“Qualquer associação de classe será tão forte quanto os seus membros queiram fazê-la.”

Estudo da Thymos expõe gargalos da mobilidade elétrica no Brasil

Levantamento mapeia as principais barreiras à difusão da mobilidade elétrica no Brasil e as condições de contorno para superá-las

05/09/2025

Por Lucas Torres

O Brasil precisa transpor barreiras técnicas, econômicas e regulatórias para acelerar a transição da mobilidade elétrica no Brasil. Apesar da importância do país como fabricante e mercado consumidor, menos de 7% dos veículos licenciados em 2024 foram elétricos. O estudo Mobilidade Elétrica: experiência internacional e condições de contorno para sua difusão no Brasil, desenvolvido pela Thymos Energia, uma das maiores consultorias especializadas no setor elétrico do país, mostra que o avanço da eletromobilidade impõe novas exigências e adaptação ao sistema para comportar uma crescente demanda por energia.

O levantamento, que mapeia as principais barreiras à difusão da mobilidade elétrica no Brasil e as condições de contorno para superá-las, apresenta um roadmap de soluções e explora tecnologias competidoras aos veículos elétricos, sinalizando a necessidade de abordagens integradas, baseado na experiência internacional de países da América, da Europa e da Ásia, como Brasil, China, Alemanha, Estados Unidos e Chile.

Para Luiz Vianna, COO da Thymos Energia, é essencial que haja uma modernização da infraestrutura elétrica para dar suporte à eletrificação da frota de veículos no país. Um processo que exige digitalização das redes, descentralização da geração e adoção de tecnologias. “É preciso investir em carregamento inteligente e intercâmbio de energia entre veículos e a rede, por exemplo. Portanto, a evolução da eletromobilidade exige planejamento, integração e investimentos coordenados de múltiplos atores — poder público, indústria automotiva, empresas de energia e consumidores. Ou seja, uma transformação intensa do setor elétrico nacional”, afirma.

O estudo da Thymos observou que o modelo tarifário brasileiro carece de revisão. A análise mostra que as metodologias tradicionais de remuneração das distribuidoras já não atendem às novas demandas impostas pela eletromobilidade. “É necessário buscar soluções regulatórias que considerem receitas por serviços de plataforma, mecanismos de ajustes de desempenho das distribuidoras e maior flexibilidade tarifária”, diz Luiz Vianna. A definição de tarifas específicas, que levem em conta o horário de recarga e a autonomia dos veículos, é crucial para garantir o uso eficiente da rede e estimular a adesão dos consumidores.

Eletromobilidade no Brasil – Menos de 7% dos veículos vendidos em 2024 no país foram elétricos. Apesar da baixa representatividade no setor automotivo nacional, a expansão da frota desse segmento foi de 85% em comparação a 2023. Esse quadro evidencia que o Brasil está no estágio inicial da transição, mas com forte potencial de crescimento.

Um exemplo é mercado de eletrificação de frotas coletivas, estratégia essencial para cidades sustentáveis. Atualmente, há cerca de 1.000 ônibus elétricos rodando em 18 municípios brasileiros, o que representa menos de 1% de ônibus coletivo. Em resposta a esse cenário, o Governo Federal lançou em 2024 um plano nacional de incentivo à eletromobilidade no transporte coletivo, em parceria com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). E cidades como São Paulo, Curitiba e Brasília adotaram iniciativas pontuais ao introduzirem ônibus elétricos em corredores estratégicos. A capital paulista, inclusive, estuda a criação de Zonas de Baixa Emissão (ZBE), onde apenas veículos limpos poderão circular nos centros urbanos.

Sustentabilidade – O estudo da Thymos também chama atenção para os impactos ambientais associados à eletromobilidade — especialmente o descarte de baterias. Uma alternativa para se evitar novos passivos ambientais com o avanço de veículos elétricos é a criação de uma cadeia nacional de reciclagem de baterias de íon de lítio, incluindo centros de processamento, de modo a minimizar a dependência da exportação de resíduos e fomentar a economia circular, com geração de empregos e estímulo à inovação tecnológica.

“A eletromobilidade não é apenas uma tendência de mercado. É parte central de uma transição energética que exige planejamento integrado, regulação moderna e visão ambiental. O setor elétrico está no centro dessa transformação e precisa ser ágil na implantação das mudanças necessárias”, analisa Victor Ribeiro, consultor estratégico e integrante da equipe responsável pelo estudo na Thymos Energia.

Cenário global – A eletrificação do transporte avança de forma consistente. Além dos carros, ônibus, vans e motocicletas elétricas ganham escala em centros urbanos no mundo. Em 2023 e 2024, as vendas globais de veículos elétricos atingiram respectivamente 14 e 17 milhões de unidades. A China representava cerca de 60% das vendas mundiais e 76% do mercado global de VEs em outubro de 2024. O estudo da Thymos Energia mostra ainda que o país também lidera em infraestrutura de recarga, produção de baterias e eletrificação de frotas pesadas (caminhões e ônibus).

Na Europa, a Alemanha se destaca por adotar uma política nacional robusta e coordenada para eletrificação do transporte coletivo por meio de subsídios e isenção de impostos sobre veículos e uma infraestrutura pública com alta densidade e interoperabilidade. O mapeamento da consultoria, com base em projeções da Agência Nacional de Energia (IEA) – do inglês International Energy Agency – aponta que os ônibus elétricos devem representar 30% da frota vendida globalmente até 2035 considerando as políticas atuais. O Chile tem, hoje, a maior frota da de ônibus elétricos da América Latina, com cerca de 2.600 ônibus elétricos, seguido da Colômbia com 1.700.

Fonte: Mais Automotive

Informes

Abrir bate-papo
SincoPeças - SP
Olá 👋
Podemos ajudá-lo?