Para acompanhar consumidoras, Nissan contrata mais mulheres

Elas já representam a maior parte das pessoas que compram carros da marca, agora o esforço é levar essa representatividade para dentro da companhia (Por Giovanna Riato, AB)
Para acompanhar consumidoras, Nissan contrata mais mulheres
Nissan reuniu jornalistas e influenciadoras em sua fábrica em Resende (RJ) para tratar do desafio de elevar a participação feminina no quadro de funcionários e ampliar a conexão com as consumidoras

A Nissan resolveu encarar de frente um desequilíbrio presente em todas as fabricantes de veículos: se a maior parte dos carros são comprados por mulheres, por que internamente falta essa representatividade? A pergunta foi feito pelo próprio presidente da companhia no Mercosul, Airton Cousseau, ainda em 2021.

“Vimos que 55% dos nossos veículos são vendidos para o público feminino, isso sem contar as compras masculinas que são influenciadas por mulheres. Ficou claro que precisamos estar mais próximos e entender ainda mais as consumidoras”, diz o executivo.


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Um ano depois dessa primeira inquietação, a companhia reuniu em sua fábrica em Resende (RJ) mulheres jornalistas e influenciadoras com dois propósitos: mostrar os resultados do empenho para elevar a participação feminina internamente e ouvir essas profissionais sobre caminhos para trazer mais representatividade à comunicação da marca.

Mais mulheres no quadro de funcionários

Em um ano desde a primeira provocação de Cousseau sobre a necessidade de elevar a presença feminina internamente, a empresa já tem resultados para mostrar. Entre as 763 pessoas que trabalham na área administrativa da companhia no Brasil, a participação das mulheres aumentou de 32,9% para 33,2% de 2021 para cá.

Evolução ainda mais relevante aconteceu nas fábricas. No total, são 1.796 profissionais na operação e as mulheres respondem por 14,4% desse total – há um ano eram apenas 9,6%. A evolução nos números ainda é discreta, mas Cousseau garante que o plano é acelerar:

“De certa forma, me sinto constrangido de tratar desse assunto porque gostaria de não precisar, gostaria que tivéssemos internamente porcentual de mulheres equivalente ao que vemos na sociedade. Ainda assim, temos uma jornada para chegar a isso”, aponta Cousseau.

O desafio não é apenas da Nissan, a força de trabalho feminina representa apenas 19% do quadro de pessoas empregadas na indústria automotiva brasileira, conforme aponta a pesquisa Diversidade no Setor Automotivo, realizada por Automotive Business com coordenação técnica da MHD Consultoria.

Compromisso da liderança com a diversidade

O trabalho para fomentar a diversidade e a inclusão na empresa existe desde 2017. A mudança sensível nos números é resultado da consolidação dos esforços nesse sentido, com medidas como auxílio creche de 36 meses para elevar a retenção de mães a adesão ao programa Empresa Cidadã, que amplia a licença maternidade para seis meses e a paternidade para 20 dias – atualmente, apenas 35% das empresas do segmento oferecem esse benefício, segundo a pesquisa feita por AB.

No ano passado, a companhia incluiu nessa agenda programas de mentoria para mulheres, o recrutamento de maioria feminina nos programas de estágio e trainee, além de trabalhar campanhas publicitárias com protagonismo feminino. 

Marisa Peres, diretora de compliance da organização, lembra que o tema de diversidade e inclusão precisa ser tratado com a mesma seriedade que o próprio compliance e a governança. “Para que as mudanças aconteçam, precisamos do engajamento da liderança. Hoje, com o compromisso que o próprio Airton traz para a pauta, o empenho de outros gestores com o tema passa a crescer”, conta a executiva.

Assim, passo a passo, a Nissan pretende reproduzir em seu quadro de colaboradores a alta participação de mulheres que já encontra em seu público consumidor. Parece que, no mundo automotivo, o presente já é feminino – ao menos quando se trata de quem decide a compra do carro.

Fonte: Automotive Business

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