Peças de carros seminovos têm aumento de até 161% em três anos

Além dos componentes, preço da mão de obra também vai subir nas oficinas mecânicas em 2022 (Por João Vitor Ferreira)
Peças de carros seminovos têm aumento de até 161% em três anos
O preço total da cesta de peças do Gol subiu de R$ 4.861,50 para R$ 6.116,52 Divulgação/Quatro Rodas

Mesmo com a retomada da economia, 2021 não foi um bom ano para os 0 km. Fatores como a falta de componentes e a crise hídrica dificultaram que o número de novos emplacamentos crescesse. Além disso, segundo a Fenabrave, o setor de automóveis novos deverá fechar o ano com uma queda de 2,2% nos emplacamentos. Por outro lado, entre os usados, os resultados e as perspectivas se invertem.

O setor de usados ficou aquecido pela falta de veículos novos nas lojas. Levando em consideração todos os segmentos (automóveis, utilitários leves, caminhões, ônibus, motos e implementos rodoviários), os 11 primeiros meses de 2021 registraram marca histórica. Foram 13.932.777 trocas de titulares, volume 24,79% maior do que no mesmo período do ano passado.

Mas como bem sabemos, tudo vêm ficando mais caro e fazer a manutenção de um carro usado, mesmo que seminovo, não foge da regra. Segundo a própria FENABRAVE, dentre todos os veículos revendidos no Brasil, os automóveis com até 3 anos de fabricação representam 11,9% do acumulado geral, sendo o Volkswagen Gol o campeão de troca de titularidade.

Para esse modelo, os aumentos da cesta de peças (mesma utilizada em nosso Melhor Compra) tiveram média de 26%. O preço das pastilhas de freio para a versão 1.0 Flex do hatch da Volks fabricado em 2019,

custava R$ 280 em julho do ano de montagem, segundo levantamento feito pela SUIV. Hoje, para comprar a mesma peça, o consumidor terá que desembolsar cerca de R$ 370,61. Um aumento de aproximadamente 32%.

Analisando outra peça temos um aumento ainda maior. Para trocar o para-brisa dianteiro, em 2019, o dono de um Gol gastaria R$ 1.167,73. Agora o preço está 39% maior, chegando a R$ 1.628,24.

Mas se olharmos para o seu rival direto e segundo na lista de revendas da FENABRAVE, o Fiat Uno, encontramos aumentos ainda maiores. O preço do farol esquerdo da versão Attractive 2018 mais que dobrou em três anos, passando dos R$ 370,16 para R$ 793,25 neste ano. Reajuste equivalente a 114%.

O preço do retrovisor esquerdo sofreu diversas variações de 2018 para cá. Em maio, a peça, que custava R$ 207,14, registrou seu maior valor em três anos, custando R$ 498,49. Já em outubro, o preço baixou para R$ 403,85 o que significa um aumento de 95% em relação ao valor inicial. No geral, o uno deve média de aumentos de 57%.

O preço total da cesta de peças do é de R$ 7.229,02. Quando foi lançado, o valor era de R$ 4.704,62 Divulgação/Fiat

Enquanto isso, o Palio Weekend Attractive 1.4 2018 tem valores ainda maiores. O preço da sua cesta de peças subiu 80% em três anos. O para-choque dianteiro foi o campeão, aumentando 161%. Seu valor, que era de  R$ 837,77, subiu para R$ 2.194,03 em outubro deste ano.

Claro que a alta nos preços foi sentida pelo consumidor. “O cliente geralmente não reclamava do preço da mão de obra, reclamava das peças”, afirma Ricardo Cramer, vice-presidente do Sindicato dos Reparadores de São Paulo (Sindirepa-SP) e proprietário de uma oficina na baixada santista. 

Mas isso tem um motivo. Durante a pandemia, segundo Cramer, as oficinas fizeram de tudo para não subir o valor de seus serviços, mesmo com o aumento nos custos de água, luz e aluguel, por exemplo. “Eu fiz uma pesquisa com alguns reparadores de São Paulo. A maior parte deles manteve o preço de mão de obra para não onerar o cliente com diferença de preço.”

O para-brisa do Palio Weekend é outra peça com aumento significativo, subindo 79%. Atualmente, ela custa R$ 3.992,20 Divulgação/Fiat

O acréscimo vai começar a ser sentido agora. O vice-presidente, que precisou fazer rodízio de funcionários para não repassar os novos gastos aos clientes, diz que em sua oficina já houve um aumento nos preços. “Eu mesmo subi cerca de 8% agora em novembro e em janeiro vou ter que fazer outro reajuste. A tendência é que as oficinas do estado subam de 8% a 10% nos preços de mão da obra.”

Para 2022, o vice-presidente, que está no ramo há 35 anos, diz que tudo vai depender do mercado. As previsões, segundo ele, são difíceis de fazer, mas é pouco provável que os reparadores segurem o custo da mão de obra, como foi feito entre 2020 e 2021. “Se os custos continuarem subindo, então teremos que ter novos aumentos”, explica Cramer.

Fonte: Quatro Rodas (https://quatrorodas.abril.com.br/noticias/pecas-de-carros-seminovos-tem-aumento-de-ate-161-em-tres-anos/)

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