“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Na semana do tarifaço, montadoras sobem o tom contra pedido da BYD

Anfavea afirma que fabricantes de veículos vão rever os investimentos anunciados no país caso o governo reduza o imposto para peças importadas

28/07/2025

Igor Calvet

Por Bruno de Oliveira

Na semana decisiva sobre a imposição de taxas maiores para as exportações brasileiras aos Estados Unidos, o chamado Tarifaço de Trump, as montadoras sobem o tom a respeito da possibilidade do governo federal baixar o imposto que incide sobre kits de peças importadas usados na produção de veículos CKD ou SKD, um pleito defendido em Brasília (DF) pela BYD.


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Na segunda-feira, 28, o presidente da associação das fabricantes de veículos local, a Anfavea, postou em uma rede social que as associadas de fato vão rever os investimentos que foram anunciados para suas operações no país na esteira do Programa Mover. Aportes esses que ultrapassam os R$ 120 bilhões.

“O Brasil não pode trocar a industrialização pela ilusão da montagem”, escreveu Igor Calvet, na oportunidade.

Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o presidente da Anfavea afirmou, ainda, que a mudança cria um “risco de desestruturar o esforço de industrialização nacional, transformando o Brasil em mero montador”, e que isso “é incompatível com os objetivos da política industrial anunciada pelo próprio governo”.

Com a afirmação, a Anfavea volta atrás em sua opinião acerca do caso. Na primeira semana de julho, em sua coletiva mensal de resultados, a entidade havia garantido que, apesar da possibilidade de redução da alíquota do imposto de importação sobre os kits de peças, os investimentos anunciados estavam mantidos pelas montadoras.

O que levou a entidade a rever o seu posicionamento, segundo apurou a reportagem da Automotive Business, é o fato do pleito da BYD poder ser apreciado pelo comitê gestor da Câmara de Comércio Exterior (Camex) na quarta-feira, 30, um período considerado pela indústria automotiva muito rápido para apreciação na matéria.

“A redução da alíquota tem a oposição de diversos ministérios, como MDIC e Planejamento. Por outro lado, há um certo temor de que a mudança na alíquota ocorra de alguma forma por meio de pressões da Casa Civil e do próprio poder executivo”, disse em off um interlocutor da indústria a par do assunto.

Vale lembrar que o ministro da Casa Civil é o ex-governador da Bahia, Rui Costa, que teve forte atuação nas negociações que acabaram instalando a BYD na fábrica de Camaçari, onde operou por muitos anos a Ford.

Hoje, as tarifas que incidem sobre os kits de peças para produção de veículos CKD/SKD são de 18% a 20%. A empresa chinesa solicita redução para 5% e 10%, respectivamente.

Montadoras mandam carta ao presidente

A preocupação com a inclinação da presidência à redução das alíquotas é tamanha que algumas montadoras enviaram uma carta a Luiz Inácio Lula da Silva comentando a respeito dos reflexos negativos que isso poderia provocar na indústria nacional.

Assinam o documento, enviado em 15 de julho, os CEOS das montadoras Volkswagen, Toyota, Stellantis e General Motors.

“É nosso dever alertar, Senhor Presidente, que esse ciclo virtuoso de fortalecimento da indústria nacional está sendo colocado em risco e sofrerá forte abalo se for aprovado o incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país”, afirmam as empresas na carta.

Fonte: Automotive Business

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