Por Mário Curcio
O Autódromo José Carlos Pace recebeu entre os dias 28 de maio e 1º de junho o Festival Interlagos Motos. O evento reuniu as grandes montadoras e empresas que já trazem ou pretendem trazer seus produtos em um momento favorável para o mercado, que pode superar, pela primeira vez, os 2 milhões de motocicletas emplacadas no País, segundo projeções de mercado e das montadoras.
O Festival Interlagos Motos ocorre desde 2019. O modelo de evento é superior ao dos antigos Salões Duas Rodas porque possibilita test rides no próprio autódromo e tem também bandas e DJs entre as atrações.
A mudança é bem-vinda porque o público atual já não se contenta mais em ver e fotografar motos ou caminhar por longos corredores atrás de chaveiros e bonés, como fazia há dez ou 15 anos. Entre os dias 11 e 15 de junho de 2025, o festival será dedicado aos carros.
Presença das montadoras
Somente a Honda (que detém 68% do mercado de motocicletas) ocupou cinco espaços diferentes no festival além do estande com as motocicletas. Havia serviços financeiros, roupas, acessórios, atividades de entretenimento e educação de trânsito. A empresa apresentou oito lançamentos, com destaque para a CB 500 Hornet.

Também chamou a atenção a presença da Yadea, uma gigante chinesa do segmento de veículos elétricos de duas rodas. Ela exibiu um protótipo de scooter que se equilibra e anda sozinho (ainda sem data definida para venda) e diferentes modelos de duas e três rodas.
“Vamos investir R$ 6 milhões no Brasil até o fim de 2025. Em cinco anos serão R$ 50 milhões”, informa o diretor da companhia para o Brasil, He Qubo. “Pretendemos abrir 300 concessionárias em três anos e vender 100 mil unidades nesse período. Todas as lojas darão assistência técnica”, afirma.
Dois modelos já têm montagem em Manaus, AM, a Keeness, com desempenho comparável ao de uma moto a combustão de 125 cc (R$ 28.900), e a scooter Owin, que dispensa emplacamento por causa da velocidade máxima de 32 km/h (R$ 13.900). “Em 2026 serão seis modelos montados na Zona Franca”, garante Qubo.
Ainda no segmento de elétricas, a Aima também mostrou motos e scooters. A empresa já tem uma rede com 40 pontos de venda, concentrada nas regiões Sudeste e Nordeste. A Aima também vende um triciclo elétrico de carga com capacidade para 300 quilos. Segundo a empresa, ele tem boa aceitação por produtores rurais.
Também apresentaram seus modelos e novidades as marcas Bajaj, BMW, CFMoto, Ducati, Harley-Davidson, Kawasaki, Moto Morini, Royal Enfield, Shineray, Suzuki, Triumph, Dafra e Yamaha.
Os destaques se concentraram no segmento de alta cilindrada, como a Kawasaki Versys 1100, as Suzukis VStrom 800 e GSX S 1000 ZX, a Ducati Multistrada VS e a BMW S 1000 RR. O Festival Interlagos marcou ainda o retorno de Vespa e Piaggio ao Brasil. São 16 modelos à venda na capital paulista, com preço inicial de R$ 29.990.
As áreas de expositores incluíram também fabricantes e revendedores de capacetes, pneus e acessórios. A Pirelli lançou duas novas linhas de pneus, uma dedicada a motos custom (Diablo Powercruiser, fabricada no Brasil e Alemanha) e outra para motocross (Scorpion MX 32, trazida da Indonésia). Vale recordar que a empresa fornece diferentes tipos de pneu para todas as fabricantes instaladas em Manaus.
Produção nacional de motos ficará abaixo do recorde
Embora as projeções de vendas até o fim de 2025 estejam acima dos 2 milhões, a produção interna de motocicletas ficará distante de seu melhor momento, registrado em 2008, quando as fábricas instaladas no Amazonas montaram 2.140.907 unidades.
Para este ano, a Abraciclo, entidade que reúne as empresas do setor, prevê 1,88 milhão de unidades. Um dos motivos é o crescimento da presença de empresas que trazem motos da Ásia, como a Shineray, que já detém 5,7% de participação no acumulado de 2025 e ocupa a terceira colocação em vendas no Brasil desde 2021.
Outro fator que impacta a produção nacional é o baixo volume de exportações. O Brasil já enviou ao exterior mais de 150 mil motos em um ano, mas, no ano passado, foram apenas 30.986. E a projeção para este ano é de 35 mil. O motivo é a perda de competitividade das motos nacionais para as asiáticas.
Fonte: AutoIndústria – Fotos: Divulgação