Para acompanhar consumidoras, Nissan contrata mais mulheres
Elas já representam a maior parte das pessoas que compram carros da marca, agora o esforço é levar essa representatividade para dentro da companhia (Por Giovanna Riato, AB)
A Nissan resolveu encarar de frente um desequilíbrio presente em todas as fabricantes de veículos: se a maior parte dos carros são comprados por mulheres, por que internamente falta essa representatividade? A pergunta foi feito pelo próprio presidente da companhia no Mercosul, Airton Cousseau, ainda em 2021.
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Um ano depois dessa primeira inquietação, a companhia reuniu em sua fábrica em Resende (RJ) mulheres jornalistas e influenciadoras com dois propósitos: mostrar os resultados do empenho para elevar a participação feminina internamente e ouvir essas profissionais sobre caminhos para trazer mais representatividade à comunicação da marca.
Mais mulheres no quadro de funcionários
Em um ano desde a primeira provocação de Cousseau sobre a necessidade de elevar a presença feminina internamente, a empresa já tem resultados para mostrar. Entre as 763 pessoas que trabalham na área administrativa da companhia no Brasil, a participação das mulheres aumentou de 32,9% para 33,2% de 2021 para cá.
Evolução ainda mais relevante aconteceu nas fábricas. No total, são 1.796 profissionais na operação e as mulheres respondem por 14,4% desse total – há um ano eram apenas 9,6%. A evolução nos números ainda é discreta, mas Cousseau garante que o plano é acelerar:
O desafio não é apenas da Nissan, a força de trabalho feminina representa apenas 19% do quadro de pessoas empregadas na indústria automotiva brasileira, conforme aponta a pesquisa Diversidade no Setor Automotivo, realizada por Automotive Business com coordenação técnica da MHD Consultoria.
Compromisso da liderança com a diversidade
O trabalho para fomentar a diversidade e a inclusão na empresa existe desde 2017. A mudança sensível nos números é resultado da consolidação dos esforços nesse sentido, com medidas como auxílio creche de 36 meses para elevar a retenção de mães a adesão ao programa Empresa Cidadã, que amplia a licença maternidade para seis meses e a paternidade para 20 dias – atualmente, apenas 35% das empresas do segmento oferecem esse benefício, segundo a pesquisa feita por AB.
No ano passado, a companhia incluiu nessa agenda programas de mentoria para mulheres, o recrutamento de maioria feminina nos programas de estágio e trainee, além de trabalhar campanhas publicitárias com protagonismo feminino.
Marisa Peres, diretora de compliance da organização, lembra que o tema de diversidade e inclusão precisa ser tratado com a mesma seriedade que o próprio compliance e a governança. “Para que as mudanças aconteçam, precisamos do engajamento da liderança. Hoje, com o compromisso que o próprio Airton traz para a pauta, o empenho de outros gestores com o tema passa a crescer”, conta a executiva.
Assim, passo a passo, a Nissan pretende reproduzir em seu quadro de colaboradores a alta participação de mulheres que já encontra em seu público consumidor. Parece que, no mundo automotivo, o presente já é feminino – ao menos quando se trata de quem decide a compra do carro.
Fonte: Automotive Business