, somente “mais adiante informaremos como vamos fazer o Avenger no Brasil”.

Desenvolvimento para o Brasil
É fato que o Avenger nacional deverá ter diferenças técnicas relevantes com relação ao modelo europeu, que é produzido somente na Polônia e vendido em uma dúzia de versões com opções de motor a gasolina turbo 1.2 de 100 cv, híbrido-leve de 48 V, híbrido plug-in 4xe com 134 cv e 100% elétrico de 156 cv. No Brasil a expectativa é de utilização do motor turboflex 1.0 de 130 cv adaptado à arquitetura Bio-Hybrid com eletrificação leve de 48 V, que no futuro eventualmente poderá evoluir para híbrido plug-in e 100% elétrico, a depender do mercado.
A CMP já foi pensada para isto, originalmente desenvolvida pela PSA, em 2016, como plataforma multienergia – abriga powertrain a combustão, híbrido ou 100% elétrico – para carros Peugeot e Citroën. A Jeep, marca que veio do lado FCA da Stellantis, foi uma das primeiras a aproveitar esta sinergia do novo grupo ao projetar o Avenger sobre a CMP, para ser um SUV urbano a ser vendido inicialmente em mercados europeus.
Convívio com os irmãos
Em comunicado oficial a Stellantis garante que o Avenger “chegará para complementar a gama nacional da Jeep e vai conviver no mercado ao lado do Renegade, Compass e Commander”. Com isto o fabricante tenta evitar que a provável canibalização das vendas do Renegade pelo novo modelo comece antes mesmo da chegada dele às concessionárias.

Ao posicionar o Avenger na entrada de preços de sua gama no País a Jeep corre o risco de matar as versões mais em conta do Renegade, que hoje ocupa justamente a posição de mais barato da marca. Contudo a Stellantis garante que haverá espaço para os dois, justifica Hugo Domingues, vice-presidente da Stellantis responsável pela marca Jeep na América do Sul: “Serão modelos complementares. O Renegade terá vida longa, haverá uma nova geração e um futuro promissor”.
Todos os Jeep produzidos em Pernambuco, inclusive o Renegade, são montados sobre a plataforma Small Wide, desenvolvida há mais de dez anos pela FCA e que no Grupo Stellantis está sendo substituída pela STLA Medium. Embora não confirme que esta nova plataforma será também introduzida no Brasil Cappellano diz que será adotada uma nova arquitetura para permitir a adoção de tecnologias de propulsão eletrificadas.
Fonte: AutoData