Apesar da queda na comparação com setembro, demanda segue aquecida, afirma entidade
As montadoras de motocicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM/AM) produziram 90,9 mil unidades em outubro, de acordo com o balanço divulgado pela Abraciclo (entidade que reúne as fabricantes do setor). O resultado representa queda de 13,5% em relação ao número de setembro (105 mil unidades) e de 16,7% na comparação com o mesmo mês do ano passado (109,1 mil veículos). No acumulado do ano, o resultado também é negativo quando comparado com o de 2019. Foram produzidas 784,4 mil motos de janeiro a outubro deste ano, contra 945,5 mil no ano passado.
Para Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo, três fatores estão influenciando fortemente no desequilíbrio entre oferta e procura no setor: o fato de muitas pessoas terem adotado a motocicleta para evitar o uso do transporte coletivo (por temerem as aglomerações), o grande número de trabalhadores que passaram a usar a moto como fonte de renda – principalmente em serviços de entrega – e os cotistas contemplados em consórcio, que buscam os modelos designados em seus planos.
“As fábricas foram impactadas diretamente pelas diversas adaptações necessárias para atender às medidas sanitárias recomendadas pelos órgãos de saúde”, explicou Fermanian. “O maior distanciamento entre os postos de trabalho, por exemplo, gera aumento no tempo de produção das motocicletas”, afirmou. “Mas enquanto houver riscos de disseminação do novo coronavírus, essa estrutura precisará ser mantida, pois a prioridade no setor é assegurar a saúde do colaborador”, disse.
MAIS EMPREGOS, MESMO COM A PANDEMIA
O dirigente frisou ainda que, apesar da crise provocada pela Covid-19, a indústria de motos registrou aumento no número de empregos. “De acordo com dados da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), estamos com 12,8 mil colaboradores diretos, enquanto em dezembro de 2019 contávamos com 12,1 mil trabalhadores diretos no setor”, contou.
O presidente da Abraciclo explicou também que, embora algumas fabricantes tenham relatado problemas com o abastecimento de insumos, até o momento esse fator não impactou as linhas de produção. “Todas as empresas associadas estão mantendo seus níveis de fabricação”, declarou.
Por conta dos problemas provocados pela crise da Covid-19, a Abraciclo revisou suas projeções para 2020, e a expectativa, agora, é chegar a 937 mil motocicletas produzidas, o que vai significar uma retração de 15,4% em relação ao ano passado, no qual foram montadas 1,1 milhão de unidades. No início deste ano, havia a esperança de alcançar a marca de 1,17 milhão de motocicletas produzidas.
VENDAS NO VAREJO E NO ATACADO
A queda na produção se refletiu nos licenciamentos, como era de se esperar. Foram 96,1 mil unidades emplacadas em outubro, contra 99,6 mil em setembro, o que corresponde a um recuo de 3,5%. Já em relação ao mesmo mês de 2019, quando foram licenciadas 98,3 mil motos, a baixa foi menor, de 2,3%. A média diária de vendas em outubro deste ano foi de 4,6 mil unidades, o que representou o melhor resultado para um mês de outubro desde 2014, que teve 5,2 mil modelos emplacados por dia. Assim, as vendas no varejo somaram 726,9 mil motos no período de janeiro a outubro, número que representa queda de 18,8% na comparação com o resultado do mesmo período do ano passado, quando foram vendidas 894,8 mil unidades.
Já no atacado, que teve 90,8 mil modelos enviados das fábricas para as concessionárias, a retração foi de 9,8% em relação ao número de setembro (100,6 mil veículos) e de 11,4% quando comparado ao mesmo mês de 2019, que registrou 102,5 motocicletas comercializadas. O acumulado do ano mostra que as revendas receberam 756,4 mil motocicletas das montadoras, que corresponde a 17,7% menos que o número do acumulado de 2019 (918,6 mil).
EXPORTAÇÕES TAMBÉM TÊM QUEDA
A venda de motocicletas produzidas no Brasil para o exterior teve retração de 35,7% em outubro, com 2,3 mil unidades exportadas, contra 3,6 mil em setembro. Em relação ao mesmo mês de 2019, quando foram enviadas 3,1 mil motos para outros países, a queda foi de 26%. No acumulado deste ano, as exportações somam 25,9 mil modelos, enquanto a correspondente do ano passado foi de 32,3 mil, indicando queda de 19,5%. A Argentina, com 8,4 mil modelos, segue sendo o principal destino das motocicletas exportadas pelo setor, seguida de Colômbia (5,1 mil) e Estados Unidos (4,6 mil).
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