Por Soraia Abreu Pedrozo
A Fenauto apresentou, no Fórum AutoData Perspectivas Automóveis 2025, duas estimativas para o mercado de usados: uma, considerada pelo presidente Enílson Sales como agressiva, de 17,6 milhões de unidades, alta de 11% sobre os 15,7 milhões de veículos vendidos no ano passado, volume recorde. A outra, considerada conservadora, projeta aumento de 2% e 16 milhões de veículos.
Para Sales a segunda, mais conservadora, é a bola da vez: “É preciso considerar que nos quatro primeiros meses do ano registramos incremento de 11% nas vendas, mas em abril o crescimento foi de 8%. Claramente há uma desaceleração e o mercado terá de enfrentar os desafios propostos pela economia”.
Ele apontou que, diante da projeção de alta do PIB de 1,9%, é preciso lançar mão de uma projeção mais conservadora: “Temos a deterioração do cenário econômico, em que o IPCA aponta para 5,7% e a Selic, a fim de conter a alta da inflação, deverá encerrar o ano em 15,5%. Diante disto a inadimplência aumenta e o escore mais restrito segura ainda mais a oferta de crédito”.
Sales estimou que a taxa de aprovação, hoje girando em torno de 52% a 58%, foi reduzida em 4 pontos porcentuais na atual conjuntura. Na sua avaliação os juros tendem a impactar mais os veículos 0 KM e os seminovos, com até três anos de uso: no caso dos usados, acima de quatro anos, o consumidor costuma pensar mais se o valor da prestação cabe no bolso.
O presidente da Fenauto citou como principal desafio a falta de expansão da renda do brasileiro, hoje em R$ 3 mil 77 e que deverá chegar a R$ 3 mil 113.
“Quem tem este rendimento não consegue comprar um carro 0 KM nem trocar seu veículo. É preciso ampliar os investimentos para oferecer empregos com melhor oportunidades de salário”, afirmou. “E a melhora do mercado de novos é positiva para o de usados. Mas, se o novo não está vendendo, não é bom para os usados.”
Fonte: AutoData