O mercado de serviços automotivos para veículos elétricos tem o potencial de movimentar R$ 5 bilhões anuais até 2030, estimulado pela demanda por reparos especializados, peças eletrônicas e atualizações de sistemas embarcados. Foi o que apontou estudo do Porto Digital, um dos principais distritos de inovação da América Latina. O levantamento identificou, no entanto, o desafio da formação de mão de obra técnica especializada para esta manutenção. Diferentemente dos carros a combustão, veículos elétricos exigem menos peças móveis e trocas de óleo, mas muito mais conhecimento em eletrônica de potência, software e sistemas digitais.
Elementos como o BMS, battery management system ou sistema de gerenciamento de bateria, as ECUs, electronic control units ou unidades de controle eletrônicos, e os sensores de condução autônoma exigem técnicos aptos a diagnosticar falhas digitais, a atualizar firmwares e a substituir módulos com segurança.
O estudo do Porto Digital estima que, após o fim do período de garantia, que varia de três a cinco anos, grande parte da frota estará exposta à necessidade de manutenção fora das concessionárias. O que abrirá espaço para oficinas especializadas, que poderão capturar parte de um mercado estimado em bilhões de reais.
Em agosto o Brasil registrou 25 mil 297 emplacamentos de veículos eletrificados, sendo 7 mil 603 puramente elétricos, com crescimento de 48,8% com relação a agosto de 2024. No acumulado de janeiro a agosto foram 164 mil 457 unidades, alta de 50,5% sobre o mesmo período no ano anterior, representando 10,5% do total de automóveis e comerciais leves emplacados.
O levantamento traz ainda estimativas que apontam para frota de cerca de 500 mil veículos eletrificados em circulação, equivalente a 1,1% da frota nacional, considerando automóveis e comerciais leves.
Parcerias com escolas técnicas são caminho
Para suprir esta demanda será necessário investir pesado em formação técnica, aponta o estudo. Em Pernambuco o IFPE, Instituto Federal de Pernambuco, e o Senai já oferecem cursos em eletroeletrônica, com cargas horárias de 1,2 mil a 1,5 mil horas, e a Escola de Eletricistas da Neoenergia se destaca por iniciativas inclusivas.
“Mesmo assim estima-se que apenas 20% dos formandos estão hoje plenamente aptos para atuar no mercado de veículos elétricos – sem treinamentos complementares”, diz o levantamento do Porto Digital. Ele recomenda que as empresas requalifiquem técnicos, assinem parcerias com instituições de ensino, adquiram equipamentos de diagnóstico avançado e busquem certificações.
O setor público, por sua vez, deve priorizar financiamento de laboratórios, regulação de normas técnicas para alta tensão e fomento a empregos verdes. Para os consumidores será fundamental investir em conscientização sobre os riscos de reparos improvisados.
Fonte: AutoData