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Produção de veículos segue normal mas com sinal amarelo

Montadoras mantêm o ritmo de produção e não descartam efeitos no curto prazo, enquanto buscam alternativas para o fornecimento de chips

24/10/2025

Por André Barros e Soraia Abreu Pedrozo

A produção de veículos segue seu ritmo normal nas fábricas brasileiras, apesar do fantasma da falta de chips, que voltou a assombrar a Europa e já apareceu por aqui, dando sustos que fizeram Anfavea e Sindipeças bater à porta do governo em busca de colaboração. A Agência AutoData questionou diversas empresas a respeito da situação e nenhuma informou haver impacto direto imediato, embora tenham acendido o sinal amarelo.

A Volkswagen, dentre as procuradas pela reportagem, foi a única a não descartar problemas no curto prazo, devido à “situação dinâmica”. A montadora afirmou, em nota, que busca opções alternativas de fornecimento para minimizar a situação.

Na Europa a companhia garantiu produção normal ao menos até o fim do mês, segundo reportagem da agência de notícias Reuters. Uma parada nas linhas do Golf e Tiguan na sexta-feira, 24, acabou gerando alarde, mas a empresa garante que fazia parte da programação para manutenção periódica dos equipamentos.

Ao jornal alemão Handelsblatt o chefe de produção da VW, Christian Vollmer, afirmou que encontrou fornecedor alternativo que pode compensar a perda das entrega dos chips da Nexperia, sem entrar em pormenores. Efeitos de curto prazo, porém, ainda não foram completamente descartados.

Os componentes produzidos pela Nexperia não são chips de alta tecnologia, mas de baixo custo com produção em massa. Operam em funções como interruptores e controles do volante, o que torna menos complicado encontrar fornecedores alternativos que entregam peças semelhantes.

A Renault afirmou, em nota, que mantém contato diário com os fornecedores, que também buscam soluções alternativas para comprar seus chips. No momento enxerga potencial impacto limitado, sem afetar lançamentos e produção. Da mesma forma a General Motors e a Hyundai afirmaram que não enxergam mudanças nas operações no curto prazo.

Efeito gerado nos outros degraus da cadeia

Uma fonte da indústria brasileira afirmou à reportagem que não são as montadoras que compram os semicondutores, mas seus fornecedores. Por este possível efeito pulverizado é difícil mapear com precisão a situação real do momento, por isto a preocupação e o alarde gerado pela Anfavea e pelo Sindipeças: se faltar um chip em um componente toda a produção pode ser comprometida.

A Anfavea calcula que um veículo pode ter de 1 mil a 3 mil semicondutores.

A Bosch admitiu que pode haver possíveis impactos em sua produção. Em comunicado global, sem citar países, afirmou na sexta-feira, 24, que “caso as restrições de controle de exportação persistam, não podemos descartar ajustes temporários na produção em algumas plantas da Bosch”. Alternativas de fornecimento tem sido procuradas também pela sistemista.

Em carta enviada ao ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, o Sindipeças afirmou que observou, nas últimas semanas, “redução significativa na disponibilidade de componentes eletrônicos essenciais para módulos de controle, sistemas de injeção e produtos de alta tecnologia aplicados em veículos leves, comerciais e industriais”.

Indústria já conviveu com falta de semicondutores

Crise semelhante ocorreu logo após a pandemia, quando faltaram semicondutores para veículos e a produção brasileira foi impactada. Na época, por causa dos lockdowns, as empresas do setor automotivo reduziram suas encomendas e, quando voltaram a pedir, os volumes haviam sido direcionados para outras indústrias, como as de celulares e computadores, que estavam aquecidas pela onda de trabalho remoto.

O caso atual é diferente: apenas uma empresa, a Nexperia parou de exportar a mando do governo chinês, em retaliação à decisão da Holanda de assumir o controle de sua subsidiária local. O problema é que a Nexperia manda altos volumes de semicondutores para a indústria automotiva.

Fonte: AutoData

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