O programa Renovar, destinado à renovação de frota e retirada de circulação de veículos pesados com mais de 30 anos (caminhões, ônibus e também carretas), terá o aporte anual de cerca de R$ 500 milhões. A informação foi divulgada na sexta-feira, 8, durante entrevista coletiva realizada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
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“Este é um valor estimado inicialmente. O programa vem sendo gestado há mais de dois anos pelo governo federal, constituído em parceria com os Estados e com apoio da Anfavea”, afirma Glenda Lustosa, secretária do Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação dentro do Ministério da Economia.
“Os recursos para o fundo destinado à renovação de frota virão das empresas de petróleo e gás”, explica Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea. “Essas empresas aplicarão parte daquilo que obrigatoriamente investem todos os anos em pesquisa e desenvolvimento”, informa.
Quase meio milhão de caminhões tem mais de 25 anos
A medida provisória 1.112 que criou o Renovar foi publicada em 1º de abril no Diário Oficial da União. Até maio devem sair o decreto e a portaria que vão detalhar como de fato o novo programa de renovação de frota vai funcionar. Glenda Lustosa recorda que ele permanecerá em vigor até 2027.
“Considerando que o valor médio de um desses caminhões antigos é de R$ 30 mil, com estes R$ 500 milhões anuais seria possível retirar de circulação, a cada ano, cerca de 16 mil unidades”, afirmou Marco Saltini em entrevista a Automotive Business. Vale dizer que a frota circulante tem atualmente cerca de 450 mil caminhões com mais de 25 anos.
Como vai funcionar
O Renovar será operado por uma plataforma digital (aplicativo). Trata-se de um programa destinado a tirar de circulação veículos pesados em mau estado de conservação, inseguros e também poluentes, forçando assim a redução da média de idade atual da frota, próxima a 20 anos.
“A adesão é voluntária. O proprietário de um desses veículos vai entrar na plataforma informando o ano/modelo de seu veículo, que será avaliado pelas tabelas Fipe e Molicar”, afirma Saltini.
Se o proprietário concordar com o valor, terá de abrir conta em um banco participante e levará o veículo rodando a um Detran a fim de dar baixa na documentação. Neste momento o veículo será direcionado à reciclagem, o que vai gerar um certificado de destruição.
O proprietário receberá esse certificado, o valor de mercado do veículo e também a quantia paga pela sucata. Esse caminhoneiro poderá usar o recurso para compra de um veículo com menor uso ou mesmo novo.
Tanto o governo como a Anfavea esperam que Estados, municípios, montadoras, concessionárias e financeiras participem do Renovar com incentivos que favoreçam a viabilidade da renovação de frota.
Iveco já faz programa piloto
Em um programa piloto, a fabricante de caminhões Iveco montou uma estrutura em parceria com uma de suas revendas para captar 50 veículos com mais de 30 anos a partir de um crédito de R$ 30 mil. Esse piloto ocorre em Minas Gerais, onde a legislação prevê isenção de IPVA por dez anos para quem entregar um veículo antigo à reciclagem.
De acordo com levantamento divulgado pela Anfavea, os custos anuais com acidentes provocados por caminhões com mais de nove anos chegam a cerca de R$ 50 bilhões. Já os gastos com congestionamentos gerados por modelos com mais de 25 anos somam, a cada ano, R$ 11 bilhões. O governo gasta ainda anualmente com o sistema público de saúde outros R$ 500 milhões em razão de problemas respiratórios causados pela poluição emitida por veículos acima de 25 anos.
Fonte: Automotive Business