Por Soraia Abreu Pedrozo
O cenário de juros em 15% ao ano e a escassez de crédito mexeu com as perspectivas das locadoras de veículos. Se em março, quando a Selic ainda estava em 14,25% ao ano, a expectativa da Abla, Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis, era de manutenção no volume adquirido em 2024, 650 mil unidades, agora a perspectiva é de encerrar 2025 com volume 7% a 8% inferior.
“O custo do capital dificulta o crescimento do negócio”, afirmou o presidente Marco Aurélio Nazaré. “Teremos uma menor expansão mas, por outro lado, a frota terá alto índice de renovação.”
Na estimativa do vice-presidente, Paulo Miguel Júnior, até o fim do ano serão adquiridos 600 mil unidades: “A perspectiva da indústria também caiu. Vemos que a produção não alcançará o patamar esperado no início do ano”.
Nazaré lembrou que no primeiro semestre a preocupação da entidade se concentrava no índice ascendente da inflação. Agora, no segundo semestre, diante de cenário de redução na alta nos preços – apesar de a economia também diminuir seu ritmo de expansão – o setor começa a ver certo recuo no custo do capital:
“Espero que o governo faça a lição de casa com a contenção dos custos e das despesas e que segure um pouco a ânsia por aumento dos tributos, o que penaliza a economia e transfere renda, centralizando a maior parcela no governo e reduzindo o poder de compra do consumidor e dos empresários”.
Quanto ao faturamento bruto do setor de locação de veículos é esperado incremento de 12%, para R$ 60 bilhões.
“Sabemos que o custo da locação é diretamente proporcional ao valor do carro, continuamente em alta, apesar do IPI Verde, que não surtiu nenhum efeito na indústria”, analisou Miguel Júnior. “O mercado automotivo ainda está muito apertado, com condições de financiamento mais justas, bancos restringindo linha de crédito, inadimplência de pessoas físicas subindo. Todos esses fatores fazem com que tenhamos cuidado maior.”
Sobre a projeção de investimentos realizados pelo setor até dezembro este valor deverá alcançar R$ 70 bilhões – em 2024 foram investidos R$ 68,7 bilhões para a compra dos automóveis e comerciais leves novos.
O presidente da Abla constatou que os aportes não deverão crescer na mesma proporção das receitas, considerando que as compras de carros serão menores este ano. Mas ressaltou que a frota será mantida em idade média baixa, atendendo à demanda do mercado.
Para 2026, juros menores, mas sem projeções
Nazaré ressaltou que o custo do capital alto dificulta, mas que as locadoras têm capacidade de se adaptarem rapidamente: “O que mais nos incentiva é o fato de que chegamos no pico da taxa de juros e entendemos que existe espaço para redução gradual de 2026 em diante, chegando a 12,5% a 12,75% ao ano em razão do comportamento da inflação, o que facilita para que o Banco Central nos ajude reduzindo o custo deste capital que elevou o endividamento das locadoras”.
Miguel Júnior observou que espera que a redução de juros alivie o bolso e que o setor consiga trabalhar preços ou condições de pagamento mais próximas do que o mercado deseja: “De qualquer forma eu gosto de ressaltar que o que está caro é o carro, e não a locação”.
Sobre o número de compras projetado para 2026 o vice-presidente da Abla disse não ser possível fazer projeção dadas as tantas variáveis neste fim de ano: “Esta é uma incógnita ainda, apesar da perspectiva de redução de juros. O mercado em geral está na expectativa do que ocorrerá com tributação, redução de gastos e equilíbrio fiscal”.
No entanto Nazaré avaliou que o espaço para o crescimento do negócio do aluguel de carros é muito grande: “Basta observar que o segmento cresce de duas a cinco vezes mais que o PIB. Exatamente porque é crescente o entendimento de que é melhor o uso do que a propriedade dos veículos. É mais econômico, mais ágil, mais dinâmico e mais barato.”

Fórum do setor tem números crescentes
As perspectivas em torno da Expo Abla 2025, realizada no São Paulo Expo em 29 e 30 de outubro, refletem a expansão do setor vista nos últimos anos. Dados apresentados pela diretora executiva da Abla, Francine Evelyn, projetam público de 2,2 mil pessoas, 11% acima do ano passado.
Quanto à quantidade de locadoras presentes a expectativa é de alta de 186%, com 714 participantes. A área de exposição está 14% maior, com 1,6 mil m² e quinze veículos disponíveis para test drive, enquanto no ano passado foram onze. Sobre os expositores houve acréscimo de sete, totalizando 59.
O evento contará ainda com catorze horas de palestras distribuídas em dezenove painéis apresentados por cinquenta profissionais: “A Expo acompanha o crescimento do setor. Será um momento para se atualizar e negociar produtos para as locadoras”.
Fonte: AutoData
 
								





















