Por Alzira Rodrigues
O Sindipeças acaba de atualizar o seu relatório conjuntural com dados até o mês de março e as perspectivas de negócios para os próximos meses. A receita líquida nominal avançou 17,8% no trimestre e, em termos reais, 13,8%, acompanhando desempenho positivo do mercado e das montadoras.
“Até aí, desborda o lado positivo da história”, destaca a entidade. “Porém, como os resultados mostram desaceleração (as taxas de variação têm sido decrescentes), podendo se agravar nos próximos meses, afigura-se o temor. Em outras palavras, não é pequena a probabilidade de que o segundo semestre apresente desempenho pior do que o de idêntico período de 2024”, complementa o relatório.
Em função do resultado de março, as autopeças temem por resultados piores já a partir de agora. Em termos nominais, as vendas para montadoras recuaram 2% no terceiro mês do ano sobre fevereiro e houve queda de 4% no mercado de reposição. Somente as exportações lograram crescimento no mês, de 6,6%.
“Em resposta a esse cenário, a utilização de capacidade reagiu com queda de 1,5 ponto porcentual – para 74% – e o saldo de empregados encolheu 6,2% frente ao mês anterior, indicando que as empresas do setor aguardam resultados mais fracos do segundo trimestre para frente”, avalia o Sindipeças.
Além dos números de março, o temor leva em conta o aumento dos juros básicos, a expectativa de perda de dinamismo do mercado de trabalho, a forte volatilidade cambial e as incertezas sopradas pelos ventos que vêm de fora, como o tarifaço de Donald Trump nos Estados Unidos, guerra no Leste Europeu, acirramento das tensões na Faixa de Gaza e o recente episódio entre Índia e Paquistão.
A entidade até cita medidas do governo para mitigar os riscos de uma desaceleração mais forte da economia, como a liberação do saldo das contas vinculadas ao FGTS para os trabalhadores que optaram pela modalidade do saque-aniversário, a instituição do modelo de crédito consignado privado e a antecipação do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS .
Mas mesmo assim deixa claro o temor por dias pioores a partir deste primeiro trimestre e, em especial, na segunda metade do ano.
Fonte: AutoIndústria – Foto: Divulgação/Automec