A União Europeia (UE), de fato, apresentou um pacote de revisões das metas de emissões veiculares estipuladas para países do bloco. Com a medida, a região cede às pressões de montadoras que, no últimos anos, passaram a defender medidas mais flexíveis.
Em comunicado divulgado na terça-feira, 16, a UE reconheceu que a indústria encontra-se “num momento crucial, desafiado por rápidas mudanças tecnológicas e crescente concorrência”.
“Para enfrentar esses desafios, as novas medidas estabelecem regras ambiciosas e pragmáticas para que a indústria e os países da UE se adaptem à mobilidade limpa e, ao mesmo tempo, à competitividade do setor”, diz a nota.
Abaixo, listamos como eram e como ficaram as novas regras, que ainda deverão ser aprovadas pelos governos dos países do bloco e pelo parlamento europeu.
1. O que valia antes?
O regulamento estabelecido pela UE tinha duas metas: a primeira, estipulada para 2030, visava a redução de 55% das emissões de carros novos na comparação com as emissões registradas em 2021. No caso de veículos comerciais, a redução deveria ser de 50%.
A segundo, com vistas a 2035, tinha como objetivo reduzir em 100% as emissões de CO2 na frota circulante de veículos novos no bloco. Na prática, isso significava o banimento total dos veículos equipados com motor de combustão interna, dando lugar a modelos elétricos.
Neste primeiro conjunto de metas, não estavam previstos nenhum tipo de incentivo ao uso de combustíveis sintéticos, biocombustíveis ou compensações industriais.
2. O que vale agora?
A nova proposta não abandona a meta climática, mas altera profundamente o caminho para alcançá-la. A meta para 2035, por exemplo, deixa de ser “zero absoluto”. A exigência passa a ser a redução em 90% das emissões de CO₂ no escapamento. Os 10% restantes podem ser compensados, e não eliminados. Com isso, na prática, o motor de combustão interna deixa de ser algo proibido.
3. Introdução formal de mecanismos de compensação
Esses 10% restantes, segundo a novo pacote de regras, podem ser compensados por dois instrumentos inéditos no marco regulatório: créditos por uso de aço de baixo carbono e créditos por combustíveis sintéticos e biocombustíveis. Assim, na prática, a UE passa a considerar emissões “para além do escapamento”, algo que antes não existia.
4. Sobrevida de outras tecnologias de motores após 2035
Com a nova regra, o mercado europeu abre espaço para modelos híbridos plug-in (PHEV), modelos equipados com extensor de autonomia (REEV), híbridos leves e para aqueles que utilizam motores que consomem combustíveis de baixo carbono.
5. Flexibilização das metas intermediárias
O regulamento revisado proposto pela UE flexibiliza o porcentual de emissões de veículos comerciais em 2030. A meta, portanto, foi de redução de 50% para 40%. Essa medida é uma espécie de reconhecimento de que as montadoras estavam realmente enfrentando dificuldades estruturais na eletrificação de furgões, por exemplo.



































