Convênio entre a ACCredito, braço financeiro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), e o Sebrae-SP vai permitir que micro e pequenos empresários paulistas tenham acesso a linhas de crédito orientado. A parceria foi firmada nesta quinta-feira, 3/02, na presença do ministro da Economia Paulo Guedes.
O dinheiro será emprestado pela ACCredito, que não exigirá garantias dos empreendedores que tomarem o recurso. A garantia será dada pelo Sebrae, por meio do seu fundo de aval. A expectativa é atender mais de 3 mil pequenos negócios com a liberação de R$ 40 milhões em crédito.
Por se tratar de crédito orientado, o Sebrae-SP também irá monitorar toda a jornada do empresário que busca o empréstimo, auxiliando desde a formalização do pedido de crédito até a gestão do recurso concedido. Para fazer esse acompanhamento, colocará à disposição dos tomadores 300 consultores.
Segundo Alfredo Cotait Neto, presidente da ACSP, o crédito orientado começa a ser disponibilizado dia 14 deste mês para empreendedores de Franca, no interior de São Paulo, ainda como um projeto piloto.
Franca foi escolhida para iniciar o projeto por se tratar de um reconhecido polo de micro e pequenas empresas do ramo calçadista. A ideia é gradualmente levar a linha de crédito para outras cidades, e nacionalizar a iniciativa.
Empresários filiados à ACSP ou ao Sebrae terão condições especiais nas taxas de empréstimo, afirmou Milton Luiz de Melo Santos, presidente da ACCredito, durante a assinatura do convênio entre as entidades.
A ACCredito é um fintech criada em 2021 que atua no modelo phygital, ou seja, com ambiente virtual integrado ao físico. É possível obter crédito em processo exclusivamente digital, mas se necessário, o tomador pode buscar apoio de consultores em postos físicos de atendimento.
A empresa oferece linhas de capital de giro, financiamento para investimento fixo, desconto de duplicatas, antecipação de recebíveis de cartão e maquininhas. Agora essas linhas ganham o perfil de crédito orientado com a parceria do Sebrae.
“O crédito precisa chegar na ponta sem burocracia, e com a parceria isso vai ser possível. O empreendedor que não consegue ter acesso ao crédito agora vai ter o suporte do Sebrae, que também vai ajudá-lo a maximizar os ganhos com o recurso emprestado”, disse Cotait.
Nesse sentido, Guilherme Afif Domingos, assessor especial do ministério da Economia, afirmou que o crédito não chega aos pequenos porque está concentrado em poucos bancos. “Os pequenos ficaram à mercê de um oligopólio de bancos que promoveram a concentração do crédito nas grandes empresas, que têm garantias para oferecer”, disse.
Mas, segundo ele, este cenário começa a mudar com as fintechs e os fundos garantidores, como os do Sebrae, que permitem aos empreendedores obterem crédito sem oferecer garantias.
Ivan Hussni, diretor técnico do Sebrae-SP, lembrou da importância do crédito orientado aos empreendedores. “Tivemos uma experiência nessa modalidade com a linha Juros Zero. De cada dez empreendedores que pegaram empréstimos, 30% saíram de MEI e viraram micro ou pequena empresa. Outros 42% se formalizaram. Ou seja, crédito orientado é positivo para a economia”, disse.
GUEDES: SIMPLES NÃO É SUBSÍDIO
O ministro da Economia esteve presente na reunião de assinatura da parceria entre ACCredito e Sebrae, onde afirmou que precisou resistir a pressões para acabar com o Simples Nacional.
As pressões vinham da Receita Federal, que classificava o Simples como a maior renúncia fiscal do governo. Mas no final do ano passado, o Congresso Nacional decidiu que o Simples não pode mais ser considerado renúncia.
“O Simples não é subsídio. Sempre me procuram para falar isso, mas eu sigo o que o Afif diz. Simples não é subsídio”, disse Guedes.
O ministro falou ainda que o governo foi “totalmente a favor do Relp [o refis do Simples]. O projeto que criava esse programa especial de parcelamento para micro e pequenas empresas foi vetado na íntegra pelo presidente Jair Bolsonaro. O governo tratou essa contradição como um equívoco.
O programa deveria ter sido sancionado pelo presidente até 31 de dezembro. No entanto, a sanção ocorreu apenas em 6 de janeiro, surgindo então o impedimento legal, que proíbe a concessão de benefícios em ano eleitoral.
O congresso ainda pode derrubar o veto, e segundo Guedes, com a anuência do governo.
O ministro da Economia disse ainda que considera que o país se recupera bem da crise. “Geramos mais de 3,5 milhões de empregos em um ano e meio”. Para avançar mais, segundo Guedes, será necessária a reforma tributária.
Ele acredita que reformas importantes sejam aprovadas ainda este ano. “Os presidentes do Senado e da Câmara disseram que não irão parar as reformas estruturantes, mesmo sendo ano de eleição.”
Para o ministro, está em curso uma “reforma econômica” no país, que é atrapalhada pelo barulho político. “Eu imaginei que a nossa luta fosse mais rápida, até por isso quando a covid veio me entristeceu, porque além da miséria humana, esperava uma mudança bem mais rápida”, afirmou o ministro.
Fonte: Diário do Comércio – IMAGEM: Reinaldo Canato / Ricardo Yoithi Matsukawa-ME/Sebrae-SP