Mario Penhaveres Baptista participou ativamente do mercado de reposição automotiva e da atividade sindical, atuando como primeiro vice-presidente do Sincopeças nos anos 80 e foi o primeiro presidente do SICAP – Sindicato do Comércio Atacadista, Importador, Exportador e Distribuidor de Peças Rolamentos, Acessórios e Componentes para Indústria e para Veículos no Estado de São Paulo, no ano 2000. Figura bem conhecida no mercado de reposição, Baptista representou o SICAP durante muitos anos perante a Fecomercio-SP, com apoio do presidente do Sincopeças, Luciano Figliolia, e do presidente da ANDAP – Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças, Pedro Molina.
Mario Penhaveres Baptista começou sua trajetória num distribuidor de peças e motores diesel Alfa Romeo. Estes motores, os mesmos dos caminhões FNM, também eram usados como geradores. “Faltava energia em São Paulo na década de 50. Todas as grandes indústrias da época compravam geradores da gente”, lembra. Nesse emprego, Mario conheceu Evaristo Comolatti. “Foi em 1955. Ele era nosso cliente, possuía uma frota de caminhões FNM”, recorda.
À medida que os anos passavam, a amizade dos dois se fortalecia. Até que resolveram juntar experiências. “Em 1957, tivemos a ideia de montar uma empresa especializada em FNM. Naquela época, as empresas do mercado – como Sama, Autoamericano, Pellegrino e Hermes Macedo – eram importadoras de peças, todos os carros eram importados. Com o advento da indústria automobilística, surgiu o primeiro caminhão FNM. Sugeri ao senhor Evaristo que trabalhássemos somente com FNM”, conta.
A primeira dificuldade foi a falta de indústrias de autopeças nacionais. E os clientes queriam só peças originais. “A FNM trouxe então componentes Alfa Romeo a preços muito baixos. Nós começamos a revender. Até porque os concessionários da época queriam só vender o chassi. Só tinha FNM, não havia Mercedes nem Scania. Era fila para o caminhão. E nós ficamos especializados em autopeças”, diz.
A consolidação da nova empresa aconteceu em 1960, no governo Jânio Quadros, com a nomeação FNM, feita diretamente pela Fábrica Nacional de Motores. “Essa nomeação nos impulsionou de vez. Fizemos um acordo com os concessionários no qual eles ficavam com a venda de veículos e nós ficaríamos com a venda de peças para reposição. Isso foi cumprido e fomos abrindo filiais para dar cobertura nacional: Curitiba, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Cada filial era montada com a aquisição de um ex-concessionário FNM”, conta.
O fortalecimento da empresa abriu espaço para novos planos. “Estávamos tão fortes e bem preparados que decidimos entrar em outras linhas. Adquirimos a Sama, em 1965. Porque nossa dificuldade na época era a distribuição de Bosch e FAG. O mercado era fechado, Bosch era Sama e Borghoff. Adquirimos então a Sama, que também vendia peças Mercedes-Benz”.
Estava dado mais um passo para o crescimento. “Por muitos anos nos tornamos especialistas em FNM e Mercedes-Benz. Com o tempo fomos abrindo, trabalhando com outros tipos de veículos, fazendo a distribuição em função de linhas como Bosch, Metal Leve, Cofap. Em 1980, com o grupo já bastante consistente, resolvemos entrar em pneumáticos. Tentamos comprar a Casa Plínio de São Paulo. Porém, as informações vazaram e perdemos o negócio. Acabamos comprando no mesmo ano nossa participação na Roles. Logo em seguida, a Firestone nos indicou a Pneus Abouchar. Compramos e crescemos em pneus também. Depois de dois anos compramos a Pneu Top, indicada pela Pirelli”.
Essa longa trajetória revela o sucesso de um profissional cuja história pessoal se mistura com a própria história da empresa que ajudou a transformar num gigante e na qual exerceu no final de sua carreira participação no Conselho Consultivo.