A chegada dos carros elétricos chineses provocou uma reviravolta nos preços dos modelos mais baratos, melhor seria dizer: menos caros.
Bastou a BYD divulgar o preço do Dolphin e os concorrentes correram para reposicionar os seus carros no mercado. O SUV compacto da marca chinesa chegou por R$ 149,8 mil e derrubou os preços do ICar, do Kwid, dos JAC e do 2008 GT.
Agora, o lançamento do ORA, da outra gigante chinesa GWM, nesta quinta-feira (24/8/23), colocou mais fermento no bolo do mercado. O hatch premium elétrico puro chegou custando a partir de R$ 150 mil e deve estimular ainda mais a concorrência.
Esse comportamento aponta algumas questões importantes no setor. Revela a enorme margem de lucro, em alguns casos, que montadoras e importadoras aplicam nos produtos. Numa canetada, o minicarro da Caoa Chery ficou R$ 25.110,00 mais barato, caindo de R$ 145.100,00 para R$ 119.990,00.
Toda a linha JAC “ajustou” o preço para baixo. As três versões do EJS1 ficaram R$ 4 mil mais baratas; o preço do EJS4 caiu R$ 13 mil, o do JAC EJ7 R$ 18 mil e o topo de linha, o iEV330P, caiu de R$ 369,9 mil para R$ 334,9 mil, uma redução de R$ 35 mil.
A Renault tirou R$ 10 mil do Kwid, que passou a custar R$ 139.990,00 e a maior comprovação da gigantesca margem de lucro veio da Peugeot, que tirou nada menos do que R$ 40 mil do modelo 2008 GT: o carro custava R$ 259.990,00 e agora custa R$ 219.990,00.
Se, por um lado, o fenômeno mostra que a concorrência faz bem pro mercado – “que a liberdade de preço é o fermento necessário para a livre iniciativa e que no fim das contas favorece o consumidor, que vai pagar mais barato” – por outro é um banho de água fria para quem acreditou que estava pagando o preço justo pelo seu carro, e ficou com o mico na mão.
Imagine a depreciação que os carros comprados antes da redução de preço estão tendo no mercado de usados! O Estudo de Mercado feito pela Agência Autoinforme para a certificação Selo Maior Valor de Revenda mostra que qualquer redução de preço no carro zero, mesmo que seja pontual, vigorando por apenas algumas semanas, tem um impacto negativo no preço do usado, provocando uma depreciação disparatada e prejudicando o consumidor.
Todo o trabalho desenvolvido pelas montadoras em relação a pós venda, atendimento ao cliente, planos de revisão, garantia de fábrica, vai por água abaixo.
Fonte: AutoInforme