Por Natália Scarabotto
As metas do Mover estão transformando o setor automotivo no quesito descarbonização, reciclabilidade e a economia circular. Com as metas ambientais, empresas abrem novos negócios de reciclagem para entrar nesse mercado.
O tema foi debatido no painel “As metas do Mover e como as empresas chegarão lá” durante o Automotive Business Experience – #ABX25, que aconteceu no São Paulo Expo.
Participaram da mesa Murilo Briganti, COO da Bright Consulting; Arthur Rufino, CEO da Octa; Claudio Francisco Schefer, gerente de novos negócios e relações institucionais da EMBRAPII.
Com Mover, mercado de desmontagem de carros tem potencial enorme
Na visão do painelista Arthur Rufino, CEO da Octa, o programa Mover acelerou conversas e permitiu ter na mesma mesa diferentes players, como centros de desmontagem, montadoras, concessionárias e governos.
“O Mover teve essa pitada de acelerar de 10 a 15 anos a evolução do mercado de desmontagem, a formalização acelerada do mercado de desmontagem, e essas surpresas positivas que a gente começa a receber.”
Empresas como Stellantis, SADA e Porto Seguro já entraram nesse mercado. A Toyota anunciou que tem a mesma pretensão.
Com isso, Rufino aponta ainda que o mercado tem muito espaço para crescer. “Você tem um mercado que deveria estar faturando R$ 40 bilhões, mas está faturando apenas de R$ 4,5 a 5 bilhões. O mercado da desmontagem que tem um potencial gigantesco no Brasil.”
Regulamentado em 2015, o negócio de desmontagem andava a passos lentos. “O negócio da desmontagem dos veículos sempre foi subjulgado, com razão porque existia a parte negativa, mas foi regularizado em 2015. Então, temos aí dez anos de desenvolvimento desse mercado e vinha evoluindo no que era possível como um mercado regulamentado.”
As montadoras estão prontas para atingir as metas do Mover?
O COO da Bright Consulting, Murilo Briganti aponta as novidades do Mover, como a medição do poço a roda, reciclabilidade, itens de segurança e eletrificação. No entanto, ele questiona se as montadoras estão prontas para atingir essas metas.
“As montadoras estão aptas pra atender essa meta hoje? Dois terços das montadoras já estão atingindo as metas do Mover, são as importadoras ou que as trabalham em um nível de preço mais alto. As montadoras de grande volume ainda estão numa certa distância e vão ter que evoluir no seu portfólio para eletrifica-lo e atingir as metas.”
O executivo aponta que o caminho para esses desafios é investir em tecnologia, no portfólio e trabalhar a eficiência energética.
Sobre as metas do Mover, ele descarta qualquer tipo de alteração a curto prazo, mas ao longo prazo podem ser revistas.
“Acho que pra 2027 é impensável porque as montadoras já estão traçando planos pra atender as metas. Para 2032, é um pouco incerto porque no Proconve tem uma discussão muito grande do fator de reatividade por causa do etanol, tem os veículos a diesel que está pegando muito no limite de comercial leve, então, pode sim ter uma rediscussão.”
Fonte: Automotive Business