A recente divulgação de uma empresa anglo-polonesa, a Walletmor, sobre a venda microchips como alternativa para meios de pagamento levou as perspectivas para o futuro do consumo a um outro patamar.
Pensar em um chip do tamanho de um grão de arroz, que pode ser implantado no corpo de qualquer pessoa e funcionar como um cartão, já pode ser uma realidade.
A tecnologia substitui cartões bancários e smartphones apenas com o toque da mão (ou de qualquer outra parte do corpo) nos terminais de pagamento. Custando cerca de U$ 300, a alternativa pode ser usada para fazer compras na maioria das empresas ao redor do mundo em que sejam aceitas opções contactless.
Considerada uma extensão de Internet of Things, na tradução para o português, Internet das Coisas, o microchip é uma nova forma de conetividade e troca de dados e, por essa razão, tem de ser medida com os riscos associados, devido aos chips terem dados pessoais de seus usuários.
A novidade se tornou conhecida após ter sido publicada pela BBC UK, há menos de um mês, e esclarece questões, como, por exemplo, preocupações sobre segurança e privacidade.
Segundo a reportagem, a Walletmor diz que a sua tecnologia é a mesma que as pessoas utilizam no seu dia-a-dia, com a diferença de que nesse caso, ela está implantada no seu corpo.
Dentre os benefícios listados para a tecnologia não estão somente as facilidades relacionadas aos pagamentos. Os chips contactless podem ser utilizados por pessoas com deficiência em ações do dia a dia, como ajudar a abrir portas automaticamente.
Essa é aliás, a especialização de outra empresa, a BioTeq, do Reino Unido, que produz chips contactless desde 2017 e também afirma que a tecnologia é segura. A empresa já fez cerca de 500 implantes.
A primeira vez que um microchip foi implantado em um ser humano foi em 1998, mas foi apenas na última década que a opção ficou disponível comercialmente. A Walletmor diz que se tornou, no ano passado, a primeira empresa a colocar o item à venda.
TESTES
Apesar de se intitular como a primeira empresa a comercializar o item, a Walletmor já disputa esse mercado com outros nomes. Por ter uma longa tradição de compartilhamento das informações de seus cidadãos, a Suécia já reúne algumas iniciativas nesse sentido.
Desde 2018, o mercado sueco noticia iniciativas, como a de usuários de academia que trocaram o cartão de identificação pelo microchip para entrar no local; empresas de transporte público que passaram a usar chips biométricos para identificar os usuários e cobrar tarifas de embarque; companhias que já usam a tecnologia para o acesso de seus funcionários no dia a dia.
As notícias sobre esses casos mostram que os dispositivos usam a tecnologia de NFC (Near Field Communication), na tradução para o português, Comunicação por Campo de Aproximação, comumente empregada em cartões de crédito e smartphones.
Funcionando de forma passiva, esses dispositivos armazenam e fornecem informações a outros aparelhos. A aplicação do microchip é semelhante a colocar um piercing.
Renato Gareto, especialista em tecnologia wearable (algo como ‘tecnologias vestíveis’) e sócio da Base2, diz que no Brasil ainda não há políticas empresariais para esse modelo de negócio, que dá seus primeiros passos na utilização de identificação de animais para fins científicos ou controle de pets domésticos.
Sobre a preocupação com compartilhamento de dados, Gareto diz que apesar das ressalvas, enquanto estivermos lidando com um período de testes ainda serão poucos os dados coletados e compartilhados pelos implantes. Entretanto, a expectativa é de que com a popularização do formato, é esperado que o volume informações produzidas cresça com o tempo.
“Já há países muito confortáveis com essa realidade, e poucos relatos de reações adversas do organismo humano aos microchips. Pelo histórico mundial com que as tecnologias têm avançado, diria que há muito potencial disso crescer”, diz.
Fonte: Diário do Comércio – Foto: Freepik