Relatório da iniciativa True, The Real Urban Emissions Initiative, realizado em parceria com a Cetesb, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, e a CET, Companhia de Engenharia de Tráfego, aponta que São Paulo e outras cidades brasileiras deveriam retirar gradualmente de circulação seus veículos mais antigos simultaneamente à adoção de políticas públicas para enfrentar os altos níveis de poluição do ar.
Conforme o material, apresentado na sexta-feira, 14, em evento paralelo na COP 30, em Belém, PA, as emissões dos 7 milhões de veículos que circulam pela Região Metropolitana de São Paulo são o principal fator poluente do local e contribuem diariamente para a crise de saúde pública. O estudo incluiu 323 mil medições de emissões veiculares coletadas em nove pontos da região de maio a julho de 2024.
Os automóveis mais antigos, com mais de dezoito anos de uso, foram identificados como os principais emissores de poluentes, embora representem menos de 7% da amostra de veículos de passeio. As emissões reais de carros a gasolina da fase L3 do Proconve foram dezenove vezes superiores aos limites de HC, hidrocarbonetos, quatro vezes maiores que os de CO, monóxido de carbono, e o dobro dos limites de NOx, óxidos de nitrogênio, estabelecidos pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores.
Caminhões a diesel fabricados antes da fase P3 do Proconve representaram cerca de 10% da amostra e apresentaram emissões reais de NOx e material particulado que foram, respectivamente, de cinco e doze vezes superiores às dos caminhões mais novos. Ainda assim mesmo os modelos mais recentes apresentaram emissões reais acima dos limites estabelecidos pelo programa.
Veículos que circulam em cidades prestando serviço poluem mais
Táxis e veículos de transporte por aplicativo, que representaram quase 30% da amostra de automóveis, emitiram o dobro de HC, CO e NOx em comparação aos carros particulares. Veículos de carga urbana, em grande parte responsáveis pelas entregas de última milha, apresentaram emissões reais de NOx e MP quase 30% superiores às dos caminhões convencionais de transporte de longa distância.
Os grupos de veículos com piores níveis de emissão, leia-se automóveis particulares com os motores Fiat 1.0L e Chevrolet 1.8L, certificados segundo a fase L6 Proconve, apresentaram, em média, emissões até 3,4 vezes superiores para HC, 1,5 vez para CO e 2,5 vezes para NOx em relação aos limites estabelecidos pelo Proconve.
Já táxis e veículos de transporte por aplicativo equipados com esses mesmos motores exibiram emissões reais significativamente mais altas: mais de doze vezes os limites de HC, duas vezes os de CO e quase quatro vezes os de NOx.
Mudança requer estímulo público
As recomendações de políticas incluem retirar gradualmente de circulação os veículos mais antigos e mais poluentes, que representam parcela pequena da frota mas cuja substituição traria benefícios significativos. Além de promover a eletrificação por meio de iniciativas de sucateamento e incentivos fiscais que ofereçam estímulos financeiros.
Eletrificar grupos de veículos muito usados, como táxis, carros de aplicativo e caminhões de carga urbana, cujas emissões são elevadas, poderia gerar impacto expressivo na redução das emissões totais da frota. Assim como atualizar o Proconve com base no desempenho real de emissões dos veículos.
Mais: estabelecer inspeções nacionais de manutenção veicular a fim de reduzir as emissões de unidades não registradas na Região Metropolitana de São Paulo, mas que representaram cerca de 35% da amostra avaliada.
Veículos leves e pesados novos devem atender aos limites de emissão estabelecidos, respectivamente, nas fases L8, a partir de 2025, e P8, desde 2023, do Proconve, que precisará continuar evoluindo para reduzir ainda mais as emissões da frota.
Fonte: AutoData





























