“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Moto barulhenta aumenta risco de perda auditiva em piloto

27/07/2022

Nas grandes cidades, eles já são uma febre. Motociclistas driblam o trânsito e disparam entre os carros. Motociclistas gostam de ouvir o ronco de sua moto, seja por prazer ou para “avisar” pedestres e motoristas que ‘estão na área’. Mas há quem exagere e aí, as consequências podem ser sérias. Primeiro, por causa das multas; segundo, porque tiram o sossego das ruas e assustam os motoristas dos carros com suas acelerações repentinas; e terceiro, porque tamanha elevação do ruído traz riscos à saúde auditiva.

Ainda em 2020, com a chegada da pandemia de covid-19, o número de motoboys circulando pelas ruas cresceu enormemente devido ao aumento nas entregas de refeições e mercadorias. Isso acabou gerando um efeito colateral: cresceu o risco de perda auditiva entre esses pilotos em decorrência do barulho contínuo da moto em períodos ainda maiores do dia.

Pesquisa do National Institute on Deafness and Other Communication Disorders (Instituto Nacional de Surdez e Outras Doenças de Comunicação), nos Estados Unidos, comprovou que o ruído de motocicletas pode comprometer a saúde auditiva dos pilotos. Especialistas são unânimes em afirmar que, dependendo do tempo de exposição, ruídos acima de 85 dB podem causar alterações na estrutura interna da orelha. Como efeito de comparação, uma conversação normal atinge 60 dB.

O problema se agrava porque é comum motociclistas alterarem o sistema de escapamento, utilizando ponteiras esportivas ou personalizadas, que elevam ainda mais o nível de ruído emitido pelas motos. Muitos adeptos alegam que o uso do escapamento nas motos ajuda os motoqueiros porque chama a atenção dos motoristas de carro e pedestres desatentos.

Outra fonte de ruído perigosa para a audição é a buzina, que não deve ser usada de maneira intermitente, como hoje fazem os motoboys para abrir caminho no trânsito. E para piorar a situação, muitos ainda usam fones de ouvido para ouvir música em volume alto enquanto pilotam. Tudo isso junto pode causar danos ainda mais graves à audição.

Perda gradual

A fonoaudióloga Rafaella Cardoso, da Telex Soluções Auditivas, chama atenção para os riscos. “A exposição frequente a níveis sonoros elevados pode causar danos à audição. A perda é gradual e progressiva. Não é perceptível em um primeiro momento. Vai-se perdendo a audição de acordo com a maior intensidade de ruído e com tempo de exposição, ao longo dos anos. Isso depende também de outros fatores, como predisposição genética”, esclarece.

Estudo realizado pela Doutora em Engenharia de Produção Juliana de Conto, na Universidade Federal de Santa Catarina, também comprovou o problema. A pesquisa, que avaliou a exposição ao ruído de 17 mototaxistas de Balneário Camboriú (SC), mostrou que eles estão expostos a um nível de pressão sonora superior a 82,1 dB, com dose de ruído acima do permitido para o tempo de trabalho – doze horas diárias. Dos mototaxistas estudados, oito apresentaram limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade e nove apresentaram alteração dos limiares tonais.

É importante lembrar que motocicleta barulhenta gera multa de trânsito, além de retenção do veículo. Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), todos os veículos devem ter suas características originais. E embora ainda exista pouca fiscalização, em muitas cidades brasileiras policiais e agentes municipais estão nas ruas autuando motociclistas por causa do escapamento irregular.

Por tudo isso, é importante que os motociclistas tomem consciência desses riscos e se cuidem, começando por zelar pela boa manutenção da moto. A máquina bem cuidada faz menos barulho. É preciso observar vibrações, regulagem, descarga, amortecedores, suspensão. Afinal, se a motocicleta é, muitas vezes, instrumento de trabalho, a saúde auditiva também é fundamental para garantir o emprego por muitos e muitos anos.

Mais informações
Assessoria de imprensa da Telex Soluções Auditivas
Ex-Libris Comunicação Integrada
Andreia Constâncio (24) 99857-1818 – andreia@libris.com.br
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